Política
‘IDEIA É ABSURDA E VAZIA DE SIGNIFICADO’, DIZ HISTORIADOR
Para Douglas Apratto, o nome Cruz das Almas está na identidade de Maceió


Para o historiador e pensador alagoano Douglas Apratto, a ideia de mudar o nome do bairro é “absurda e vazia de significado”. Ele diz que a discussão sobre algo desse tipo apenas faz com que as pessoas e os órgãos públicos gastem energia discutindo algo que não é importante, em detrimento de coisas que realmente importam, como saúde, educação e segurança. “Acho uma ideia infeliz. Mudar as coisas por mudar? Por que mudar? Aquele bairro tem uma história, tem gerações, está arraigado no imaginário da cidade e isso também é importante”, afirma o historiador. “Nós vivemos, você sabe, em uma sociedade do espetáculo, como descreve Mário Vargas Llosa. A cada momento, cria-se um evento estapafúrdio que garante a distração das massas. É próprio disso, nessa sociedade do espetáculo, a gente esquece as coisas importantes. Poderíamos estar discutindo a construção de uma biblioteca em Cruz das Almas, um centro esportivo, um local de convívio para as pessoas da terceira idade que vivem aqui no bairro”, continua Apratto. “Graças a Deus que Djavan teve essa postura. Oceano é uma música linda, assim como é toda a obra de Djavan, que não é menos que um gênio e merece nossos aplausos. Mas, assim como a ideia de mudar o nome do Estádio Rei Pelé para Rainha Marta, considero essa proposta inapropriada. Que venham novas coisas, novas construções, para que possamos homenageá-los”, diz o intelectual.
Para Douglas Apratto, cidades e países que preservam suas memórias e cultura fazem melhores negócios e turismo. “Cruz das Almas está na identidade de Maceió. Estamos falando de uma memória ancestral, sem falar das gerações de pessoas que cresceram e vivem na região. Mudar por mudar seria apagar, seria rejeitar quem nós somos, o que Maceió é, o que Alagoas é e quer ser”, finaliza.