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Nº 5759
Política

LIRA AFINA DISCURSO COM GOVERNO PARA GARANTIR REFORMA

Ao ser reeleito presidente da Câmara, Arthur Lira defendeu a democracia e as reformas

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 04/02/2023 - Matéria atualizada em 04/02/2023 às 04h00

Eleito numa grande composição política que envolveu até mesmo partidos aliados da base do presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), já moderou o discurso, incluiu até mesmo os LGBTQIA+ em sua fala inicial e fez uma defesa intransigente da democracia. Esta de total interesse do governo federal para lhe garantir a segurança institucional e política para evitar “abalos” como a tentativa de golpe no 8 de janeiro.

Foi a partir dessa pauta em comum que Lula evitou o crescimento de uma candidatura entre os partidos que compunham sua coligação e os que chegaram com sua ida para o segundo turno das eleições.

A vitória sobre o ex-presidente Bolsonaro – atualmente num autoexílio informal nos Estados Unidos –, associado ao desmonte do orçamento secreto feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), colocou Lira mais próximo do “L” de Lula. Enfraquecido com a caneta para liberar recursos aos aliados do governo passado, Lira soube trazê-los para o “mundo real” da política, onde só sobrevive quem puder ter boa relação com quem está sentado na cadeira presidencial. Por isso, ao passo em que se comprometeu com a Democracia, a defesa das urnas eletrônicas e das instituições, Lira garantiu sua sobrevivência política e com uma força advinda dos “companheiros” do PT e demais partidos de esquerda e centro-esquerda. Com os agregados que domina do chamado Centrão, teve uma vitória esmagadora sobre a base bolsonarista fiel e propensa a ser oposição ao presidente Lula. “Vamos continuar trabalhando ouvindo as ruas, assumir responsabilidades e não cometer os erros do passado, para que o fatídico 8 de janeiro não venha mais a acontecer: nunca mais!”, enfatizou Lira em tom de recado.

COMPROMISSO

Mas, em troca, além de impedir que atrapalhem a gestão do governo de coalizão tupiniquim inventado por Lula, o presidente da Câmara terá que assumir as pautas governamentais. A principal delas é a garantia da Reforma Tributária e o aumento do salário mínimo para o próximo ano. “Esta Câmara dos Deputados tem um enorme desafio pela frente: rever nosso complexo e por vezes injusto modelo tributário”, completou o presidente da Câmara. Além disso, o governo já trabalha a correção da alíquota do Imposto de Renda, que tem penalizado a classe média e média baixa. Lira terá que trabalhar com as lideranças partidárias, a partir das contrapartidas advindas do Executivo, com a oferta de cargos no segundo e terceiro escalão, em especial nos estados onde esses aliados têm suas bases. Acalmar os seus e aproximá-los de Lula não será tarefa fácil, mas não impossível para quem conhece o “campo minado” que é a Câmara dos Deputados. Quando o dinheiro começar a circular, em especial para a retomada das grandes obras estruturantes, do Minha Casa Minha Vida e ações pontuais ligadas às emendas parlamentares, o clima deve ficar ainda mais favorável para a o caminho da reforma. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem conversado com o setor produtivo procurando acalmar o mercado, sem ameças, mas também sem se submeter as “pressões” dos que ganham com especulações.

MENSAGEM

Na mensagem encaminhada por Lula à Câmara, o texto ficou próximo do que pensa Lira. Ficou evidente que vão caminhar juntos para a “construção” que combata à fome, as “desigualdades” e aponte saídas para o crescimento econômico. E, para isso, o governo considera estratégica a reforma tribuária, que, por um lado, pode aliviar os tributos para a população, mas também simplificar a base de arrecadação das empresas, o que pode gerar mais arrecadação, ao mesmo tempo que sem o “peso” tributário mensal elas possam contratar mais. A lógica econômica defendida pela equipe econômica se baseia em mais crédito, inclusão da população de baixa renda na base de consumo, com apoio inicial dos programas sociais, para movimentar a economia, em especial nas grande cidades, mas também o comércio com bens de consumo o que pode voltar a fomentar, também a produção industrial. No caso do Minha Casa Minha Vida, por exemplo, o governo conseguindo recuperar a construção civil toda a sua cadeia sairá ganhando e os trabalhadores desempregados também, porque é o segmento que mais emprega. E, ao mesmo tempo, vai capitalizar as grandes empresas para que possam investir em imóveis para o segmento de classe média, com ofertas de crédito mais prolongados, desde que a economia possa reagir. Abafando o poder da oposição para evitar que esse chamado “ciclo virtuoso” por parte do governo ocorra, Lira poderá não só garantir a governabilidade, mas até mesmo fortalecer a base governista para as próximas eleições.

Como serão municipais, é nas cidades que estão as bases parlamentares. Essa via de mão dupla, portanto, interessa ao Executivo e, também, os neogovernistas. Lira, com a experiência de articulação, em Brasília, conhece os salões e seus porões. E, consequentemente, também identificar onde estão os “focos” de resistência para que não se tornem “pedras no caminho” de Lula..

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