Política
LULA FALA EM RECUPERAR HARMONIA APÓS SE ENCONTRAR COM CHEFES DOS PODER


Após passar o dia reunido com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou em entrevista coletiva que é possível recuperar a harmonia entre os Poderes e “normalidade da convivência entre as instituições”.
“Me candidatei com o compromisso de que é possível resgatar a cidadania do povo brasileiro, recuperar a harmonia entre os Poderes e a normalidade da convivência entre as instituições brasileiras”, disse o petista no início da noite desta quarta-feira (9). Na primeira reunião do dia, o petista esteve com Arthur Lira para discutir a tramitação da chamada “PEC da Transição”, que pretende criar crédito extraordinário para a implementação de promessas de campanha. A sucessão na Mesa Diretora da Câmara também foi pauta. Lira busca se reeleger ao comando da Casa. A conversa foi considerada “superpositiva” pelo líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes — que acompanhou a conversa na residência oficial do deputado. “Ambos demonstraram espírito colaborativo. Presidente Lula disse que quer enfrentar a fome, reconstruir o Brasil, voltar o país a normalidade. Lira se colocou à disposição para ajudar a governabilidade do governo Lula”, relatou Lopes à CNN.
Depois da reunião com Lira, o presidente eleito esteve com Rodrigo Pacheco no início da tarde. O senador, que se manteve neutro nas eleições, havia almoçado com Lula durante a campanha presidencial.
SUPREMO
Mais tarde, o presidente eleito encontrou com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e outros dez ministros da Corte. Luís Roberto Barroso não compareceu por estar no Egito para a 27ª Cúpula do Clima das Nações Unidas. O encontro pode marcar uma nova fase no relacionamento entre Executivo e Judiciário. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro (PL) foi marcado pela crise institucional provocada por diversas críticas do presidente às decisões do STF durante a pandemia de Covid-19, além de ataques a ministros que integram o TSE. Além dos ministros da Suprema Corte, estavam presentes no encontro figuras como Gleisi Hoffmann (PT), Flávio Dino (PSB-MA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Aloizio Mercadante.
JUDICIALIZAÇÃO
No encontro com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula afirmou que, durante seu governo, vai trabalhar para diminuir a judicialização da política. O petista afirmou que não faz sentido uma série de questões que podem ser resolvidas no âmbito da política pararem no Supremo. De acordo com ministros, Lula também fez um relato sobre a disputa eleitoral deste ano. Segundo os magistrados, o presidente eleito afirmou que nunca tinha participado de uma eleição tão acirrada e com uso expressivo de forças do Estado.
Lula destacou que o presidente não deve interferir no funcionamento do Congresso, assim como deputados e senadores não devem interferir nas ações do Executivo.
“Não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara e nem do Senado. Nós somos poderes autônomos. Nem eles interferem no nosso comportamento, nem nós no deles, e assim a sociedade vai viver tranquila e democraticamente”, colocou. Ao falar que quer resgatar a “normalidade” da convivência entre as instituições brasileiras, Lula disse que, durante o processo eleitoral de 2022, elas foram “atacadas, violentadas por uma linguagem nem sempre recomendável por algumas autoridades ligadas ao governo”. Ele ainda agradeceu ao Poder Judiciário pelo “comportamento” e pela “lisura” durante as eleições, fazendo elogios à rapidez e à segurança do sistema de urna eletrônica adotado no país. Ele destacou que, durante o seu mandato, não haverá “tempo para vingança, para a raiva e para o ódio”. “O tempo é de governar”, colocou o presidente eleito.