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Nº 5595
Política

PARTIDOS EM ALAGOAS ABREM ESPAÇO PARA CANDIDATURAS LGBTQIA+

Aliança Nacional LGBTI+ registrou, em apenas 20 dias, 125 pré-candidaturas registradas em todo o País, a maior parte da esquerda

Por thiago gomes | Edição do dia 03/08/2022 - Matéria atualizada em 03/08/2022 às 04h00

Há uma grande expectativa de o número de candidaturas LGBTQIA+ crescer nas eleições deste ano. A tendência se baseia em um levantamento feito pela Aliança Nacional LGBTI+ dando conta do aumento de pré-candidaturas deste público em 70%. Em Alagoas, movimentações nos partidos, sobretudo os de esquerda, sinalizam que esta pauta tem sido adotada por aqueles que devem concorrer a um cargo eletivo. Filiada ao PT, a jornalista Elida Miranda vai brigar por uma das vagas na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Testada nas urnas em outras ocasiões, inclusive compondo uma chapa majoritária puro sangue no pleito de 2020, ela tomou para si a bandeira LGBTQIA+ como luta para ampliar a representatividade na política. “Considero muito importante o crescimento do número de candidaturas porque aumenta a possibilidade de vitória. É necessário que haja esse crescimento inclusivo para que se estabeleça um equilíbrio da nossa democracia. Hoje, a gente vê uma numerosa população LGBT, mas, nos parlamentos o seu número é muito tímido, muito longe da realidade”, analisa. Elida considera necessário ter um Parlamento plural, levando em consideração que o Legislativo é o lugar onde as políticas públicas serão traçadas e definidas. “É fundamental ter lá a população LGBTQIA+ não somente pela representatividade, mas para derrotar todo o tipo de política que se faz com ódio. O que percebemos, atualmente, é perseguição a esta comunidade e precisamos ocupar os espaços para ter voz. Por isso, coloco o meu nome à disposição e fico feliz por isso. Espero que a população dê uma resposta nas urnas e eleja a bancada do amor e derrote a do ódio”. Bianca Nunes é pré-candidata a deputada estadual pelo MDB pela primeira vez. Como mulher trans, revela que resolveu entrar na briga ao perceber que este seria o melhor caminho para transformação real da dura realidade que a população LGBT enfrenta no dia a dia.

“A violência na sociedade precisa ser combatida em todas as esferas e, para isso, são urgentes as políticas públicas que incluam pessoas discriminadas, que possibilitem acesso à educação, saúde, ao mercado de trabalho formal, de modo que a população tenha seus direitos básicos garantidos”, destaca.

Ela comenta que, nos moldes da sociedade atual, não adianta mais ficar “apanhando e reclamando”. “Resolvi entrar para política para fazer alguma coisa real pelas pessoas”, acrescenta. Segundo Bianca, está mais uma chance de lutar contra o preconceito. De dar voz às pessoas que são diariamente forçadas a ficarem caladas. “Parece normal ver pessoas LGBTQIAP+ na prostituição, mas não em cargos de liderança, não na política. Com oportunidades iguais de estudo, de formação, de uma estrutura familiar, que nos acolha, somos todos igualmente capazes. Precisamos nos fazer representados para que nossas causas sejam defendidas e encontrem espaços para acontecerem. Eu não me sinto representada e sei que pessoas como eu também não se sentem”, analisa.

REGISTROS

A segunda parcial do “Programa Voto com Orgulho”, da Aliança Nacional LGBTI+, registrou, em apenas 20 dias, 125 pré-candidaturas registradas (um aumento de 70% em relação à eleição de 2020. Segundo a pesquisa, partidos de esquerda investem duas vezes mais, em média, em candidaturas LGBT+ do que partidos de centro e direita somados.

“Precisamos aumentar essa representatividade com pessoas com lugar de fala e pessoas aliadas, para enfrentarmos o discurso de ódio LGBTIfóbico apregoado por fundamentalistas religiosos e extremistas”, afirmou o presidente da Aliança Nacional LGBTI+ Toni Reis, durante o lançamento da parcial do “Programa Voto com Orgulho”. Segundo mapeamento da Associação Nacional de Transexuais e Travestis (ANTRA), nas eleições municipais de 2020, 30 pessoas trans foram eleitas, sendo que sete delas foram as mais votadas em suas cidades. Quatro anos antes, apenas oito haviam chegado às câmaras municipais. Publicada em 17 de maio de deste ano, o levantamento “A política LGBT+ brasileira - entre potências e apagamentos”, do #VoteLGBT com a ERA - Equal Rights In Action Fund, Victory Institute e Google, mostra que, apesar de esforços de todos os partidos em se mostrarem pró-diversidade, os partidos de esquerda são os maiores apoiadores e financiadores das candidaturas. Partidos de esquerda investem duas vezes mais, em média, em candidaturas LGBT+ do que partidos de centro e direita somados, de acordo com o relatório, que traz ainda o dado de que 65% das candidaturas LGBTI+ estão em partidos de esquerda.

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