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Nº 5759
Política

Paulo monta governo priorizando qualidade técnica para manter ritmo

Governador reeleito segue uma linha de conciliação política e alinhamento com o futuro governo Lula

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 24/12/2022 - Matéria atualizada em 24/12/2022 às 04h00

A escolha do governo Paulo Dantas (MDB) por mais mulheres no primeiro escalão abre não só um debate sobre o tema, mas demonstra seu compromisso com a pauta de gênero tão cobrada pelo movimento feminista nacional. Entretanto, além da questão da representatividade, há uma ponte política importante com o novo cenário do País, que iniciará um novo governo. Não é só isso que marca a estratégia de Dantas. Isso porque todas as mulheres nomeadas têm qualificação, vínculos com as pastas com as quais dirigem e, no caso das que estão desde o início de seu primeiro governo, já demonstraram competência para continuar. Enxergando sua gestão além desse fato, a cientista política e professora da Ufal Luciana Santana diz acreditar que Dantas segue uma linha de conciliação política significativa, pois dá sinais de que está conseguindo acomodar todos os seus apoiadores de antes da crise do período eleitoral. E, principalmente, dos que vieram no 2° turno, quando enfrentou uma “avalanche” de ataques do maior adversário, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil). “Ele tenta retribuir os apoios que teve para sua reeleição até nos momentos mais difíceis que passou no período eleitoral. E, claro, sem desvincular dos temas que tiveram mérito e foram responsável pelo seu processo sucessório: o legado do governo Renan Filho”, observa Luciana. Conforme lembrou, áreas técnicas, como a da Fazenda e Planejamento, além da segurança, mantiveram o perfil da gestão passada. Ela acredita que, entre os partidos, o PT também teve esse protagonismo na defesa de seu governo, não só por fazer parte dele, mas também pelo apoio de Dantas a Lula. Vale lembrar a presença de Gino César na Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). “Acredito que ele também pensou no peso que alguns partidos tiveram, como o PT. O partido encampou e foi para o embate e defendeu Paulo Dantas”, completou Luciana.

Nascimento

Pelo menos no campo político-administrativo o governo nasce vinculado ao novo momento do País, com a ascensão de Lula. A ligação do MDB, que fez o então candidato vir ao Estado para declarar apoio a Dantas, quando este ainda se encontrava afastado por determinação da Justiça, selou de vez essa ligação. A “dívida” do petista com o senador Renan Calheiros (MDB), que enfrentou Bolsonaro e sua política de saúde, na CPI da Covid, e acabou expondo falhas e desmandos, favoreceu ao crescimento da candidatura de Lula. Para Luciana, isso não foi a toa e deve ter repercussões positivas no que se refere à continuidade do apoio do Governo Federal para o Estado de Alagoas. “O governo Paulo Dantas nasce numa situação muito favorável em relação a outros governos. Além de ter se alinhado rapidamente a candidatura de Lula, conseguiu tirar proveito dessa aliança e ser beneficiado com o voto de eleitores que votariam no PT, de qualquer forma e por isso votaram em Dantas”, analisou a cientista. Essa via de mão dupla, para ela, pode beneficiar Alagoas, em especial se Dantas souber se portar de forma correta na “construção” das relações intergovernamentais. De algum modo isso até já ocorreu durante o trabalho do governo de transição, quando o Grupo de Trabalho da Educação decidiu adotar o modelo criado em Alagoas do auxílio de R$ 150 para famílias com crianças de até seis anos. Coube ao ex-secretário da pasta e deputado federal eleito, Rafael Brito, manter encontro com os técnicos e colaboradores do governo federal. E o fato de o ministro nomeado ser Camilo Santana, ex-governador do Ceará, “Tio Rafa” disse que vislumbra boas parcerias e investimentos para a área, em Alagoas. Outro sinal que mostra, de forma clara, que a análise da cientista está no caminho certo foi a confirmação pela equipe de Lula, que Renan Filho (MDB) será ministro dos Transportes.

Ritmo

O cenário é positivo e promissor. Para a chefe do Gabinete Civil, jornalista Luiza Barreiros, a interlocução do governo será um diferencial que manterá seu ritmo. A responsabilidade não é apenas administrar o legado, mas garantir novidades e oxigenar a máquina. “O governador Paulo Dantas montou sua equipe para o governo que começa em 1º de janeiro de 2023, valorizando os quadros técnicos e fortalecendo as relações político-institucionais que resultaram em sua reeleição. A partir da gestão atual, foram observados os ganhos e avanços administrativos para a população de Alagoas e com base nos bons resultados obtidos, parte do secretariado será mantida, alguns dos atuais gestores foram remanejados e parte da estrutura administrativa do primeiro escalão foi renovada”, detalhou Luiza. Sendo assim, ela acredita que o reflexo será sentido rapidamente pela população e os órgãos de controle, pois irá influenciar diretamente nos índices educacionais, econômicos e sociais.

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