Conselho de Defesa dos Deficientes cobra fim do abuso de gratuidades nos coletivos
Representantes do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos dos Portadores de Deficiência estiveram, ontem, na Câmara dos Vereadores para manifestar o apoio ao fim do abuso das gratuidades no sistema de transporte coletivo de Maceió. A capital alagoana
Por | Edição do dia 24/04/2002 - Matéria atualizada em 24/04/2002 às 00h00
Representantes do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos dos Portadores de Deficiência estiveram, ontem, na Câmara dos Vereadores para manifestar o apoio ao fim do abuso das gratuidades no sistema de transporte coletivo de Maceió. A capital alagoana possui atualmente mais de nove mil pessoas que possuem a carteira especial que dá direito à passagem gratuita nos coletivos urbanos. A Lei 4.635/97, que regula a gratuidade no sistema de ônibus, garante o benefício a portadores de deficiência física e mental, gestantes, idosos e ainda a pessoas que sofrem de algumas patologias crônicas. Contudo, os vereadores verificaram que a atual legislação necessita de revisão, pois deixa várias brechas para a concessão das carteiras especiais. Além disso, diversos benefícios foram concedidos de forma fraudulenta. A proposta de reformulação da lei foi levada à Câmara pelo vereador Alan Balbino (PSB). Posteriormente, os vereadores decidiram criar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a concessão das gratuidades, além da questão fiscal das empresas, do Fundo de Transportes Urbano, Câmara de Compensação e evasão de ISS. O Conselho de Defesa dos Direitos dos Deficientes, que representa mais de 40 entidades representativas da classe, entregou aos membros da CEI um relatório, contendo propostas sobre a elaboração de critérios para a concessão das gratuidades. A entidade entende que a legislação precisa ser reformulada para preservar o benefício daqueles que realmente precisam andar de ônibus de graça. A principal brecha da lei é que qualquer médico pode emitir um atestado. Com isso, a Secretaria Municipal de Assistência Social fica obrigada a conceder a carteira especial de gratuidade. Isso contribui para o aumento das fraudes. Nossa proposta é que seja criada uma equipe multidisciplinar específica para analisar os casos de pessoas que requererem carteiras especiais. Dessa forma, os atestados médicos só poderão ser concedidos por essa junta, frisou a presidente do Conselho, Daniele Vieira. O presidente da CEI, vereador Marcos Barbosa (PTdoB), esclareceu que a intenção da Câmara não é acabar com as gratuidades, mas sim coibir os abusos existentes. O relator da Comissão, vereador Judson Cabral (PT), disse que a visita do Conselho foi muito importante, pois se trata da mais alta representatividade dos deficientes, que está tendo consciência de que o atual sistema precisa ser modificado. O alto índice de gratuidade prejudica os próprios deficientes e os trabalhadores, que ficam obrigados a pagar uma passagem mais cara para cobrir o déficit gerado pelas pessoas que desfrutam da passagem gratuita sem necessidade. Iremos analisar o documento entregue pelo Conselho com muito cuidado, ressaltou Cabral. O vereador Alan Balbino parabenizou a iniciativa da entidade e afirmou: Graças a Deus, a sociedade maceioense, representada pelo Conselho Municipal de Defesa dos Deficientes, entendeu a minha preocupação.