
SERVIDORES DO INSS RETORNAM AOS TRABALHOS APÓS 60 DIAS EM GREVE
Movimento grevista foi cessado após categoria entrar em acordo com o INSS e o Ministério do Trabalho
Por Mariane Rodrigues | Edição do dia 25/05/2022 - Matéria atualizada em 25/05/2022 às 04h00
Os técnicos e analistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retornaram nesta terça-feira (24) aos trabalhos após realizarem uma greve que durou dois meses. O movimento grevista, de âmbito nacional, foi cessado após a categoria entrar em um acordo com o INSS e o Ministério do Trabalho e Previdência Social. Segundo o vice-presidente do Sindicado dos Trabalhadores da Saúde,Previdência, Seguro Social e Assistência Social, Ronaldo Alcântara, os órgãos fizeram promessas que ainda não abarcam às necessidades da categoria, mas que foram suficientes para por fim a greve que suspendeu atendimentos nas agências da previdência em Alagoas, deixando de realizar procedimentos como perícias médicas. De acordo com Alcântara, a categoria intensificou as intenções de movimento de greve em janeiro, quando, naquele mês de 2022, enviaram para o INSS e o Governo Federal a pauta com as reivindicações da categoria. Dentre as pautas estavam o pedido de realização de concurso público, cujo requisito para o candidato deve ser o ensino superior completo. Segundo ele, a categoria tem um déficit de 18 mil servidores em todo o Brasil. Além disso, a classe reclamava o fato de que o INSS anunciou que aumentaria em 30% a quantidade de processos para cada servidor. Pediam também a restruturação física e de equipamentos das agências, a exemplo de novos computadores e até o ajuste na velocidade da internet. De acordo com Alcântara, a deficiência estrutural é uma das principais responsáveis pelos atrasos em atendimentos.
“O caos na Previdência fez com que o servidor não aguentasse essa falta de atenção do poder público”, pontua. Também reivindicaram que a profissão desses servidores fossem equiparadas às carreiras típicas de estado, para que os cargos sejam ocupados por pessoas concursadas. A classe também reivindicou a diminuição da pontuação para o cumprimento de metas ou que sejam pontuadas tarefas que, atualmente, não recebem pontuação. “Aguardamos até 9 de maio. Como não obtivemos retorno, em 23 de março anunciamos a greve. Participamos de 15 reuniões, foi quando radicalizamos a movimentação de rua”, conta Alcântara. A greve foi finalizada na segunda-feira (23) depois que categoria e INSS entraram em um acordo. “O acordo está distante do que queríamos”, expõe o vice-presidente do Sindprev. Segundo Alcântara, foi prometido à categoria uma criação de grupo de trabalho para reavaliar as pontuações exigidas para o cumprimento de metas, a reestruturação no sistema de informática, além do repasse de 2% da Gratificação de Desempenho de Atividade do Seguro Social, a ser destinada todos os meses, ao longo de dois anos, ao salário básico dos servidores. Quanto à valorização da categoria, o Ministério do Trabalho e Previdência Social se comprometeu a enviar um projeto de lei para o Congresso com objetivo de tornar essas atividades em carreiras tipicas de estado. No entanto, referente aos concursos públicos, não houve definição sobre a realização. “Essas pautas não esgotam as nossas demandas”, complementa o representante do sindicado. Atualmente, Alagoas possui 326 servidores em atividades em 42 agências. Em todo o país, segundo o Sindprev, há um déficit de 18 mil profissionais técnicos e analistas e de 2 mil médicos-peritos que se aposentaram nos últimos cinco anos. “Não houve a realização de Concurso Público para repor esses servidores. Há um sucateamento dos equipamentos de informática. Os computadores estão completamente obsoletos, ultrapassados. A velocidade de acesso à internet nas Agências é insuficiente, completamente inadequada para as novas demandas de processos digitalizados. É preciso se fazer reparos e manutenção urgente nos telhados, banheiros, parte elétrica e hidráulica de várias Agências. É preciso realizar a manutenção das unidades para que possam receber os nossos servidores e usuários, da melhor forma possível”, afirmou vice-presidente do Sindprev, Ronaldo Alcântara. Ele acrescenta: “O resultado de tudo isso? Servidores doentes, usuários insatisfeitos, processos de acumulando em uma fila virtual que ultrapassa dois milhões de processos e mais de 850 mil perícias médicas em espera, aguardando serem realizadas”, diz. Agora, Alcântara afirma que a categoria estará em estado permanente de mobilização. “Vamos acompanhar para que cumpram o que prometeram dentro do praz. Vamos buscar apoio e compromisso da bancada federal do estado para que, assim que a proposta chegue ao Congresso, eles votem imediatamente”, finaliza.