Os 102 cursos de graduação, onde estão matriculados 28 mil estudantes de graduação da Universidade Federal de Alagoas, saíram da condição de pré-falência. A meta agora, segundo o reitor Josealdo Tonholo, é resgatar os 7 mil estudantes que abandonaram a sala de aula nos dois anos de pandemia do coronavírus. Ele admite que enfrentou crises e dois anos de recessão total provocada pela Covid 19. O estrangulamento orçamentário das famílias é um dos principais motivos da maior evasão escolar da Ufal. Para reduzir a evasão escolar e atrair os que deixaram de estudar, a Ufal pretende criar um programa de bolsa, reabriu o restaurante universitário e estuda novas formas de assistência estudantil. Segundo cálculo do reitor, 70% dos estudantes matriculados estão na situação de vulnerabilidade social. As áreas administrativa e acadêmica também precisam de investimentos. O parque tecnológico está ameaçado e superado em dez anos por causa da falta de investimento e a situação ameaça pesquisas em andamento. A boa notícia é que as financiadoras como Capes e CNPQ reajustaram os valores das bolsas de fomento à pesquisa e dos estudantes. O Finep também iniciou as primeiras chamadas para financiamento de equipamentos de laboratórios. “A defasagem é muito grande em setores como engenharia, química, odontologia entre outros. Para recompor é necessário investimentos elevadíssimos em todo o território nacional”.
RECURSOS
Só para a Universidade Federal de Alagoas, a renovação está orçada em R$ 90 milhões. No sistema de Ciência e Tecnologia são necessários investimentos da ordem de R$ 13 milhões. “Há uma predisposição do governo federal em fazer esses investimentos de forma escalonada para todo o País”. Recentemente, o Ministério da Ciência e Tecnologia fez um gesto positivo com a concessão de 870 cargos para novos pesquisadores. Esses cientistas vão fazer parte da estratégia de reposição de cargos nos Institutos de Pesquisas, que trabalham consorciados com as unidades como, por exemplo, nos campos de pesquisas energéticas, da matemática…. Em Alagoas haverá apoio para aumentos nos quadros do IBGE, FNS, Embrapa entre outras entidades que trabalham em parceria com a Ufal e foram prejudicadas pelo arrocho orçamentário e falta de pessoal.
RESTAURANTE
Além dos grandes investimentos no parque tecnológico, laboratórios e centros de pesquisas, setores menores também enfrentaram problemas. Um deles, o Restaurante Universitário, estava fechado desde novembro do ano passado por falta de recursos para pagar a fornecedores. O reitor disse que o restaurante está reaberto, atende pouco mais de 4 mil estudantes, professores e funcionários diariamente. “Agora estamos trabalhando para aumentar a demanda do R.U, porque os estudantes estão retornando para as atividades presenciais”. Entre os 28 mil universitários, a evasão no período da pandemia [2020 e 2022] foi um recorde. Mais de 7 mil abandonaram a universidade, a maioria por causa do desemprego familiar, problemas de saúde, falta de perspectivas, entre outros motivos. Cada universitário que abandona o curso, a Ufal entende que é uma transformação a menos na família, na região e impacta também na qualidade de vida do Estado. Dos 28 mil matriculados, 70% vivem em situação de vulnerabilidade social.
RESGATE
Os pró-reitores da Ufal buscam formas de ampliar a assistência estudantil. Há uma sinalização do governo federal com relação ao retorno dessa assistência. Para o segundo semestre, a universidade deve promover ações como visitas às comunidades onde pretende mostrar o que faz para desenvolvimento de todos os setores produtivos e da pesquisa. Quer, com isso, estimular os alunos dos cursos médios a entrarem nos cursos de graduação e resgatar os que abandonaram a sala de aula. Hoje há uma defasagem grande também no quadro de técnico, que conta com 1,7 mil profissionais e 1,7 mil docentes. Para complicar ainda mais a situação, todos os cursos passam por mudanças curriculares na graduação, pós-graduação e ocorre a curricularização da extensão universitária. A defasagem chega a 60% no quadro técnico e 10% no quadro de professores. Essas demandas serão apresentadas no encontro previsto com o Ministro da Educação, Camilo Santana, e com o presidente Lula, ainda neste semestre.
GARGALO ORÇAMENTÁRIO
Porém, o maior gargalo da Ufal é pagar o passivo das contas roladas no ano passado da Ufal e do Hospital Universitário, que somam R$ 20 milhões. Neste momento, a instituição busca a suplementação do orçamento para conseguir fechar 2023 sem dívida. “O nosso passivo é alto e temos que pagar até o final do ano. São débitos de outubro, novembro e dezembro, por conta do corte orçamentário e isto nos obrigou a rolar a dívida para este ano”, revelou o reitor. No dia 19 de abril passado, houve uma suplementação de R$ 18 milhões. Esse montante é 20% do orçamento discricionário da Ufal. A suplementação, segundo Tonholo, é insuficiente para fechar o ano no azul. O orçamento discricionário atual é de R$ 100 milhões (com a suplementação) e, de acordo com os contratos e compromissos fechados, a universidade precisa ter orçamento de R$ 170 milhões para concluir o ano em dia. O orçamento de R$ 800 milhões da folha de pessoal terá acréscimo de 9% e é gerido, à parte, pelo governo federal. Incluindo as contas do hospital Universitários, a universidade movimenta R$ 1,3 bilhão/ano. O HU também enfrenta defasagem de pessoal. Só no Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares] há necessidade de 670 novos servidores. Mesmo com a defasagem de Pessoal, o HU está funcionando com todas as suas especialidades. “Um dado relevante a ser destacado é que hoje a universidade injeta na Economia de Alagoas pouco mais de R$ 1,3 bilhão”.
CALENDÁRIO
O calendário escolar permanece defasado por conta dos dois anos de pandemia. Na semana passada foi discutido e aprovado no Conselho Universitário o novo calendário e a expectativa é fechar o ano e inicie 2024 com o calendário sincronizado com os calendários do Estado e dos municípios. O objetivo é começar 2025 com o período certo no primeiro semestre. O reitor considera que 2023 é um ano de suplementação, tentar consertar parte do estrago que está posto em todos os setores e mesmo assim deverá levar mais dois anos para regularizar muita coisa. Com relação ao parque tecnológico com uma década de defasagem, ainda não será renovado este ano. “Grande parte desses equipamentos demora para ser fabricado. Por isso, mesmo que a gente tenha uma injeção muito grande de dinheiro, teremos que trabalhar para importar os equipamentos, que são difíceis de adquirir. Os fabricantes têm limitação de oferta. Ao justificar a demora na renovação do parque tecnológico, Tonholo lembrou o caso do acelerador linear para tratamento de câncer no Hospital Universitário. “Esse equipamento foi encomendado pelo Ministério da Saúde. Levou dois anos e meio para ser implantado. Há um ano a Ufal está tentando comprar acessórios para fazer cirurgias. O dinheiro está na conta. Estamos negociando com a empresa fabricante, e a expectativa é que a entrega dos equipamentos ocorra em oito meses”. Hoje o acelerador está funcionando e, com a suplementação tecnológica, o HU terá condições de fazer cirurgias também, dentro de um grau de excelência nacional. Em Alagoas e a Santa Casa são os hospitais especializados em oncologia.
REELEIÇÃO
Em julho deverá haver eleição para reitor. O professor José Aldo Tonholo será candidato à reeleição na chapa com a vice-reitora Eliana Cavalcante. “Eu e a professora Eliana já nos colocamos a disposição”. A eleição do Conselho Universitário será em agosto. Provavelmente, a eleição para reitor deve acontecer em junho ou julho. Ainda não há nenhuma chapa concorrente porque, oficialmente, o processo não foi deflagrado. O processo será organizado pela Comissão eleitoral que é constituída por integrantes do Diretório Central dos Estudantes, Sindicato dos Trabalhadores e Associação dos Docentes da Ufal..