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Nº 5759
Política

DEFESA CIVIL INVESTIGA RELAÇÃO DE MINERAÇÃO COM TREMORES NO AGRESTE

Órgão não descarta a perturbação de placas tectônicas da região com explosões para extração de minério

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 02/09/2023 - Matéria atualizada em 02/09/2023 às 04h00

A terra continua tremendo no Agreste de Alagoas. Na quinta-feira (31), a população de Craíbas (25.537 habitantes- IBGE) voltou a sentir em alguns pontos. O laboratório sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte confirmou que o abalo atingiu 2.2 de magnitude na escala Richter. Nesse município, ocorrem tremores programados pela Mineradora Vale Verde, todas as quintas-feiras, às 12h, com explosões para extração de minério de cobre, e moradores reclamam de casas rachadas.

No município vizinho de Arapiraca, a maioria dos moradores está assustada com os abalos que se multiplicam e relacionam com atividade mineradora. A Coordenação Estadual da Defesa Civil vai cobrar o mapa das detonações realizadas pela Mineradora Vale Verde na exploração de minério de cobre em Craíbas.

A Coordenação Estadual de Defesa Civil Estadual entrou no caso, vai cobrar o cronograma e mapas de explosões na extração de minério de cobre no Agreste, revelou uma importante fonte de pesquisas geológicas na região. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Moisés Melo confirmou. “O epicentro do abalo de terra que assustou a população dos dois municípios do Agreste está identificado em Arapiraca e Craíbas. Vamos cobrar o mapa de explosão para extração de cobre. Com os mapas das detonações da mineradora, vamos cruzar informações a respeito de dias, horas das explosões, movimentos sismológicos e outras ocorrências. Queremos saber se há nexo entre os tremores de terra com os momentos das detonações da mineradora”, disse Moisés.

Sem acusar diretamente a mineradora, Moisés informou que quer entender como ocorrem as detonações, como é trabalho cotidiano da retirada de minérios, áreas de exploração, profundidade das áreas exploradas e se há ação que afeta ou perturba de alguma forma as falhas geológicas identificadas pelos especialistas. O coordenador disse que os abalos vêm ocorrendo com alguma frequência.

Desde 2015, os estudos do laboratório sismológico da UFRN registraram 305 tremores de terra em Alagoas, 106 no ano passado, e este ano ocorreram 57 tremores de terra em escala de até 2.5 magnitude.

“Está comprovado pelos geólogos de Alagoas e do Brasil que existem falhas geológicas entre Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Queremos saber se tem alguma relação das detonações feitas pela Mineradora Vale Verde com a possível acomodação de terra nesta área de falhas geológicas e se tem relação com os tremores de terra em Arapiraca, Craíbas e o grau de risco futuro”.

O coronel Moisés Melo lembrou que na fase de implantação dos trabalhos de mineração da empresa em Craíbas, diversos imóveis com alicerces rasos não suportaram os abalos de terra e racharam. “Os moradores ainda reclamam da situação”.

Quanto aos tremores na capital do Agreste, a Defesa Civil estadual ainda não tem registro formal de prejuízos ou danos em imóveis. No local do epicentro dos tremores, no vale da Perucaba, na Comunidade de Olho d’Água dos Cazuzinhas, há três conjuntos habitacionais populares. Há registro da Defesa Civil local de rachaduras em imóveis. A população está assustada e quer saber a origem dos tremores e o grau de risco naquela zona rural.

Todo o trabalho de investigação e os mapas de detonações de mineradora serão enviados para o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “As nossas investigações querem identificar o que pode ter ativado a falha geológica. Nenhuma hipótese é descartada. Inclusive os problemas geológicos que provocaram o fechamento das 35 minas de exploração de sal-gema da Braskem também estão na mira das investigações. O que queremos saber é o que pode ter ativado as falhas geológicas e a origem das causas dos tremores de terra. Por isso, nenhuma hipótese será descartada nas investigações geológicas e ambientais”, repetiu Moisés Melo.

PLACAS TECTÔNICAS

O prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB), não descarta nenhuma possibilidade para as ocorrências de tremores de terra na cidade dele. Também não acusa ninguém, revelaram os assessores mais próximos. As equipes técnicas da prefeitura trabalham em conjunto com a Coordenação Municipal de Defesa Civil a fim de identificar, explicar a origem dos tremores de terra e se há algum tipo de “perturbação” na geologia da região.

A Defesa Civil de Arapiraca oficialmente ainda não tem explicações precisas. Porém, o coordenador Lindomar Ferreira confirmou que está instalando na área do epicentro dos tremores [na Comunidade de Olho d’Água dos Cazuzinhas], equipamentos para identificar a movimentação de placas tectônicas na região.

Quantos às especulações apontando que explosões na atividade de mineração da empresa Vale Verde, no vizinho município de Craíbas, estariam provocando abalos sísmicos em Arapiraca, Lindomar disse que seria prematuro fazer qualquer afirmação nesse sentindo. “É irresponsabilidade minha afirmar hoje que há relação dos abalos de terra aqui com as atividades da mineradora em Craíbas. Só um estudo técnico conclusivo pode definir o que está ocorrendo”. Ao ser questionado se descartava tal possibilidade, respondeu que a possibilidade está sendo investigada também. “É uma irresponsabilidade também descartar todas as hipóteses. Vamos instalar o marco topográfico na área do epicentro para identificar o que está ocorrendo”.

Na quinta-feira (30), a Defesa Civil começou a trabalhar com equipes de geólogos, engenheiros e outros técnicos da prefeitura local. “Ainda não é possível identificar culpados, mas não descartamos nenhuma possibilidade”, disse o coordenador municipal de Defesa Civil. Ele confirmou que profissionais da Defesa Civil Estadual, de Maceió e especialistas que trabalharam no caso do afundamento do solo nos bairros afetados pelas minas da Braskem fizeram uma inspeção in loco em Arapiraca, se reúnem com profissionais locais para trocar experiência e tentar identificar as causas dos abalos sísmicos.

De acordo com Lindomar Ferreira, os encontros das Coordenações de Defesa Civil marcam o início da investigação das causas do tremor. “Estamos com geógrafo, geólogo e engenheiros civis e outros técnicos fazendo o mapeamento para instalar os sismógrafos.

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