Afundamento dos bairros
GOVERNO QUER QUE DÍVIDA COM AL SEJA INCLUÍDA NA VENDA DA BRASKEM
O governo de Alagoas alega ser o maior credor da companhia após acidente ocorrido em Maceió, em 2018


O governo de Alagoas criticou a maneira como estão sendo feitas as negociações para possível venda da Braskem e defendeu que as propostas para a compra (caso surjam) devem incluir, obrigatoriamente, a dívida da petroquímica com o poder público e as alternativas de como será paga. O governo alega ser o maior credor da companhia após acidente ocorrido em Maceió, em 2018.
Em nota enviada à imprensa nacional, o governo elencou as pendências da empresa no Estado, sobretudo com os moradores e comerciantes dos bairros afetados pela exploração de minério. Muitos deles sequer foram compensados financeiramente. O desastre ambiental afetou 17 mil imóveis, tirou 60 mil pessoas das casas e fechou 3.600 empresas, deixando 10 mil pessoas desempregadas. “Destaca-se que a Braskem, de forma agravante, sequer iniciou tratativas em relação aos seus passivos com o governo de Alagoas, as cinco prefeituras da grande Maceió também afetadas indiretamente pelo desastre, os mais de 24 mil proprietários cujos imóveis, situados nas áreas limítrofes do entorno do desastre, foram fortemente desvalorizados e com os cinco mil moradores da área denominada como Flexais”, destacou a nota. O governo de Alagoas informou que o chamado “passivo de Alagoas” está ainda longe de ter sua resolução positivamente encaminhada, cenário que “é bem diferente de como a empresa deseja fazer crer em suas notas ao mercado ou em documentos oficiais”. Segundo a nota, “os informes divulgados pela petroquímica têm o potencial de confundir investidores, as bolsas de valores onde opera, a CVM e os potenciais novos controladores. A todos, este governo reforça o alerta de que o passivo da Braskem em Alagoas permanece em aberto com os seguintes envolvidos: governo do estado; ex-moradores das áreas afetadas; proprietários de imóveis do entorno do desastre; moradores dos Flexais; Prefeitura de Maceió; e mais prefeituras da Grande Maceió”, reforça. Por outro lado, o governo defende que, no cálculo a ser feito para a eventual aquisição da empresa, fiquem excluídos os valores devidos à Prefeitura de Maceió, por considerar uma negociação que estaria adiantada entre a gestão municipal e a petroquímica. “A presente nota relevante visa a esclarecer a opinião pública brasileira da real situação da dívida da Braskem em Alagoas, provocada pelo que a empresa denomina de ‘incidente geológico’, mas que, de forma tangível (vide deslocamentos e alteração na vida real das pessoas), foi o maior desastre ambiental do mundo ocorrido em área urbana. É notório que qualquer transferência acionária da Braskem a outro grupo demanda, antes, a solução do grave problema deixado pela petroquímica para o povo de Alagoas”, reforça. A Agência O Globo informou que a Novonor (antiga Odebrecht) quer vender os 50,1% do capital votante que detém na Braskem. A Petrobras, por sua vez, conta com 47% das ações com direito a voto na empresa. Recentemente, a estatal solicitou acesso ao data room virtual da Braskem, para eventual exercício de tag along ou de direito de preferência, na hipótese de alienação das ações detidas pela Novonor na companhia petroquímica.