Política
TRÁFICO MANTÉM ‘TRIBUNAL’ PARA JULGAR E PUNIR DESAFETOS
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Em outra frente, os tribunais do tráfico também continuam "investigando, julgando e condenando" os desafetos. Onde quer que estejam. Foi o que aconteceu no Jacintinho, na última quinta-feira (21), quando Carlos Cícero dos Santos, 37 anos, foi morto na casa onde residia ao lado de outro jovem, Thiago Dalisson dos Santos Mendes, 21 anos. Uma terceira vítima, um adolescente também baleado morreu no dia seguinte no HGE. De acordo com informações apuradas pelo delegado do caso, Ronilson Medeiros, Carlos Cícero teria sido vítima de um atentado em Paripueira. Ele ficou internado e, ao receber alta veio, morar em Maceió. “Familiares confirmaram que a motivação pode ter como pano de fundo o tráfico de drogas”, disse Medeiros. Por causa desse contexto, suspeita-se de que tenha sido vítima de mais uma acerto de contas do tribunal paralelo do tráfico. Um detalhe interessante é que o autor ou autores dos disparos conseguiram informações detalhadas de onde a vítima residia e o melhor horário para dar início a execução. O crime teria ocorrido na presença de outras pessoas que, agora, o delegado espera que procurem a delegacia para prestar informações. O apelo feito em rede de televisão só confirma a dificuldade que a polícia terá para seguir com a investigação já que em casos assim impera outra máxima do jornalismo policial: a lei do silêncio. Mais uma vez a falta de estrutura, incluindo-se ausência de um trabalho de inteligência, fará com que o inquérito, quando concluído, deixe de levar em conta uma série de fatores, como as conexões que acabaram dando origem as mortes. Vale lembrar que áreas como o Jacintinho contam com o programa Ronda no Bairro, que atende a demandas de crimes de menor potencial. Dispõe ainda de um trabalho ostensivo com a presença de viaturas dia e noite, porém, combatendo o efeito e não origem dos problemas. Todo o trabalho feito tem sua relevância, mas como o maior enfrentamento é contra o tráfico, a apreensão diária de armas, pequenas quantidades de drogas de forma pulverizada, sem o aprofundamento das investigações, não fazem o combate ao comando do tráfico prosperar. A principal dúvida, por exemplo, é saber se hoje o tráfico é regionalizado por meio de lideranças que só atuam na região Nordeste ou se depende de ligação direta com as cidades de origem das facções. Outra dúvida é se há interatividade com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, que também apreendem e capturam envolvidos com o tráfico, em especial no envio de remessas oriundas de outros estados. Uma outra questão é sobre a falta de parceria com a Receita Federal para acompanhar o crescimento patrimonial e movimentação financeira de suspeitos.
São perguntas que há muito não têm resposta, nem a prisão de personagens que ajudem a sociedade a entender e, principalmente, a Justiça alagoana a condenar a rede que dá vida ao tráfico em todo o País. MR
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