Política
Transposi��o divide opini�es na bancada federal de AL

REGINA CARVALHO Antes mesmo de 2001, quando o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso anunciou que seriam iniciadas as obras de transposição das águas do Rio São Francisco, o assunto divide opiniões. Entre membros da bancada federal de Alagoas não é diferente. Para o deputado federal Givaldo Carimbão (PSB), esse projeto servirá ?apenas? para atender a caprichos políticos e pessoais do governo ou de colaboradores ligados a ele. O próprio ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PPS) e seu antecessor, ministro Ney Suassuna (PMDB-PB) foram apontados por Carimbão como beneficiados com a concretização da obra. ?Para que isso? Para atender a caprichos do Ceará??, questionou o deputado. O deputado José Thomaz Nonô (PFL) duvida que o projeto seja concretizado, devido ao volume de recursos necessários para a sua realização. ?Sou contra e vou fazer o possível para impedir que esse projeto seja levado adiante. Acredito até que a transposição é inviável para o governo, entre outros itens, pelo fator financeiro, já que envolve muito dinheiro?, ressaltou. Nonô acredita que as grandes empreiteiras serão as maiores beneficiadas com a obra. ?Isso será a alegria para elas. Não vejo quais benefícios serão levados para Alagoas?, acrescentou. O deputado federal Benedito de Lira (PP) diz não ser contra a transposição, ?já que água é tão importante, é vida?, mas defende a revitalização do rio. ?É preciso cuidar das margens?, afirmou. Lira acredita que a discussão sobre a obra virou também uma questão política. Mais moderado em suas colocações, o senador Teotonio Vilela Filho (PSDB) é a favor da obra, desde que garanta água para o consumo humano aos Estados que provarem não existir outra alternativa. ?Se somente for possível levar água para essas localidades por meio da transposição, sou a favor?, disse. O senador tucano propõe que as discussões acerca da construção de uma grande adutora para evitar a transposição também poderiam ser levadas em consideração pelo governo, já que poderia sair até mais barata. ?A transposição poderia ocorrer concomitantemente com a revitalização do rio?. Téo Vilela destacou que a transposição poderia ser feita desde que o governo contemplasse Alagoas com adutoras e o Canal do Sertão, que estão com as obras paralisadas. A senadora Heloísa Helena (P-Sol) é radicalmente contra o projeto de transposição do São Francisco. Ela considera a proposta uma ?fraude? e acusa o presidente Luiz Inácio Lula da Silvas de não incentivar a discussão em torno do tema. ?O governo, ao invés de patrocinar a fraude, deveria incentivar um plebiscito?, avaliou. ?Eles sabem que existem outras alternativas que não seja a transposição, mas todo governo precisa molhar as mãos dos serviçais da política?, atacou. ?Não desviar as águas do Velho Chico não é mesquinharia dos nordestinos. Isso é um populismo velho e demagógico?, disse. Segundo ela, os maiores problemas enfrentados pelo São Francisco são a falta de saneamento básico e a não-recomposição das matas ciliares. ?O governo mente quando diz que irá resolver os problemas dos irmãos nordestinos?, alfinetou. O senador Renan Calheiros (PMDB), que já chegou a fazer campanha contra a transposição do Rio, disse ontem à tarde, por telefone, que estava em uma reunião importante e que só poderia falar sobre o assunto ?mais tarde?. Durante o resto da tarde, o celular do senador permaneceu desligado.