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RUPTURA DE SP COM PROGRAMA DO LIVRO DIDÁTICO É QUESTIONADA EM AL

Educadores veem decisão do governo paulista como retrocesso e medida prejudicial aos estudantes

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Imagem ilustrativa da imagem RUPTURA DE SP COM PROGRAMA DO LIVRO DIDÁTICO É QUESTIONADA EM AL
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A decisão do governador de São Paulo, Tarcísio Freire (Republicanos) de romper com a Programa Nacional do Livro Didático para usar conteúdo digital e online provocou reações em Alagoas. A ideia do governo paulista era abolir totalmente o livro impresso, mas, diante da repercussão negativa, Freire anunciou que o material terá também a versão impressa.

Para a dirigente sindical Girlene Lázaro, que representa o Sinteal no Conselho Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), a decisão é um retrocesso a política de ensino adotada há décadas no País e que conta com a colaboração dos maiores especialistas em educação.

“Mais uma vez estamos diante de um gestor que não vê a importância do livro para a população. Me refiro a essa experiência pedagógica que é o livro didático muito positiva para os estudantes tanto do ensino infantil como o ensino médio. Negar esse direito é aprofundar uma desigualdade que já existe neste país” afirmou Girlene.

Sobre o ensino digital, que já é uma realidade no Brasil, é importante que seja um complemento do aprendizado formal, que tem no livro sua principal referência.

“Ele tem que ser usado como uma questão complementar ao livro didático e nem o professor. Isso é um retrocesso que está se promovendo. E o mais grave é que uma decisão dessa está sendo tomada sem discutir com quem está no dia a dia no chão da escola. Com quem faz acontecer a educação”, acrescentou Girlene.

Ela lembra que os elementos principais do PNLD é proporcionar aos estudantes durante o aprendizado a experiência da leitura e da escrita. E isso é resultado de muita pesquisa ao longo dos anos, onde os maiores especialistas do País, em diferentes áreas específicas reuniram elementos que comprovaram o resultado final que é o aprendizado.

ESPECIALISTA

Os reflexos da mudança de rumo do governo de São Paulo podem provocar prejuízos para os estudantes. É o que também aponta o professor da Ufal Fernando Sílvio Cavalcante Pimentel. Ele destaca que o Programa Nacional do Livro e do Material Didático é um dos maiores vetores de apoio ao desenvolvimento da Educação Básica, com uma estrutura dinâmica e que busca fornecer aos estudantes materiais significativos para a aprendizagem.

“Entretanto, o governador de São Paulo está buscando outras formas de fornecer materiais para as escolas. O que ele propõe é a utilização de material próprio, e totalmente (ou quase totalmente) em formato digital. Aqui temos dois problemas, na minha percepção: ter material totalmente digital vai contra ao que as pesquisas na área da aprendizagem indicam. Ter somente material digital impede o desenvolvimento de uma série de competências que só podem ser adquiridas com material “físico” (analógico:). O outro problema é que cria um descompasso com todo o resto do Brasil, que adota os materiais do PNLD”, analisou Fernando.

Pimentel, que atua como pesquisador do Centro de Educação é o responsável pela Coordenadoria Institucional de Educação a Distância, alerta para o fato de que o material que será produzido e adotado pelo governo paulista será atestado, eventualmente, por profissionais que atual apenas na rede estadual.

“Ou seja, o material do PNLD atende a um processo criterioso de elaboração, validação e distribuição, com características que correspondem àquilo que os estudantes precisam para estudarem. A partir dos estudos e pesquisas que desenvolvemos na área da aprendizagem com tecnologias digitais a decisão paulista não será benéfica a quem mais precisa: os estudantes. Haverá prejuízo na aprendizagem”, completou Fernando.

Mesmo tendo uma postura divergente da adotada, em São Paulo, nem a Secretaria Estadual de Educação do Estado de Alagoas (Seduc) nem a Secretaria Municipal de Educação (Semed) quiseram se manifestar. Por causa da natureza política que envolve a escolha, os dois órgãos seguem colocando em prática tudo o que preconiza do PNLD que vem sendo usado há décadas em Alagoas e tem contribuído para a redução do analfabetismo.

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