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Nº 5588
Política

CHUVAS: PREFEITOS SE QUEIXAM DA BUROCRACIA E DEMORA NO SOCORRO

Gestores dizem que recurso prometido pelo Estado para reconstrução e aluguel social ainda não chegou à maioria dos municípios

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 16/07/2022 - Matéria atualizada em 16/07/2022 às 04h00

Em dois meses, os 102 municípios receberam mais de mil milímetros de chuvas. As obras de infraestrutura e outras eleitoreiras foram arrastadas pelos temporais que provocaram cheias nos rios. Em mais de 60 municípios o número de desabrigados e desalojados ultrapassou 60 mil vítimas. Seis pessoas morreram. Alagoas enfrenta ainda a fome que afeta mais de 50% da população [1,6 milhão de habitantes -IBGE], soma-se aí a inflação alta, desemprego e a nova onda do coronavírus. O desabafo é do vice-presidente da Associação dos Municípios e prefeito de Maragogi, o médico Fernando Sérgio Lira (PP), ao participar do programa Conjuntura, da TV Mar. “Hoje, quem socorre as vítimas são as prefeituras. O dinheiro prometido para as cestas básicas e do aluguel social [R$ 2 mil para cada família desabrigada] ainda não chegou para a maioria. A burocracia provoca lentidão no socorro”, lamentou. Até agora, o governo de Alagoas já destinou mais R$ 31 milhões para minimizar os estragos das chuvas. Enquanto isso, o Estado tem um Fundo de Combate e Erradicação à Pobreza que o vice-presidente AMA disse desconhecer quanto tem em caixa para este momento. Afirmou que ele e a maioria dos prefeitos mais afetados pelos temporais decidiram não esperar pela ajuda estadual [prometida inclusive nas propagandas oficiais] e se anteciparam. “A urgência do socorro e a fome não esperam. A ação tem que ser imediata. Nos últimos dias, o prefeito Fernando Lira disse que já gastou só no seu município mais de R$ 500 mil com ações assistenciais: com máquinas, combustíveis, pessoal em obras emergenciais. Além disso, desembolsou recursos para atender os desassistidos, desempregados e as pessoas sem fonte de renda desde fevereiro, quando começou o período chuvoso deste ano e os setores do turismo entraram em recessão. Além disso, continua o prefeito, as zonas rurais dos municípios foram afetadas, as obras públicas tiveram que ser paralisadas ou foram destruídas. Os municípios que vivem do turismo, como Maragogi, enfrentam a lentidão burocrática para socorrer os desassistidos.

BUROCRACIA

Com relação ao socorro anunciado pelos governos, Fernando Lira disse que “os prefeitos sabem que vem. Estamos aguardando”. Destacou que as prefeituras menos afetadas pelos temporais foram solidárias e socorreram os mais atingidos. Com relação a prometida ajuda estadual de R$ 2 mil que perderam tudo, “a gente sabe que vai chegar em quatro parcelas de R$ 500. Alguns municípios começaram a receber esses dias. Mas é importante destacar que os prefeitos saíram na frente e assistiram as pessoas garantindo abrigos para os desalojados, pagam o aluguel social para os desabrigados e doam alimentos”. Segundo ele, o socorro por enquanto é o dos prefeitos. “Ainda não veio dinheiro de canto nenhum”. Com relação às cestas básicas, Lira disse que ele e os prefeitos estão aguardando. “Se a pessoa está com fome hoje, não posso esperar uma semana para doar a cesta básica”. Fernando Lira observou que, por conta das ajudas de entidades comunitárias, religiosas e das prefeituras, o mercado sente a falta de cesta básica para atender a população faminta. Além disso, os gestores tiveram que antecipar férias das escolas municipais, enfrentaram problemas na Saúde de falta de insumos e na área de infraestrutura, as estradas ficaram intransitáveis em vários pontos e isso dificultou a agilidade no socorro às famílias. Hoje, as prefeituras e a AMA seguem as orientações da Coordenação Estadual de Defesa Civil. Fernando Sérgio Lira acredita que a maioria dos 60 municípios afetados pelos temporais levarão seis meses para reparar parte dos danos urbanos e sociais, “Isso se parar de chover”, frisou. Nas portas das prefeituras diariamente tem uma legião de pessoas desassistidas que pedem comida, dinheiro para pagar luz, comprar gás, remédios, disse Fernando Lira ao confirmar a recente declaração do presidente da AMA, o prefeito de Cacimbinhas Hugo Wanderley (MDB). Os desassistidos não entram na relação oficial dos desabrigados e desalojados, mas representam uma parcela significativa da população vulnerável que precisa de cobertura alimentar. No município de Maragogi, Lira disse que, além de assistir a legião de famintos, distribui alimentos da merenda escolar com as famílias dos alunos, neste momento que a escola está fechada. “Há uma necessidade agora, não posso deixar o material estragar vendo as famílias dos nossos alunos com fome. Portanto, vou doar”, avisou ao afirmar que dezenas de prefeitos fazem o socorro humanitário.

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