As decisões tomadas nos parlamentos ou no Palácio República dos Palmares, sede do Governo de Alagoas, reverberam para além das extensas reuniões das repartições públicas, encontram uma Alagoas profunda e podem empurrar sua gente para frente ou para trás. Nos últimos anos, Alagoas saiu de um Estado descrente, amargando índices absurdos de violência e fome, sem perspectivas de discutir — como é possível discutir hoje — um ecossistema de startups ou a instalação de grandes empresas, por exemplo. Cada decisão, cada ajuste nas contas públicas, desatou um nó. São esses entraves e as estratégias por trás deles que a obra “Dos nós às contas: Alagoas costura uma nova história” descortina. Organizado pela jornalista e professora Patrícia Guimarães Gil, o livro foi lançado na sexta-feira (12), no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL). O título, que passa a figurar como importante fonte de pesquisa para quem deseja entender o moderno Estado de Alagoas, vai além, contando histórias de quem está do outro lado da mesa: o povo. Longe de ser um relatório, o livro conta, de forma poética, histórias de pessoas que mudaram a vida e a perspectiva acerca de Alagoas nos últimos anos. Isto é, da Maria, que conseguiu um emprego no novo Centro de Distribuição da Natura, instalado há um ano em Alagoas; ou do João, que concluiu o ensino médio com dignidade, entrou na universidade e agora pensa em inovações tecnológicas para melhorar a vida da própria comunidade. Cada história, como se fosse um enredado de filé, partiu de um nó desatado na administração pública. “O livro tem 11 capítulos e é um retrato de Alagoas neste momento. Então, ele refaz a história desde o início da gestão do Renan Filho, que encontrou um caos. Então, o foco principal é compreender como você sai do fundo do poço, enquanto gestão pública, com um caixa quebrado, com uma dívida social gigantesca, e reconstrói”, adianta Patrícia Gil. As questões econômicas do Estado são debulhadas nos dois primeiros capítulos. Nos seguintes, as transformações começam, a partir da reestruturação econômica. E aí surgem as histórias, que vão da educação à assistência social. “Eu acredito que a obra é um registro importante para a história de Alagoas e também servirá como modelo de gestão para os que desejam administrar contas e fortalecer economias. Colocamos uma lupa nas potências de Alagoas, mostrando o que muda quando se cria condições para o desenvolvimento. Mas quais condições foram essas? Como esse caminho foi pavimentado? É isso que tentamos responder”, continua Gil. “Os textos foram escritos por mim, por Leandro Lamin e por Kamilla Abely. As fotos são de Márcio Ferreira, Rômulo Melo e Paulo Soares. Eu fui responsável pela estruturação e organização da obra, mas o texto final passou pelo trabalho cuidadoso da editora Larissa Mundim e da revisora Cecília Castro. O design gráfico é de Bia Menezes e as ilustrações e infografias, de Luiz Antena. Faço um destaque fundamental para o trabalho parceiro de José Cláudio, motorista que me acompanhou por todo o estado, desbravando o sertão, a bacia leiteira e a Zona da Mata. A ele devo o agradecimento por realmente me apresentar Alagoas e me revelar a gentileza da gente alagoana”, finaliza a organizadora.
LANÇAMENTO
O lançamento do livro contou com a presença de personagens perfilados na obra, pessoas comuns, como estudantes e a mestra Irinéia, artesã de União dos Palmares. Autoridades e funcionários públicos do Governo de Alagoas também prestigiaram o evento. Para a secretária de Estado da Fazenda, Renata Santos, o livro joga luz sobre a mudança de perfil de Alagoas, que, nos últimos anos, deixou de ser lembrado apenas como um estado cercado por indicadores negativos, para se destacar pelo desenvolvimento e solidez fiscal. Ela lembrou, inclusive, que o prefácio do livro é assinado pelo estrategista econômico e ex-ministro Joaquim Levy. “Eu acho que o mais importante desse livro é mostrar que as pessoas têm o direito de sonhar. Quando a gente percebe que todos esses obstáculos listados pela Patrícia, quando vencidos, fazem com que os alagoanos tenham uma qualidade de vida melhor, isso mostra que estamos no caminho certo”, afirma a secretária. “Em oito anos conseguimos transformar medidas em motivo de esperança para muitos alagoanos, transformamos austeridade fiscal em sonhos realizados. Agora, com o lançamento dessa obra, essas histórias ganham voz. Histórias, por exemplo, de uma enfermeira que chegou em Alagoas como uma das pessoas que veio do Amazonas naquela crise de oxigênio durante a pandemia, mas que hoje trabalha no Hospital da Mulher. São personagens da vida real, de um Estado que celebra a solidez e a responsabilidade, que abraça o seu povo, que é o nosso motivo de existir”, finaliza Renata Santos.