Minador do Negr�o volta a viver clima de guerra
O clima de intranqüilidade aumentou com a derrota da esposa de Cícero Ferro na eleição. Doze dias depois, aconteceu o assassinato do agricultor Ednilson Teixeira Alves, trazendo de volta o clima de guerra entre os dois grupos. Ednilson era ligado ao gru
Por | Edição do dia 29/01/2005 - Matéria atualizada em 29/01/2005 às 00h00
O clima de intranqüilidade aumentou com a derrota da esposa de Cícero Ferro na eleição. Doze dias depois, aconteceu o assassinato do agricultor Ednilson Teixeira Alves, trazendo de volta o clima de guerra entre os dois grupos. Ednilson era ligado ao grupo do fazendeiro José Nilton Cardoso. A Polícia Civil prendeu um dos seguranças do deputado Cícero Ferro, Eronildo Alves Barros, como sendo um dos suspeitos de envolvimento no crime. Irmão de Jacó Ferro mas aliado de Cícero Ferro o ex-prefeito de Minador do Negrão, Bosco Ferro, chegou a fazer um apelo no ano passado para que Deus descesse a mão sobre Minador do Negrão. Nós precisamos de paz, disse. Bosco Ferro é um personagem emblemático da guerra entre as facções da família Ferro. Ele é irmão de Jacó Ferro e primo do deputado Cícero Ferro e do fazendeiro foragido José Nilton Ferro os principais envolvidos na briga pelo poder no município. Na tentativa de unir os dois grupos, Bosco decidiu não disputar a reeleição para tentar facilitar um acordo político entre Cícero Ferro, José Nilton e Jacó Ferro. Eu nunca fui político, mas na eleição passada [em 2000] a família me escolheu para ser o candidato, porque não tinha outra solução para acordo, recordou o ex-prefeito, em entrevista à GAZETA no ano passado. Nesta eleição, decidi que não ia sair candidato e sugeri que a família lançasse Paulo Cardoso Ferro, irmão do Zé Nilton, para prefeito, e o genro do Cícero Ferro, Flávio Emílio, para vice. Mas não houve acordo, disse, referindo-se à eleição de outubro do ano passado. No final do ano passado, Bosco Ferro mostrou preocupação com a possibilidade de novo confronto entre José Nilton e Cícero Ferro, mas não imaginava que a próxima vítima fosse seu próprio irmão. O melhor era que eles ficassem longe um do outro. Os dois são cabeças duras e tenho medo de um encontro deles dois. Se o Zé Nilton voltar, vai criar um clima difícil de controlar. O povo vai ficar com medo e vai ficar até difícil de se morar em Minador. Para mim, quanto mais distantes os dois, melhor. Eles são os homens mais importantes e poderosos da cidade. Podiam esfriar a cabeça e resolver as coisas sem briga, mas eu não sei se isso vai acontecer. Acho que só Deus para iluminar a cabeça dos dois, disse Bosco Ferro. Acusações Na mesma época, Jacó Ferro chegou a responsabilizar o deputado Cícero Ferro pela situação de medo e terror no município. O Cícero Ferro, que é meu primo, quer ser o dono de tudo, mandar em todo mundo e ser melhor do que todo mundo, reclamou. Jacó também fez acusações. A família sempre apoiou ele [Cícero], mas ele sempre traiu a família. Começou com os avós dele, Osório Cardoso e Maria Ferro, que sempre o ajudaram, inclusive na eleição dele para prefeito de Minador. Só foi ele ser eleito para jogar os pés neles, disse à época. Jacó Ferro também disse, na entrevista à GAZETA, que a briga de Cícero Ferro com José Nilton, que já foi aliado dele, começou há muito tempo. Ele chegou a dizer que o Zé Nilton era assaltante de banco. Antes daquele encontro em que eles trocaram tiros [a emboscada de 31 de janeiro], Cícero Ferro tinha jogado o carro dele contra o Zé Nilton e ainda tentou matar o filho dele. Depois, fez aquela sujeira para tirar o PFL, para o Zé Nilton não concorrer para prefeito. Eu acho que o povo de Minador julgou o Zé Nilton e o Cícero Ferro e, pelo resultado das eleições, o povo absolveu o Zé Nilton, que vai voltar aqui, e pode ter certeza de que vai para os braços do povo, garantiu Jacó Ferro, na última entrevista concedida à GAZETA antes de ser morto. (LB)