Política
CHUVAS CAUSAM ESTRAGOS EM BAIRROS DE MACEIÓ E NO INTERIOR
Pelo menos 180 pessoas estão desalojadas e desabrigadas; volume de água supera média histórica

Foram três dias de chuvas intensas que causaram transtornos em toda Alagoas. Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que Maceió, por exemplo, recebeu o maior volume de chuvas para o mês de novembro em 11 anos. Três cidades alagoanos contabilizam desalojados e desabrigados.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Moisés, há 161 desabrigados e 23 desalojados. A cidade de Coruripe é a que mais foi afetada, com 86 desabrigados e 19 desalojados; já em Rio largo são 75 desabrigados; e em Matriz do Camaragibe, são 4 desalojados.
Em Maceió, 25 passageiros precisaram ser resgatados por militares do Corpo de Bombeiros (CB) após ficarem ilhados em um ônibus, no bairro do Farol. O ônibus ficou com as rodas submersas em meio ao temporal, dificultando, assim, sua locomoção.
Uma árvore caiu na antiga Avenida Amélia Rosa, na Jatiúca, em Maceió. Apesar do susto, ninguém ficou ferido. A árvore de grande porte tombou no sentido praia, bloqueando meia pista. Motoristas que precisam trafegar pela localidade podem passar pelo lado direito da via, com atenção redobrada e com a velocidade reduzida.
Uma barreira deslizou na Favela do Bolão, no bairro do Farol. O desabamento atingiu uma residência e não deixou vítimas. Já em Rio Largo, parte do calçamento de uma avenida caiu sobre quatro residências e deixou uma bebê de 1 ano e 10 meses soterrada.
Moradores e familiares rapidamente se mobilizaram e conseguiram resgatar a criança com vida dos escombros de um dos imóveis atingidos pela barreira que deslizou. Ela foi levada para o Hospital Geral do Estado (HGE). O calçamento cedeu e atingiu os fundos de quatro imóveis que ficam no nível da avenida. Os moradores disseram que ouviram um estrondo e perceberam as paredes e o telhado vindo abaixo. Por sorte, ninguém morreu
ACUMULADO
Segundo o Inmet, quase todos os estados do Nordeste do Brasil tiveram registro de chuvas intensas no último fim de semana. Entre as localidades mais afetadas, estão o Agreste e o Litoral de Alagoas, Agreste de Pernambuco, Centrossul e Sertão do Ceará, Oeste da Paraíba e Centro-Norte do Piauí e do Maranhão.
Os grandes acumulados de chuva foram causados pela presença de um canal de umidade na região, o que configura a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Entre os maiores acumulados de chuva, Maceió registrou 142,6 mm entre os dias 05 e 07.
Apenas o acumulado do dia 05, de 59,2 mm, já superou a média histórica para todo o mês de novembro na capital alagoana, que é de 45,1 mm. Além disso, o volume total de chuva em três dias é o maior já registrado para novembro desde 2011, quando foram contabilizados 117,6 mm.
Palmeira dos Índios também já está com acumulado de chuva superior à média para novembro com total de 89,4 mm e média de 15,7 mm (valor 469% acima da média). Segundo a Defesa Civil do município choveu na capital alagoana 156mm nas últimas 24h. Esse volume ultrapassa em mais de quatro vezes o que era esperado para todo o mês de novembro.
As equipes estão de prontidão para atender as ocorrências e foram registrados 36 chamados desde a noite de ontem (6), sendo a maior parte por desabamento parcial e edificação com problema de estrutura. Até o momento, sete famílias ficaram desalojadas e receberam os encaminhamentos necessários. Uma família desabrigada foi encaminhada para o abrigo municipal.
As chuvas volumosas em um curto período de tempo provocaram a elevação dos níveis de alguns rios, especialmente no agreste dos estados de Alagoas e Pernambuco. A previsão indica a persistência das chuvas até, pelo menos, esta terça-feira (08). Na quarta-feira (09), o sistema deverá enfraquecer.
“Estamos, desde o início das chuvas, acompanhando de perto e monitorando. São mais 24 horas de alerta e em contato direito com as prefeituras. O governador Paulo Dantas já colocou à disposição das Defesas Civil Estadual e Municipais toda a estrutura do Estado para que possamos salvaguardar a vida de todos os alagoanos,e dá todo o apoio necessário aos prefeitos das regiões atingidas”, disse coronel Moisés.
Ele acrescenta que o monitoramento maior vem sendo feito em toda a Região Metropolitana, devido a intensidade das chuvas. “Nossa torcida é que a chuva que vem atingindo Sergipe não venha para Alagoas”, explicou o coordenador. O Inmet estendeu o alerta de perigo para chuvas intensas em 79 municípios até a manhã desta terça-feira (8), com possibilidade de chuva entre 30 a 60 mm/h ou 50 a 100 mm/dia. Também pode ocorrer alagamentos, deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios em cidades com áreas de risco.