Política
TROCA-TROCA PARTIDÁRIO CRESCE 31% NAS ELEIÇÕES DE 2022
Ao todo, 3 mil candidatos que disputaram em 2018 trocaram de partido, segundo levantamento do G1


Mais de 3 mil candidatos que concorreram nas eleições de 2018 mudaram de partido para a disputa deste ano. Esse total supera em 31% a quantidade daqueles que também trocaram de legenda entre 2014 e 2018. Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo g1, com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No comparativo, não foram consideradas trocas de nomes das legendas e as fusões entre os partidos, apenas candidatos que migraram para outros partidos. Um candidato que era do PSL e agora está no União Brasil, fusão do PSL com o DEM, por exemplo, não será considerado como uma mudança. Especialistas apontam os seguintes motivos para o aumento das trocas: Fim das coligações para cargos proporcionais; aumento da cláusula de desempenho; acesso ao Fundo Eleitoral. A cláusula de desempenho obriga que os partidos tenham votos suficientes para continuar tendo acesso a recursos públicos de financiamento. O fim das coligações para cargos proporcionais, aprovada em 2017, obrigou que as legendas busquem votos individualmente ou participem de federações partidárias, modelo aprovado em 2021. Entre as eleições de 2014 e 2018, cerca de 4,8 mil participaram das duas disputas. Desse total, 51% (2,4 mil) migraram de partidos entre as duas eleições. Este ano, a proporção chegou a 59% dos mais de 5,3 mil candidatos que também participaram da última eleição nacional. Situações de candidatos que concorrem pelo o União Brasil, que não existia em 2018, não foram consideradas como troca de partido. O saldo das trocas mostra o efeito da mudança de partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele era filiado ao PSL em 2018 e agora está no PL. O PL foi o partido que mais ganhou candidatos desde a última eleição: 316. Considerando os 94 que deixaram a legenda, teve um saldo positivo de 222 candidaturas. O partido que mais perdeu candidatos foi o União, resultado da fusão do PSL com o DEM. Foram 434 saídas e 233 entradas desde 2018. Com isso, o saldo foi negativo em 201 candidaturas.
FIM DAS COLIGAÇÕES
Para Lara Mesquita, cientista política e pesquisadora da FGV Escola de Economia de São Paulo, a proporção de candidatos que participaram das eleições de 2018 e agora mudaram de partido (60%) não se descolou tanto quando comparado a 2014. Apesar disso, o aumento pode ser explicado por alguns fatores relacionados à estratégia dos candidatos. Os candidatos buscam partidos que podem ampliar as suas chances eleitorais, mas agora em um contexto sem coligações partidárias. “O que pode explicar essas mudanças é o aumento da rigidez da cláusula de desempenho que limita o acesso aos recursos públicos e o fim das coligações”, diz a pesquisadora.
“Os candidatos estão buscando partidos que tenham recursos para bancar sua campanha, quanto listas que nos estados permitam que eles sejam eleitos. Provavelmente, um dos incentivadores para essa mudança, e que já acontecia em outras eleições, mas que talvez seja mais acentuado este ano, é que o candidato procura saber se o partido vai superar o coeficiente eleitoral no estado.”