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Nº 5883
Política

EM MEIO À POLÊMICA, CANABIDIOL MOSTRA EFICÁCIA CONTRA DOENÇAS

Várias pesquisas vêm sendo feitas mundo afora, mas os especialistas ainda divergem sobre o tema

Por ANNA CLÁUDIA ALMEIDA | Edição do dia 01/11/2022 - Matéria atualizada em 01/11/2022 às 06h43

Há três anos, Maria das Graças Carvalho, 72 anos, foi diagnosticada com Alzheimer, que é aforma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A doença provoca progressiva e inexorável deterioração das funções cerebrais, como perda de memória, da linguagem, da razão e da habilidade de cuidar de si próprio.

Com o diagnóstico dos médicos, a família iniciou o tratamento com medicamentos convencionais, mas os sintomas foram se agravando ao longo do tempo. “Ela deixou de fazer algumas atividades do dia a dia, não tinha um sono regular, a memória falhava constantemente. Não víamos evolução do quadro”, relata o filho da paciente, Rogério Geraldo de Freitas Carvalho.

Buscando novas formas de tratamento para mãe, ele conta que soube através de amigos e médicos do uso da Cannabis para amenizar os sintomas da doença. “Comecei a ler e pesquisar sobre o medicamento. Foi então que decidimos fazer uso e consequentemente percebemos melhoras na minha mãe. Há quatro meses ela está com o tratamento e isso vem fazendo a diferença no quadro dela que voltou a cozinhar, pintar quadros, dormir melhor, voltou a utilizar o celular”, acrescentou Rogério.

Com mais de 1 milhão de pessoas vivendo com algum tipo de demência no Brasil, vem crescendo a busca por terapias que possam amenizar os sintomas. O canabidiol (CBD), uma das várias substâncias presentes na Cannabis, vem sendo a uma saída. Várias pesquisas vêm sendo feitas mundo afora, mas os especialistas ainda divergem sobre este tema.

Enquanto alguns afirmam que a Cannabis pode ser utilizada como um complemento do tratamento tradicional, trazendo benefícios comportamentais aos pacientes com Alzheimer e melhorando sintomas como agressividade e insônia, outros não recomendam o uso da substância, argumentando que ainda são necessários mais estudos a longo prazo para comprovar sua eficácia.

Segundo algumas pesquisas, o CBD pode evitar a criação de proteínas malformadas relacionadas ao Alzheimer. Também há associação entre os canabinoides e a proteção às células nervosas. Mas ainda não há consenso sobre o uso da substância.

Em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a fabricação e a venda de medicamentos à base de Cannabis, que deverão ter prescrição médica. Com a decisão, centenas de pacientes conseguiram acesso a medicamentos para tratar diversas doenças, entre elas o Alzheimer.

“Sem dúvida, a medicação trouxe benefícios. Hoje, não vejo mais minha mãe sem a utilização dessa terapia. Logo no primeiro mês de uso começamos a perceber a eficácia e só pode ter sido justamente por conta do tratamento, não há outra explicação. Não deixaremos de utilizá-lo”, reforçou o filho de Maria das Graças.

SUSPENSÃO

No dia 24 de outubro, o plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu sustar temporariamente os efeitos da Resolução 2.324/2022, que estabelecia regras para a prescrição de medicamentos à base do canabidiol Com a nova resolução, ficam suspensos os efeitos da norma publicada no último dia 14, e a decisão pela indicação do uso do canabidiol volta a ser de responsabilidade do médico, de acordo com regras já estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Também na segunda-feira, o CFM abriu uma consulta pública para receber contribuições sobre o tema. Os interessados têm 60 dias, até 23 de dezembro, para apresentar suas sugestões por meio de uma plataforma eletrônica. As informações vão servir de subsídio e serão tratadas sob os critérios de sigilo e anonimato, segundo o conselho.

Leia mais na página A8

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