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Nº 5822
Política

Especialistas condenam projeto de transposi��o

REGINA CARVALHO Na próxima quarta-feira, dia 2, as atenções em Maceió estarão voltadas para a audiência pública que será realizada pelo Ibama para debater o estudo de impacto ambiental do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. As audiênc

Por | Edição do dia 30/01/2005 - Matéria atualizada em 30/01/2005 às 00h00

REGINA CARVALHO Na próxima quarta-feira, dia 2, as atenções em Maceió estarão voltadas para a audiência pública que será realizada pelo Ibama para debater o estudo de impacto ambiental do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. As audiências têm sido realizadas nos estados cortados pelo rio e têm provocado polêmica. Em Maceió não deve ser diferente. Especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil resolveram se mobilizar contra o projeto e prometem protestar no dia em que o Ibama estará discutindo com a população a transposição e seus efeitos em cada Estado. A falta de informações técnicas sobre o projeto do governo federal é o principal problema apontado por profissionais de engenharia de Alagoas. Especialistas consideram a obra ainda “uma caixa preta”, que suscita mais dúvidas que respostas e soluções. Quanto realmente será gasto nas obras? Que potência será despendida na elevação de vazões tão significativas a alturas tão consideráveis? Quantos quilômetros serão necessários de adutoras? Que diâmetros serão utilizados? Quais as obras e estruturas estão previstas para a manutenção, operação, segurança e recuperação destas unidades? Os questionamentos seguem sem respostas, enquanto a realização de audiências públicas são aceleradas. “A gente não conhece o projeto de engenharia, não temos detalhes”, lamentou o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), engenheiro Ricardo de Castro Martins Vieira. Para Martins, as perguntas ainda não foram esclarecidas pelo governo federal, “que insiste em empurrar a obra goela abaixo”. “Temos medo que aconteça com o São Francisco o que aconteceu com o Rio Colorado nos Estados Unidos, que secou antes de chegar no mar”, ressaltou. A preocupação de Vieira ganha consistência à medida que ainda não foi esclarecido quanto da vazão será realmente retirada do “Velho Chico” para realizar a transposição. “Nem todo o volume disponível pode ser usado. Existe vida ao lado. Não pode acontecer isso de utilizar 100% da vazão. É preciso manter o rio vivo”, enfatizou. Ele disse que os defensores do projeto ainda não responderam se a vazão disponível no rio é suficiente para fazer a transposição, já que o Comitê de Bacia do São Francisco concedeu uma série de outorgas (permissão oficial para o uso da água) se comprometendo a ceder água para outros investimentos. “Se for para fazer a transposição, que fique claro qual é o investimento que será realizado dentro da bacia, abastecimento, canal, irrigação. Ou uma coisa ou outra”, questionou. Com uma previsão de conclusão de 20 anos e um volume de recursos na ordem de R$ 4,5 bilhões, o projeto de transposição que apareceu “como salvador da pátria” para os nordestinos, não vai resolver o problema da falta de água, segundo engenheiros, já que moradores de localidades próximas ao rio continuarão a conviver com os efeitos da estiagem. “A obra não vai resolver o problema da falta de água. No projeto não constam dados sobre os custos com abastecimento das cidades ou mesmo a irrigação. Aqui mesmo em Alagoas, a 30 metros do Rio São Francisco, existem lavouras morrendo secas”, disse. Os defensores do projeto dizem que a transposição das águas vai beneficiar os estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, amenizando os efeitos da estiagem. “Não entendo como o governo chegou a essa conclusão, porque a quantidade de água estocada no Ceará e no Rio Grande do Norte é maior que em Alagoas”, acrescentou Vieira. A perda de água por evaporação é outro item ressaltado por especialistas e também não consta no projeto de transposição do governo Federal. “Isso ainda não foi calculado ou mesmo não foi passado para a sociedade que está alheia a muitas informações”.

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