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Nº 5882
Política Brasília (DF), 11.04.2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou, nesta terça-feira (11), para uma viagem de dois dias à China e uma visita aos Emirados Árabes Unidos, no próximo sábado (15). Nesta manhã, Lula transmitiu o cargo ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que o acompanhou até a Base Aérea de Brasília.  Foto: Ricardo Stuckert/PR

LULA VIAJA À CHINA EM BUSCA DE ACORDOS COMERCIAIS E FINANCIAMENTOS

Brasil poderá entrar em programa chinês que já abrange 21 países latino-americanos

Por NELSON DE SÁ/ FOLHAPRESS | Edição do dia 12/04/2023 - Matéria atualizada em 12/04/2023 às 04h00

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca na China hoje ainda com negociações comerciais e financeiras em andamento com o país de Xi Jinping. Os dois têm encontro marcado na sexta, em Pequim. Antes, na quinta, Lula vai à posse da ex-presidente Dilma Roussef no Banco do Brics, em Xangai. Lula quer investimento em novos ativos produtivos e de infraestrutura, inclusive ferrovias e hidrelétricas, enquanto o colega chinês cobra para tanto a entrada formal do país na Iniciativa Cinturão e Rota, que completa dez anos em setembro. Integrantes da comitiva brasileira deram sinais tanto na direção de que Lula pode assinar um memorando para entrar no programa chinês, que já abrange 21 países latino-americanos, como pode se limitar a um apoio simbólico, sem adesão formal. O assessor especial de Lula, Celso Amorim, não confirma, mas não se opõe mais à BRI (sigla em inglês para a iniciativa). “É um rótulo para o programa de investimentos voltados à infraestrutura”, diz. “Vários países europeus e muitos da América Latina, especialmente da América do Sul, são parte do projeto. Não vejo razão para o Brasil ficar de fora.” Para Amorim, a adesão vai depende do que é “oferecido de concreto, em termos reais”, e não há “nenhum mal em ter o nome, se isso ajuda a incluir mais investimentos”. Outro membro da comitiva diz ser possível, caso a contrapartida chinesa em acordos de investimentos não seja de grande peso, que o Brasil apoie projetos da BRI em outros países, como teria feito a França. Brasília quer evitar que se repita o que aconteceu com a Huawei no governo Jair Bolsonaro, que de início se bateu contra o gigante chinês de tecnologia 5G e no final cedeu sem negociar contrapartida. “Se a adesão significar que a China está disposta a financiar ferrovias ou portos, esse tipo de projeto que o Brasil não consegue financiar, teria benefício óbvio e faria sentido”, comenta o embaixador e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero. “Nessa visita talvez se vá esclarecer esse ponto.” O fundador da Frigoestrela e ex-deputado Etivaldo Vadão Gomes, que viajou a Pequim para negociações envolvendo o setor, defende a adesão. “Sou favorável, eu pessoalmente acho muito importante. A China é o principal comprador de tudo nosso. Também já é o principal investidor na infraestrutura brasileira.” A mídia estatal chinesa tem anotado o desejo brasileiro de maior investimento não só em infraestrutura, mas na “diversificação” econômica. Por exemplo, ouviu de Jianwei Chen, executivo do setor de maquinário e professor da Universidade de Economia e Comércio Exterior de Pequim, que “o Brasil está aproveitando esta oportunidade para atrair investimentos chineses e desenvolver a indústria brasileira”. Ganha atenção também que o primeiro passo para isso seria o país entrar na BRI. Um artigo de Liang Haiming e Feng Da Hsuan, da Universidade de Hainan, foi publicado na mesma edição do China Daily em que saiu um artigo do chanceler brasileiro, Mauro Vieira. É o jornal mais identificado com a política externa chinesa. O texto salienta que aderir à BRI seria “uma bênção para o Brasil” e que “a comunidade internacional está esperando”. Sustenta que “o Brasil precisa atrair mais investimentos para impulsionar sua economia, e a China, como segunda maior economia do mundo, pode dar uma mãozinha nesse sentido”. Por fim, lembra que Lula pouco conseguiu em sua visita recente ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e nas negociações ainda sem avanço para o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.

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