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Nº 5814
Política

DETONAÇÕES DA VALE VERDE PROVOCAM TREMORES E ASSUSTAM CRAÍBAS

Mineradora faz explosões controladas todas as quintas-feiras, ao meio-dia, afirma direção da Vale Verde

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 02/09/2023 - Matéria atualizada em 02/09/2023 às 04h00

No município de Craíbas, a mineradora Vale Verde utiliza explosivos na extração de minério de cobre. As explosões ocorrem semanalmente na mina Serrote, próximo ao centro administrativo da cidade, às quintas-feiras, por volta das 12h, conforme acordo com a prefeitura e a comunidade local. Ao contrário de moradores que reclamam de tremores e de casas rachadas, o secretário municipal de Meio Ambiente, Nivaldo Batista, explicou que se houver tremores na atividade de mineração são de baixa intensidade e estão dentro de especificações técnicas estabelecidas pela Agência Nacional de Mineração, Instituto Estadual de Meio Ambiente e outros órgãos de fiscalização

“Nós acompanhamos as explosões com ajuda de órgãos federais e estaduais. São feitos estudos periódicos. Tudo é monitorado com equipamentos, e relatórios são encaminhados para os órgãos ambientais de fiscalização e controle”, afirmou.

Quanto às reclamações dos moradores que estão com imóveis rachados por conta, segundo eles, das explosões na mineração e tremores de terra, o secretário de Craíbas confirmou ter recebido as reclamações de alguns moradores. “Existe uma Ação Civil Pública onde os moradores, com a ajuda da Defensoria Pública de Arapiraca, cobram indenização. Mas isso é uma decisão que deve ser emitida pela Justiça no momento oportuno”.

Com base em argumento da empresa de que não pretende indenizar os que reclamam de rachaduras nos imóveis, o secretário de Meio Ambiente disse que alguns dos imóveis são de fundações baixas. “Mas tudo está sendo analisado pela Justiça”.

REUNIÕES DE DANOS

Mensalmente há reunião do Comitê Social Participativo de Mineração com representantes de comunidades vizinhas à mineradora Vale Verde. Na última reunião, quinta-feira (30), a empresa repetiu aos participantes que “os desmontes [detonações] para retiradas de minérios de cobre são controlados”.

O secretário Nivaldo Batista estava na reunião com 14 representantes comunitários. “Os tremores de terra em Arapiraca foram discutidos no encontro. A empresa repetiu que os desmontes em Craíbas não têm relação com os abalos sísmicos na cidade vizinha”, afirmou Nivaldo. Ele ressaltou que já visitou a área de extração de minério de cobre e disse que tudo lá é monitorado e controlado.

Por outro lado, admitiu que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente não tem técnicos especializados para avaliar se as rachaduras dos imóveis em comunidades próximas da mina Serrote sofreram danos por conta das explosões. “Não temos geólogos para definir essa questão. O caso está na Justiça, que já pediu laudos sobre o assunto e estamos aguardando uma decisão”.

Os tremores registrados em cidades de Alagoas, Pernambuco e Sergipe são de intensidades baixas, decorreram de diversas falhas geológicas em acomodações. Eles são monitorados, assustam, mas não comprometem a segurança das populações. O último tremor ocorreu na quinta-feira (31), por volta das 15h na cidade de Craíbas e teve magnitude de 2.2 na escala Richter, sem danos na cidade. Os geólogos afirmam ainda que os fenômenos são rotineiros e aprovam a ideia de investigações ambientais.

O geofísico Aderson Farias explicou, em entrevista à TV Gazeta na quinta-feira (31), que os eventos acontecem em placas tectônicas. As atividades sísmicas ocorrem por conta da reativação de falhas no subsolo. Os focos, segundo ele, são restritos a uma área de 10 quilômetros.

A doutora em Geologia da Universidade Federal de Pernambuco Rochana Andrade Lima, também professora do Centro Tecnologia e Ciências (Cetec) da Universidade Federal de Alagoas, disse ao jornal Gazeta que os abalos “são naturais”. Ela acompanha os tremores de terra com os equipamentos do Laboratório Sismológico da UFRN. “Temos registrado abalos em vários municípios: Atalaia, Rio Largo, Igreja Nova entre outros. Em Pernambuco, os tremores têm maior intensidade na cidade de Caruaru. Está ocorrendo um processo de acomodação das falhas geológicas”.

A cientista confirmou que existem várias falhas geológicas entre Alagoas, Sergipe e Pernambuco. “Os tremores de Alagoas a gente classifica como Acomodações de Reativações de Falhas. Isso é um processo natural e são pequenos abalos”.

Sobre a relação das explosões promovidas pela Mineradora Vale Verde, em Craíbas, com os abalos em Arapiraca, a Geóloga Rochana considerou que, nesse processo de acomodação de terra nas falhas geológicas, ela não percebe relação com as explosões da mineradora e muito menos com os problemas geológicos nas minas da Braskem. Todavia, considerou como correta a investigação da Defesa Civil, que solicitou os mapas das explosões da mineradora. AF

Leia mais nas páginas A7 e A8

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