Política
PF DESARTICULA GRUPO QUE PLANEJAVA ATAQUES CONTRA AUTORIDADES
Entre as possíveis ações do PCC estavam crimes como homicídio e extorsão; ex-juiz e atual senador Sérgio Moro era um dos alvos

A Polícia Federal cumpriu ontem uma série de diligências para desarticular um plano da facção criminosa PCC que pretendia realizar ataques contra autoridades. Um dos alvos era o ex-juiz da Lava Jato e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Foram efetuados 24 mandados de busca e apreensão, 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Ao menos nove foram presos, sendo seis homens e três mulheres, todos em São Paulo. Dois dos suspeitos continuam foragidos. "Sobre os planos de retaliação do PCC contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do Senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado", disse Moro pela manhã em suas redes sociais. A ação foi batizada de Sequaz e, diz a PF, tem por objetivo desarticular o grupo que "pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro, em pelo menos cinco unidades da federação". Como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Moro atuou na transferência de vários chefes do PCC, entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o sistema penitenciário federal. Os ataques contra Moro e outras autoridades, segundo a apuração, ocorreriam de forma simultânea, e os principais alvos estavam em São Paulo e no Paraná. Em São Paulo, o alvo era o promotor Lincoln Gakiya, que atua há anos em investigações sobre a atuação do PCC. "Foi investigado e identificado um plano de homicídios contra vários agentes públicos. Hoje a Polícia Federal está realizando prisões e buscas contra essa quadrilha. Meus cumprimentos às equipes da PF pelo importante trabalho", disse o atual ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), nas redes sociais. A investigação, porém, acabou sendo explorada pela oposição para tentar desgastar o governo. Bolsonaristas tentaram associar o caso a uma fala de Lula no dia anterior, de que pensava em vingança contra Moro quando estava preso em Curitiba. Além de refutar essa ligação, aliados do petista aproveitaram para exaltar o contrário: a ação da PF demonstrava a isenção da corporação.
EXTORSÃO
Segundo Flávio Dino, as investigações começaram há 45 dias, após ter sido avisado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que criminosos estariam planejando atentados violentos contra autoridades. De acordo com as investigações, Moro poderia ser alvo de extorsão mediante sequestro ou homicídio. “Ao longo do trabalho da PF, houve a identificação de que esses indícios eram consistentes. Esses elementos de prova conduziram a PF a chegar à conclusão de que efetivamente havia planejamento em curso para a execução de ações violentas tendo vários alvos: o promotor Lincoln; autoridades do sistema penitenciário; integrantes das polícias de vários estados e também o hoje senador Sérgio Moro”, detalhou. O inquérito apontou ainda que os bandidos alugaram imóveis próximos a endereços de Sergio Moro e se revezavam no monitoramento dele e de sua família, em Curitiba, no Paraná. Eles chegaram a cogitar, inclusive, a possibilidade de sequestrá-lo para negociar a liberação de Marcola, apontado como chefe da facção.