Política
METADE DA POPULAÇÃO DE ALAGOAS VIVE NA POBREZA, APONTA FGV
De acordo com levantamento feito pela instituição, o Estado apresenta a terceira maior proporção de pobres do País


O Mapa da Nova Pobreza divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que Alagoas apresenta a 3ª maior proporção de pobres do País e tem metade da população vivendo na pobreza, um percentual de 50,36% (equivalente a aproximadamente 1,69 milhão de pessoas), atrás apenas dos estados do Maranhão e do Amazonas, que registraram percentuais de 57,90% e 51,42%, respectivamente. Já a menor taxa ficou com Santa Catarina (10,16%). Os dados sobre o aumento da pobreza apenas referendam o que as ruas já mostram: amontoados de seres humanos famintos, sem emprego e sem rumo. Essa semana, integrantes da FGV divulgaram um estudo que revela a situação dos estados brasileiros, especialmente durante o período mais crítico da pandemia de Covid. “Creio que vale a pena destacar dois pontos, o primeiro é o traço da formação histórica do nosso povo. A gente sabe que a concentração de renda de poucas pessoas é muito perceptível na sociedade alagoana, ou seja, a maioria da riqueza produzida é concentrada em poucas famílias”, analisa o economista Jarpa Aramis. O Mapa da Nova Pobreza mostra que o contingente de pessoas com renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais atingiu 62,9 milhões de brasileiros em 2021, cerca de 29,6% da população total do país. Este número em 2021 corresponde 9,6 milhões a mais que 2019. “Nós temos esse processo de formação como melhor pano de fundo, de análise, a concentração de terras e também a monocultura da cana. A gente não tem uma economia diversificada, ela se concentrou na agricultura e numa única cultura. Aí a gente vem acompanhando nos últimos anos uma tentativa de trazer uma diversificação, apostar no turismo, na agricultura familiar, apostar nos vários leques possíveis de desdobramentos que a economia pode tomar”, acrescenta Jarpa, sobre a situação de Alagoas . Ainda em relação à proporção de pobres em 2021 por Unidade da Federação, os dados mostram que a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021, desde o começo da série histórica em 2012, perfazendo uma década perdida. “Outro ponto é exatamente como ao longo do tempo isso se comporta. Você vê que existe todo um aparato do poder público hoje em termos de transferência de recursos federais, principalmente a União com esforço de mitigar porque o poder público na figura do Estado e os Municípios não conseguem sozinhos tirar essa letargia da economia, esse marasmo econômico. Dos 102 municípios temos apenas 11 conseguem ter receitas interessantes”, detalha o economista. “O ano de 2021 é ponto de máxima pobreza dessas séries anuais para uma variedade de coletas amostrais, conceitos de renda, indicadores e linhas de pobreza testados. Além da medição da pobreza brasileira agregada e suas variantes, conferimos especial atenção a composição geográfica da pobreza para localizar os estoques e os novos fluxos de pobreza no território brasileiro”, cita o mapa. O estudo aprofundou os pontos mais vulneráveis e mostra que aquele com maior pobreza em 2021 é o Litoral e Baixada Maranhense com 72,59%, já a menor está no município de Florianópolis com 5,7%. A mudança da pobreza de 2019 a 2021 por Unidade da Federação em pontos percentuais na pandemia, revela que o maior incremento se deu em Pernambuco (8,14 pontos percentuais (p.p.)), e as únicas quedas de pobreza no período foram observadas em Tocantins (0,95 p.p.) e Piauí (0,03 p.p.).
“O contingente de pobres brasileiros em 2021 é o maior da série histórica iniciada em 2012. Em 2021, o número de pessoas com renda domiciliar per capita até 497 reais mensais para a linha de U$ 5,50 dia ajustada por paridade do poder de compra (R$ 497 mensais) atingiu 62,9 milhões de brasileiros; 33,5 milhões para a linha de U$ 3,20 dia (R$ 289 mensais) e 15,5 milhões para a linha de U$ 1,90 dia (R$ 172 mensais)”, explicam os integrantes da FGV.