Novato derrota Lula Cabeleira em Delmiro

MAIKEL MARQUES Sucursal Arapiraca - Quando migrou de Palmeira dos Índios para trabalhar como locutor da Rádio Delmiro AM, em outubro de 1995, o radialista Marcelo Silva de Lima, 30 anos, não tinha qualquer pretensão de seguir carreira política. Sua missão era consolidar o programa ?A Vez do Povo no Rádio?. Ganhou reconhecimento popular ao ter ?coragem e ousadia? para criticar ou elogiar o ?poderoso e influente? prefeito do principal município do sertão de Alagoas, Luiz Carlos Costa, o Lula Cabeleira. Figura simples e com boas relações na região, Marcelo Lima (já filiado ao PDT) assistia à movimentação das forças de oposição quando recebeu convite inesperado do padre Eraldo Cordeiro (PSB) para encabeçar a chapa que tentaria vencer Lula Cabeleira, na disputa pela Prefeitura de Delmiro. O grupo percorreu o município e divulgou suas propostas, sem nada oferecer. Resultado: o comunicador de 1,73 metro e 67 quilos conseguiu derrubar nas urnas o candidato Marcos Costa (PMDB), sobrinho do ?peso pesado? da política sertaneja. ?Quando registrei a candidatura, muita gente me perguntava se era maluco. Houve quem me dissesse: ?cara, como você é ousado, hein? Vai enfrentar mesmo o Lula Cabeleira, é?? ? perguntavam?, comenta o radialista palmeirense Marcelo Lima, eleito no último domingo com 11.877 votos contra 10.785 votos em favor do adversário, o ex-chefe de gabinete do Executivo Municipal. A candidatura governista estava nas ruas havia mais de um ano e meio, e a chapa tinha ainda como componente o atual vice-prefeito Adeilton Mafra. Confiança ?Confiamos na vitória quando soubemos que enfrentaríamos alguém sem muita experiência administrativa?, alfineta Marcelo Lima. Sua única experiência administrativa é a direção das rádios Delmiro AM e FM, empresas integrantes do Grupo Carlos Lyra, que também controla a Fábrica da Pedra, o segundo maior empregador do município. Além do apoio do governo do Estado, o comunicador também contou com apoio do referido grupo empresarial. ?Só entrei na disputa quando a direção do grupo concordou e decidiu me apoiar?, explica. Ciente da responsabilidade, o comunicador quer montar uma equipe de técnicos com capacidade para ?administrar de forma profissional? um orçamento anual da ordem de R$ 30 milhões. Vai tirar de seu grupo político os componentes que preencham os requisitos para integrar o primeiro escalão de sua administração. Ele diz ter chegado ao poder com a tranqüilidade de não ter recebido pressão para lotear cargos durante a campanha. ?Terei facilidade para montar uma equipe profissional porque não fiz acordo ou negociata e também não fatiei o bolo antes de vencer a eleição?, diz o prefeito eleito. Ele chega ao poder com apoio do vice-prefeito eleito José Ferreira de Oliveira (PSB), conhecido por ?Cazuza?, homem que ?saiu de debaixo da lona preta? do assentamento Lameirão. O primeiro ato da dupla é determinar um estudo de viabilidade econômica para reduzir o valor da taxa de iluminação pública. Ao afirmar que ?Delmiro cresceu, mas não se desenvolveu?, ele defende a união de forças políticas com a finalidade de alavancar recursos para investir em irrigação à margem do Rio São Francisco. ?Nunca houve incentivo à irrigação em todo o município?, critica. Turismo Além do tema que faz parte de qualquer campanha ? a geração de emprego e renda ? o prefeito eleito quer criar a Secretaria de Turismo. O titular da pasta terá como missão formar parcerias e explorar o potencial turístico do município. A Usina Hidrelétrica de Angiquinho (construída pelo industrial Delmiro Gouveia) está abandonada e é atração de quem visita Paulo Afonso (BA). ?Os estados vizinhos exploram o nosso potencial. É hora de fazermos o mesmo?, explica.