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Nº 5822
Política

Deputado pode ser convocado a depor

Por enquanto, as acusações e réplicas feitas por Nadja Ferro e por Cícero Ferro ainda não fazem parte do inquérito que apura o assassinato de Jacó Ferro. O delegado de Estrela de Alagoas, André Avancinni, que preside o caso, diz que a filha de Jacó Ferro

Por | Edição do dia 06/02/2005 - Matéria atualizada em 06/02/2005 às 00h00

Por enquanto, as acusações e réplicas feitas por Nadja Ferro e por Cícero Ferro ainda não fazem parte do inquérito que apura o assassinato de Jacó Ferro. O delegado de Estrela de Alagoas, André Avancinni, que preside o caso, diz que a filha de Jacó Ferro já foi intimada a depor, mas o depoimento só deve ocorrer depois do carnaval. Ele não descarta a possibilidade de também convocar o deputado Cícero Ferro para prestar depoimento. Perguntado se a polícia trabalha com a hipótese de o deputado ter sido o mandante, Avancinni foi evasivo: “Nenhuma hipótese é descartada pela polícia. Vamos investigar todas as possibilidades”. Segundo ele, se o nome do deputado surgir nos autos, ele poderá ser intimado. “Mas não há nada certo ainda”, complementou. Ainda segundo Nadja Ferro, os dois homens apontados como sendo os matadores de seu pai são “pistoleiros” e “capangas” de Cícero Ferro. “Eles são de Santa Rosa, em Pernambuco, e o Eronildo veio para Minador para trabalhar com o deputado”, afirmou a filha de Jacó. Segundo ela, a ligação dos pistoleiros com o deputado pode ser comprovada porque o advogado de Eronildo no processo em que ele foi acusado de porte ilegal de armas foi pago por Cícero Ferro, e no dia em que Eronildo foi solto do presídio – véspera do assassinato de Jacó Ferro – houve comemoração na casa do deputado. “Houve até carreata”, diz ela. Para Nadja Ferro, não adianta prender apenas os matadores de seu pai. “Foi um crime político e o mandante tem que ser punido. Ou será preciso que o deputado perca o mandato e essa maldita impunidade para pagar pelo que fez?”, indaga. Eleitores Mais uma vez, o deputado negou que Eronildo e Elinton Barros sejam seus seguranças. “Eles são meus eleitores, amigos e freqüentam a minha casa, mas nunca trabalharam para mim como motorista nem segurança”, afirmou. Apesar das evidências que a polícia tem contra os irmãos Eronildo e Elinton Barros – eles fugiram da cidade e usavam a mesma moto dos matadores –, o deputado ainda disse achar que eles poderão provar que estavam em outro lugar no dia do crime. “Eles fugiram porque qualquer um foge. Depois que tentaram me matar, um irmão meu foi morar em São Paulo, com medo, e outro veio embora para Maceió”, justificou. Cícero Ferro ainda insistiu em dizer que “nunca teve problema com Jacó Ferro” e que, por isso, não teria motivos para mandar matá-lo. “O meu problema com ele é que ele não era meu eleitor”, disse. Segundo ele, os quatro irmãos de Jacó Ferro – Bosco, Sebastião, Lauro e Luiz – são seus “primos, eleitores e amigos”. “Essa acusação que a filha do Jacó está fazendo, ela sabe que não é verdadeira”, provocou, citando, em seguida, vários crimes que Jacó e José Nilton Ferro teriam envolvimento. Citou os assassinatos do vereador “Vaca Véia”, em Cacimbinhas – os dois foram absolvidos –, de “Balé”, em Canafístula, e de José Boi, em Cacimbinhas. “Meu pai só foi a júri por um crime porque o deputado ficou dizendo que foi ele o responsável, mas ele foi absolvido por falta de provas. Acredito que todos esses crimes foram cometidos pelo deputado para tentar incriminar meu pai”, disse Nadja Ferro. Segundo ela, seu pai era pacífico, respeitado na cidade. “A prova dos nove foi tirada na eleição, quando, mesmo depois do drama armado pelo deputado e depois de ele deixar meu pai e meu tio sem partido para disputar a eleição, a mulher dele perdeu para o Emílio, que teve apoio do meu pai”, afirmou Nadja. Perguntada sobre a participação de José Nilton e do irmão dela, Jackson Ferro, no atentado contra o deputado Cícero Ferro, Nadja Ferro disse que não aconteceu um atentado, mas sim um “confronto”. “Meu tio Zé Nilton tinha 80% dos votos nas pesquisas. Primeiro o deputado espalhou que ele era ladrão de banco, depois tomou o PFL da gente. Na minha opinião, eles se cruzaram na estrada e houve um confronto”, disse ela. Nadja disse ainda achar que seu tio, irmãos e primos acusados do atentado não se apresentam porque não há garantia de que terão segurança. “Se o deputado diz que manda e desmanda, que garantia eles terão de que ficarão vivos se forem presos?”, questionou. (LB)

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