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Nº 5885
Política

APESAR DA ESTRUTURA PRECÁRIA, COLEÇÕES ESTÃO PRESERVADAS Museu deve retomar atividades públicas com exposições sobre geologia, insetos e aranhas ARNALDO FERREIRA REPÓRTER Este ano, o Museu de História Natural completou 32 anos e neste momento o prédio que o abriga precisa de “socorro” para preservação do imóvel, admite o diretor da Instituição ao destacar que “as coleções estão muito bem preservadas”. O museu hoje conta com 14 servidores e sete professores na equipe. Tudo começou com o professor

Museu deve retomar atividades públicas com exposições sobre geologia, insetos e aranhas

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 04/06/2022 - Matéria atualizada em 04/06/2022 às 04h00

Este ano, o Museu de História Natural completou 32 anos e neste momento o prédio que o abriga precisa de “socorro” para preservação do imóvel, admite o diretor da Instituição ao destacar que “as coleções estão muito bem preservadas”. O museu hoje conta com 14 servidores e sete professores na equipe. Tudo começou com o professor Jorge Luiz Lopes da Silva numa pequena sala, onde ficavam estocados os acervos arqueológicos. O projeto foi ampliado até ganhar um salão de exposição no antigo prédio que abriga ainda laboratórios de pesquisas aquáticas e marinhas no bairro do Farol. Depois foi transferido para o antigo prédio da Faculdade de Medicina, no bairro do Prado, em frente a Praça da Faculdade, na zona sul da capital. O museu passou dois anos fechado para o público, por causa da pandemia do coronavírus. Agora obedecerá à determinação do reitor Josealdo Tonholo, que está orientando a reabertura dos equipamentos culturais como Museu Téo Brandão, Pinacoteca, Museu da Ciência e Museu de História Natural. Todos terão atividades públicas a partir do mês de agosto. Os professores e a direção do Museu de História Natural não querem se limitar a repetir as mesmas exposições que mantiveram até antes do fechamento. A ideia é retomar as atividades para o público com duas novas exposições: uma sobre geologia com material novo da pesquisadora e professora Ufal, Roxane Andrade Lima, e outra exposição nova de Etimologia voltada para insetos e aranhas. As outras atividades continuarão em execução. Está mantida, por exemplo, a “Noite do mal-assombro” [uma espécie de noite das bruxas] que vai para a sua quarta edição e entrou no roteiro cultural da cidade de Maceió no mês de outubro. A professora doutora do Departamento de Geografia da Ufal e pesquisadora do Museu de História Natural, Ana Paula Lopes da Silva, é uma das organizadoras da exposição Geológica na reabertura do museu para o público. “Depois desses dois anos que ficamos parados, vamos reabrir para o público com uma exposição nova”. A ideia é atrair estudantes e pesquisadores, disse a professora.

RÚSSIA

A guerra entre Ucrânia e a Rússia não interrompeu o acordo de cooperação entre o Museu de História Natural da Ufal com o Museu Estadual de Darwin, em Moscou, por mais cinco anos, revelou o diretor do museu da Ufal, professor Jorge Luiz Lopes da Silva, ao confirmar que foi renovado o acordo de cooperação com a Rússia. “A guerra não atrapalhou esse processo porque os pesquisadores do Museu de História Natural de Moscou estão focados na ciência, na evolução das pesquisas, defendem a paz, buscam o equilíbrio e estão distantes dos conflitos bélicos”, disse o professor Jorge Luiz. O interesse maior pela renovação do acordo de cooperação cultural foi dos pesquisadores russos. “Este museu de Moscou é um dos maiores do mundo e pode auxiliar nas pesquisas paleontológicas que tentam compreender a evolução dos seres em nosso planeta”, acredita Jorge Luiz.

DESCOBERTA

No plano nacional, o Museu de História Natural de Alagoas tem novas parcerias: uma é o acordo de cooperação com pesquisadores da Bahia, que estão focados desde 2020 nas pesquisas na Chapada de Diamantina. Os pesquisadores da Ufal, semestralmente, ficam um mês na chapada onde mantêm um laboratório de paleontologia naquele local e estão montando um museu na cidade de Iraquara, na Chapada, em parceria com os pesquisadores daquele estado. No museu, os pesquisadores tem um trabalho social com estudantes das faixas de 10 anos e 20 anos de idade. Os jovens recebem orientações técnicas e ajudam nas pesquisas. “A gente trabalha com os fósseis da Chapada Diamantina na própria chapada”, disse o professor Jorge Luiz. Em Alagoas, o museu desenvolve, pela primeira vez, pesquisas da Paleobotânica [estudos das plantas de 200 milhões de anos, era dos dinossauros, e espécies do período Cretáceo que datam de 110 milhões de anos atrás. Essas pesquisas estão calçadas nas descobertas que ocorreram na linha costeira, na região norte entre Maceió até Maragogi. Além das plantas com mais de 200 milhões de anos, na região do semiárido. Tem trabalhos e vestígios das plantas continentais, como as araucárias, hoje encontradas no sul do Brasil, que foram observadas na região próximo ao Rio São Francisco, no município de Piranhas (distante 300 quilômetros de Maceió). Os vestígios indicam que a região já teve clima muito frio e outro ambiente completamente diferente do atual. O sertão de Alagoas já foi mar e teve clima muito frio”, disse o professor Jorge Luiz Lopes da Silva. Essas pesquisas já são de conhecimento de paleontólogos estrangeiros, apesar dos trabalhos ainda não terem sido publicados em revista especializada de ciência internacional.

As pesquisas pioneiras no Estado da Paleobotânica também começaram a atrair estudantes como a graduanda em Ciências Biológicas, Gabriela Maria Lucas Costa Loureiro. A linha de pesquisa dela são as espécies botânicas do período cretáceo. “As pesquisas estão na fase elementar, porque são novas”. Ela trabalha numa descoberta de um tronco de quatro metros, encontrado no litoral norte. O que se sabe até o momento que a descoberta data de 110 milhões de anos. “Agora, estamos tentando entender o processo de sedimentação, já que não é comum a preservação de plantas por tanto tempo”.

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