Política
Fam�lia estaria armada para se enfrentar

LUIZA BARREIROS A cúpula da Secretaria de Defesa Social considerou um sucesso a megaoperação realizada ontem em Minador do Negrão. Segundo o diretor-geral da Polícia Civil, Roberto Lisboa, apesar de não ter havido prisão das sete pessoas acusadas de participação no atentado ao deputado Cícero Ferro (PMDB), nem dos dois acusados do assassinato do ex-vereador Jacó Ferro, a operação cumpriu o objetivo de desarmar integrantes da família Cardoso Ferro. A intenção principal era desarmar a família, já que em Minador os parentes vivem em pé-de-guerra, explicou Lisboa. Segundo ele, a operação foi montada com base em informações fornecidas pelos próprios integrantes das duas alas da família Ferro, que davam conta de que eles estavam armados para se enfrentar. Para Roberto Lisboa, o saldo da operação 16 armas apreendidas, mais de 50 munições, um colete à prova de balas e três homens presos, sendo dois ligados a José Nilton Cardoso Ferro e um ao deputado Cícero Ferro demonstra que a polícia alagoana não tem lado na guerra entre facções da família em Minador do Negrão. Trabalhamos em cima da legalidade e mostramos que não vamos aceitar o enfrentamento armado em Minador do Negrão, parta de quem partir, avisou o diretor-geral. Ainda segundo o delegado Roberto Lisboa, o sucesso da operação também se deveu à parceria feita com a Justiça, que atendeu aos pedidos de busca e apreensão feitos pelo delegado Regional de Palmeira, Rosivaldo Villar, e manteve segredo a respeito do conteúdo dos mandados. Os mandados foram entregues à polícia na noite de terça-feira, e as equipes foram mobilizadas sem saber para onde ou o que iriam fazer, assegurou. Foragidos Lisboa afirmou também que a operação tinha o objetivo de tentar prender o fazendeiro José Nilton Cardoso Ferro e os outros seis acusados de envolvimento no atentado ao deputado Cícero Ferro (PMDB), ocorrido em 31 de janeiro de 2004. Entre os procurados estão dois filhos de José Nilton e um filho de Jacó Ferro. As equipes também levavam mandados de prisão expedidos pelo juiz de Palmeira dos Índios, Luciano Andrade, contra os irmãos Elinton e Eronildo Barros, acusados de terem sido os autores do assassinato de Jacó Ferro, no último dia 28 de janeiro. Os dois são apontados como sendo capangas do deputado Cícero Ferro e estão foragidos desde o dia do crime. Infelizmente, nenhum deles foi preso. Apesar de lamentável, o fato comprova que não são verdadeiros os boatos que circulam na cidade e fora dela, de que os foragidos estariam escondidos nas fazendas da famílias, desafiando a polícia alagoana, avaliou Lisboa. Invasão Durante todo o dia de ontem, circulou na região a informação de que José Nilton Cardoso Ferro pretendia invadir a Delegacia Regional de Palmeira dos Índios para resgatar os dois presos ligados a seu grupo político. A informação fez com que a população de várias cidades da região se deslocasse até Palmeira na esperança de assistir ao resgate. Segundo o delegado Roberto Lisboa, a invasão foi apenas mais um boato envolvendo a guerra na família Cardoso Ferro. Eles não ousariam fazer isso, até porque a Delegacia Regional de Palmeira é um das mais seguras e bem estruturadas do Estado, disse. Segundo ele, além de policiais da delegacia Regional e da Distrital, a Regional conta com apoio do Batalhão da Polícia Militar, que foi mantido de sobreaviso. O delegado Roberto Lisboa garantiu ainda que a operação realizada ontem não será a única. Nós continuaremos investigando e buscando a prisão das pessoas foragidas e de pessoas que insistam em se armar na município, disse. Silêncio O deputado estadual Cícero Ferro não quis fazer comentários sobre a operação realizada ontem em Minador, que incluiu uma operação de busca em uma de suas fazendas. Não tenho nenhuma avaliação a fazer, disse. A Justiça e a polícia que tomem as providências que considerarem necessárias, complementou. O deputado afirmou ainda que as fazendas dele estão à disposição da polícia. Na operação de ontem, não foram encontradas armas nem munição na fazenda de propriedade do parlamentar.