Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, ontem, em entrevista à TV 247, novas críticas a taxa de juros a 13,75% no Brasil e declarou que “vai continuar batendo” no Banco Central. No entanto, a relevância da pressão para um corte nos juros após a reunião ainda é incerta. Ao longo das últimas semanas, o esforço de Lula e sua ala politica se concentrou em expor os resultados da falência do ciclo de juros, que começaram a ficar explícitas nas paralisações de alguns setores da economia, como a indústria automotiva. Até o momento, não dá para ter certeza se os argumentos colocados pelo presidente serão o suficiente para impactar a decisão do Banco Central sobre o juro. Para isso, a instituição precisaria mudar a percepção sobre a economia brasileira e sobre os rumos da inflação até o anúncio desta quarta-feira (22). Anteriormente, existia a esperança de que o marco fiscal poderia mudar a página desta discussão, mas como o tema não será apresentado, agora resta saber se o Banco Central será sensível. Neste contexto, o cenário externo é o principal fator que mudou nos últimos tempos e que poderia alterar a percepção do Banco Central. Porém, no mundo da economia ninguém acredita que o Banco Central irá cortar o juro após a próxima reunião do Copom. A avaliação é de que, por enquanto, não existem indicações de que o BC irá reagir às declarações do presidente. Mesmo com uma não diminuição da taxa de juros, o tom da próxima ata divulgada pelo Copom será essencial para ditar o rumo da relação conturbada entre o presidente Lula e o Banco Central. Isso porque a ata anterior foi descrita como “malcriada” pelo Planalto e fez o presidente passar a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, abertamente. O mínimo que o governo espera é uma mudança no tom na divulgação do Copom, com uma sinalização mais otimista.