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Nº 5811
Política

Partidos se dobram � verticaliza��o e come�am a discutir novas alian�as

Um dia depois do Supremo Tribunal Federal (STF) ter arquivado as ações que tentavam derrubar as coligações de cima para baixo, os partidos e lideranças políticas em Alagoas já se dobram à verticalização e partem para discutir novas alianças eleitorais.

Por | Edição do dia 20/04/2002 - Matéria atualizada em 20/04/2002 às 00h00

Um dia depois do Supremo Tribunal Federal (STF) ter arquivado as ações que tentavam derrubar as coligações de cima para baixo, os partidos e lideranças políticas em Alagoas já se dobram à verticalização e partem para discutir novas alianças eleitorais. A grande maioria não acredita mais na reversão do quadro que proíbe parcerias nos Estados diferentemente das alianças para presidente da República. O presidente do PFL, deputado federal Thomaz Nonô, foi quem melhor expressou este sentimento ontem: “Não adianta chorar o leite derramado. A regra é essa, e é com ela que vamos trabalhar”, afirmou. O dirigente pefelista disse que o seu partido seria um dos prejudicados com a verticalização, caso a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, mantivesse a candidatura à presidência. Isso porque o PFL ficaria praticamente sozinho em âmbito nacional e dificultaria as alianças nos Estados (onde se disputam os governos, Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa). Mas com a desistência de Roseana e a nova tendência do PFL de não ter candidato próprio a presidente, a situação muda. “Vamos discutir e negociar apoio em Alagoas. Se o PSDB lançar o empresário João Tenório para o governo do Estado, vamos apoiá-lo. Temos tempo de televisão e estrutura para colocar à disposição dessa candidatura”, enfatizou Nonô. Na avaliação do deputado, a última tentativa para derrubar a verticalização, que é um decreto legislativo, não tem qualquer chance. “Ele não vai a lugar nenhum”, completou. Tendência Embora ache que faltou coragem ao STF para julgar as ações contra a verticalização, o secretário geral do PSDB, Claudionor Araújo, também admitiu ontem que as coligações serão mesmo de cima para baixo. Diante de tal constatação, ele observa que, “cartorialmente”, a tendência em Alagoas será uma união do PSDB, PMDB e PFL. “Continuo achando que o melhor caminho para os tucanos seria apoiar o governador Ronaldo Lessa (PSB). Mas isso agora só será possível se o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), desistir da candidatura de presidente da República. Esta é uma possibilidade remota”, avaliou. A Executiva Estadual do PSB distribuiu nota ontem à imprensa onde protesta contra a decisão do STF de não julgar as ações contra a verticalização. O partido do governador, que foi um dos mais afetados – pois já vinha finalizando uma aliança com o PSDB e o PMDB – promete desenvolver uma política de alianças “direta e indireta” para fortalecer a candidatura de Lessa à reeleição, bem como dos seus candidatos ao Senado, Câmara Federal e Assembléia Legislativa. O termo “indireta” indica que o partido pode ir buscar apoio informal de legendas que não podem, oficialmente, coligar com ele. Sem palanque Mas até dentro do PSB há quem não acredite nessa hipótese. O pré-candidato do partido ao Senado, Geraldo Magela, disse que, na prática, o apoio informal não existe, porque não pode ser manifestado na TV, no rádio nem nos palanques. “De que forma se poderia expressar esse apoio?”, indagou. Para Magela, que deixou a ouvidoria do governo e ficou na reserva para disputar o Senado, a decisão do STF, que mantém a verticalização, zera todos os acordos e acertos feitos anteriormente, inclusive por seu partido. “Tudo cai por terra. O PSB vai ter de apresentar uma chapa com seu time”. Inalterado O presidente regional do PT, deputado Paulo Fernando, disse que a manutenção da verticalização não traz grandes alterações para seu partido. Os petistas só tinham uma discussão mais avançada sobre coligações com o PCdoB, que também não decidiu ainda, no âmbito nacional, se apoiará Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República. Quanto a possível coligação com o PL, Paulo Fernando observa que ela já era remota em âmbito nacional e que não havia clima para consolidar a aliança em Alagoas. “Acho que o PL vai ficar livre no que se refere aos candidatos a presidente, para beneficiar suas candidaturas e coligações nos Estados”. Outro bloco que não será muito afetado será o do PTB, PDT e PPS, que se autodenomina de “frente trabalhista”. Segundo o presidente do PTB e da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Antônio Albuququerque, seu partido “está preparado para dançar qualquer música”. Os petebistas realizam convenção estadual neste sábado para eleger o diretório regional. “Após a convenção, reuniremos os prefeitos, vereadores, lideranças e outras forças políticas para discutir o caminho que adotaremos nas eleições”, afirmou o dirigente. Após a verticalização e a aliança com o PDT e PPS, o número de deputados estaduais e federais que o PTB pode eleger em outubro aumentou 50%. Ampliação Segundo o deputado federal Regis Cavalcante (PPS), a “frente trabalhista” ainda pode absorver outros partidos que não tiverem candidato a presidente da República. Otimista com a situação da sua coligação, o parlamentar disse que em nenhum momento houve dificuldades para construir a aliança, que defenderá a candidatura do ex-ministro Ciro Gomes à presidência. “Temos algumas dificuldades regionais, mas isso é natural em qualquer coligação”, observou. O deputado do PPS culpou o presidente Fernando Henrique Cardoso pela introdução das coligações casadas já na eleição de 2002, como foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um dos maiores erros do governo nos últimos sete anos, disse ele, foi não ter feito a reforma política e, em seguida, a reforma tributária. “Sou a favor da verticalização, mas discordo completamente da forma como se conduziu a questão da consulta ao TSE”. Para Régis, a verticalização nesse momento é casuísmo e visou beneficiar o candidato do governo à presidência, José Serra (PSDB). Nem mesmo alguns tucanos discordam mais desse argumento. Para o secretário geral do PSDB em Alagoas, Claudionor Araújo, um dos objetivos da verticalização foi puxar o PFL, que tinha Roseana Sarney como presidenciável, para apoiar José Serra. “Os maiores prejudicados foram o Anthony Garotinho (PSB), que ficou isolado, e o Ciro Gomes (PPS), que poderia ter o apoio dos pefelistas”, ressaltou.

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