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Nº 5587
Política

CANDIDATURAS COLETIVAS SÃO DEMOCRÁTICAS MAS AINDA RESTRITAS

Para cientista político, modelo ainda encontra dificuldade de se firmar mas pode ganhar mais espaço

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 25/06/2022 - Matéria atualizada em 25/06/2022 às 04h00

As candidaturas coletivas, que, em geral, representam a opinião de segmentos sociais, devem estar presentes no pleito deste ano. Democráticas, já que têm como base a união em torno de uma pauta social relevante, ainda são uma realidade de poucas legendas. Em geral, apenas as de origem progressistas e esquerda aceitam inscrições com esse perfil. Em Alagoas, no último pleito, apenas o PT, PSOL e PCB usaram esse recursos, com nove candidatos ao todo. Ninguém foi eleito. Um detalhe importante é que, mesmo apresentando-se na campanha como um projeto de várias cabeças, apenas um dos nomes pode ir para a urna. O professor e cientista político da Ufal Ranulfo Paranhos vê com entusiasmo as formações de candidaturas coletivas. Mesmo reconhecendo a dificuldade de prosperarem, ele acha que aos poucos podem estar marcando espaço e obrigando, em alguns casos, o eleitor a refletir sobre essa forma de escolha do voto. “As candidaturas coletivas são propostas por partidos que ocupam o espectro do centro para a esquerda. Aqui estamos falando da regra de ouro da democracia: quanto mais compartilhado o poder, mais fracionado, distribuído nas mãos de pessoas, mais democrático. A ideia de candidaturas coletivas vai nessa pegada”, explicou Ranulfo. Ele também admite que quatro pessoas numa composição podem até conquistar, em algum momento, mais votos que apenas um candidato. Para o especialista, o fato da inscrição de apenas um nome é algo que pode prejudicar. “Continua valendo na hora de registrar a candidatura: ela é individual. Ainda que na urna apareça o nome do coletivo e do principal. O mesmo acontece na hora de montar o gabinete. Do ponto de vista institucional um indivíduo responde pelo mandando, mesmo que internamente divida o gabinete”, completou Paranhos. Seja por pressão, ou insistência, ou até mesmo o aumento de candidaturas, é possível que o Congresso Nacional seja obrigado a aprimorar as regras das candidaturas coletivas. Com refletiu Ranulfo, que enfatizou que ao defender a existência desse processo leva em conta “sempre a democracia”. Ou seja, quando mais discussão, representatividade melhor para ela.

ESTADUAL

Como a eleição de outubro é de âmbito estadual e o momento ainda é de articulação, não se tem confirmada alguma candidatura com esse perfil. Conforme explicou o presidente do Diretório Estadual do PT, Ricardo Barbosa, até o momento não há nada confirmado. “Mas, no momento, uma tentativa da companheira Élida Miranda buscando formar um grupo em torno de seu nome com a pauta feminina e quem sabe torná-la coletiva. Há, em Arapiraca e Palmeira dos Índios, alguns companheiros e companheiras que nos procuraram para a formação de uma candidatura coletiva. Eles estão trabalhando um nome, quem sabe até as convenções”, revelou Barbosa. Ele lembrou, que no pleito anterior, mesmo antes do período de oficialização, já existiam grupos e segmentos que se apresentavam como candidatura coletiva. Mas, no momento, o processo ainda é muito embrionário e ainda sem a certeza de que prosperem.

EXPERIÊNCIA

Quem vivenciou a experiência dentro do processo eleitoral de uma candidatura coletiva reconhece avanços e até conquistas. É o caso do presidente do Diretório Municipal do PT, Marcelo Nascimento, juntamente com outros companheiros de partido. "Foi uma experiência prazerosa e inovadora, tendo em vista que não é algo comum com vários atores e atrizes participando do processo de construção. Fui eu quem idealizei e apresentei aos companheiros e houve receptividade que foi encabeçada pelo ex-presidente do Sindicato dos Bancários José Roberto Amaral", lembrou Nascimento. Além dele, o professor Gustavo Pessoa, do Ifal, ex-candidato a prefeito pelo PSOL, Danúbia Barbosa, ex-candidata a governadora pelo PSOL. Marcelo conta que eram parados e abordados pelas pessoas sobre como funcionaria o mandato. “Foi uma proposta inovadora, pois interrompe a visão patriarcal e personalista que foram incentivadas pelo PT Nacional”, completou. Foram muitas as dificuldades por causa da pandemia, que provocou uma abstenção de 30% dos eleitores. Ainda assim, foram obtidos 1.380 votos que garantiram a primeira suplência logo atrás do vereador Dr. Valmir Gomes, eleito com 1.600 votos. A assistente social Ana Pereira também tinha um grupo de apoio com a proposta de candidatura coletiva intitulada “Pela vida das Mulheres”. PDT Se por um lado, até o momento, o PT não definiu se terá ou não uma candidatura coletiva, o PDT indicará Kátia Born, que representará um grupo do partido dos segmentos da juventude, Guarda Municipal e Saúde. A decisão pelo nome da ex-prefeita foi tomado em reunião do partido realizada em maio. Desde então o grupo, vem se reunindo e buscando apoio de outras lideranças para buscar espaço na Assembleia Legislativa.

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