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Nº 5759
Política

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA AQUECE ECONOMIA DE UNIÃO DOS PALMARES

Hotéis e pousadas estão com reservas esgotadas; movimento também é grande em bares e restaurantes

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 19/11/2022 - Matéria atualizada em 19/11/2022 às 04h00

União dos Palmares - Com o aumento do fluxo de turistas em União dos Palmares em função das Comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, a economia da cidade da Zona da Mata, distante 82 quilômetros da capital - Maceió, está aquecida. Os hotéis e pousadas estão com as reservas esgotadas, o artesanato local muito procurado, bares e restaurantes movimentados, até na feira livre da cidade aumentou o movimento de consumidores e turistas. Entre os que vivem diretamente da Serra, Cleiton Santana, que é presidente da Associação dos Guias e Informantes de União dos Palmares, líder da categoria que reúne 12 guias profissionais, afirma que a Serra movimenta e aquece toda a economia de União dos Palmares. Ligado ao movimento negro da cidade, Cleiton disse que a maioria dos guias da Serra é pesquisador natural. “Estudamos os pesquisadores que defendem diferentes teses e posições políticas a respeito do Quilombos dos Palmares e ajudamos nas pesquisas”. Porém, a linha mais trabalhada pelos guias-pesquisadores são a de Décio Freitas, Josias Pereiras, professor-doutor Zezito Araújo, entre os progressistas da atualidade. Além de ponto histórico, o líder dos guias de turismo destaca que a serra hoje é um ponto de geração oportunidade para o município. Quando está trabalhando, Cleiton diz para os turistas que na Serra da Barriga nasceu a nossa brasilidade. “Aqui viveram juntos indígenas e negros fugitivos das senzalas. Todos lutavam com o mesmo objetivo: acabar com a escravidão. Aqui foi plantada a semente da liberdade”. Do ponto de vista econômico, considera que a serra é uma potência extraordinária para a economia nacional, de Alagoas e da região da Zona da Mata do Estado. “Quando se estuda a nossa história do Brasil, o Quilombo dos Palmares desperta o interesse dos brasileiros. Isto fortalece o turismo cultural do Estado e do País”, acredita o guia. Para ganhar mais destaque até como potência social, fonte de geração de emprego e renda, Cleiton também sugere maior divulgação no Mercosul, pela Embratur e órgãos oficiais de turismo. “A Serra da Barriga é símbolo de resistência, da luta por direitos humanos e um patrimônio nosso. Aqui é um símbolo contra o racismo e isso precisa ser divulgado. Este é um bom produto cultural”. “É também uma terra de união e pacificação'. Os brasileiros e os alagoanos precisam ter este sentimento de pertencimento deste local”, defendeu.

união e pacificação

O movimento de turistas no platô da Serra, onde está o parque memorial do Quilombo dos Palmares, é intenso. A maioria dos turistas é brasileira, mas tem europeus com predominância portuguesa e sul-americanos. Os estrangeiros ficam impressionados com os relatos dos guias sobre o massacre que ocorreu no século XVII. Como a maioria dos brasileiros, muitos choram. A engenheira Laura Dias, de Niterói (RJ), disse realizar um sonho. “Ao chegar aqui e quando ouvi a história do Quilombo e do massacre, não resisti. Chorei. Neste momento, o Brasil precisava ouvir também essa história”, sugeriu a engenheira. Outro que não escondeu a emoção foi o comerciante Felipe Brito da Silva, 35 anos, de São Paulo. “Estou tendo a oportunidade de conhecer a minha história de perto. A Serra da Barriga é um símbolo da nossa construção social. É mais que um foco de resistência de uma luta que ainda não acabou para muitos brasileiros”. Para ele, a serra é símbolo de união e resistência. A aposentada Maria Aparecida de Miranda, 77 anos, da cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, passa férias em Maceió e incluiu no roteiro dos passeios, o turismo cultural. “Ao chegar aqui, no Quilombo dos Palmares não há como não se emocionar. O Brasil precisa conhecer a Serra da Barriga”, defendeu. Outro aposentado que não escondeu a emoção foi Leoni de Oliveira, 92 anos, de Itapeva-São Paulo. O ex-bancário considerou a Serra da Barriga e a fortaleza do Quilombo dos Palmares como acervos da história que, segundo ele, não podem ficar esquecidos ou desconhecidos dos brasileiros. “Viajei mais de três mil quilômetros para realizar um desejo antigo. Aos 92 anos, finalmente conheci a fortaleza de Zumbi”. Depois de percorrer o platô da serra, caminhar pelos salões das casas cobertas de palhas disse ter certeza que “aqui, está muito de nossas raízes culturais. Nossos ancestrais. Esta é uma terra de união onde índios e africanos viveram em paz”.

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