
BASE DE PAULO LANÇARÁ FRENTES EM ‘MISSÃO’ ELEITORAL EM MACEIÓ
Partidos aliados ao Governador articulam nomes para fazer frente a JHC nas eleições do ano que vem
Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 23/09/2023 - Matéria atualizada em 23/09/2023 às 04h00
O nome ainda não foi confirmado, dentro do PT, um dos partidos que dão sustentação ao Governador Paulo Dantas (MDB). Formando federação com o PV, a legenda, antes de escolher quem será o nome do partido que disputará a eleição em Maceió, poderá se dividir internamente entre os nomes do deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) e do presidente do Diretório Municipal, Marcelo Nascimento.
Nascimento é uma liderança LGBTQIA+, pioneiro da discussão direitos humanos dos homossexuais desde o final dos 1990. Ligado ao grupo interno comandado pelo deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, é um dos articuladores do partido, transita com facilidade por várias correntes e, fora do partido é visto como uma pessoa de fácil diálogo.
Essa ligação com a causa e a fidelidade partidária foi reconhecida pela Secretária Nacional LGBTQIA+ da Direção Nacional do PT, Janaína Oliveira. Ela esteve em Maceió e conversou com Marcelo Nascimento sobre a importância da construção do seu nome para a disputa do próximo ano. O desejo de que tire a candidatura majoritária do armário foi claro.
Na verdade a intenção do partido é disputar vagas para cargos eletivos e cadeiras nas câmaras de vereadores. Em Maceió, o PT tem uma cadeira ocupada pelo médico vereador Dr. Valmir Gomes. Conciliador por natureza, não faz o "jogo" da legenda de oposição intransigente ao prefeito JHC. Nesse quesito, sua colega de parlamento, a vereadora Teca Nelma, atualmente no PSD, cumpre melhor esse papel. E isso despertou o "interesse" do PT por ela e vice-versa.
Com a mãe, a ex-vereadora Tereza Nelma, ocupando a Secretaria Nacional de Aquicultura, deve jogar a "rede" para ver se conquista a militância petista.
OPOSIÇÃO
Quando o discurso é de oposição, além de Nascimento, o partido também conta com o deputado estadual Ronaldo Medeiros. Ele já deixou claro que é contra qualquer articulação do partido que defina sem grandes debates quem será o nome da legenda para enfrentar JHC. Mesmo na Casa de Tavares Bastos, ele já direcionou sua verve contra a gestão municipal. A saúde já entrou na mira e foi duramente criticada pela falta de cobertura ampliada do Programa Saúde da Família uma das bandeiras do PT Nacional quando o assunto é o Sistema Único de Saúde (SUS).
A proposta de Medeiros é, junto com petistas de outras cidades, a exemplo de Marechal Deodoro, não aceitar decisões de "cima para baixo" do Diretório Nacional que acomodem nomes ligados aos grupos majoritários do PT.
Nesse sentido, Medeiros tem um trunfo que Nascimento não tem. Trata-se do fato de ter uma ligação política antiga com o senador Renan Calheiros (MDB). Foi isso, no passado, que conseguiu lhe garantir o comando do INSS
ESTRATÉGIA EMEDEBISTA
E, neste momento, Renan quer pessoas de sua confiança para fazer frente à popularidade, liderança nas pesquisas e articulação do prefeito JHC. Medeiros sabe disso e já disse a aliados mais próximos que vai para a disputa interna junto à militância petista. Acredita que, com o apoio do "padrinho" político, pode romper até com a força de Paulão.
Isso porque Paulão, que pode ser o segundo nome no grupo de Renan ao Senado, não vai querer se indispor e criar barreiras para entrar na disputa e, pelo menos, conseguir sustentar seu nome e lançar sua candidatura em 2026.
Renan, por sua vez, trabalha para evitar que as articulações a partir de Brasília, que trouxeram o União Brasil e o Republicanos para a base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possam minar seu grupo político em Alagoas.
A chamada "intervenção" de Lula não é algo visto como possível pelo líder do MDB alagoano, mas não pode ser descartada, já que o presidente precisa de Arthur Lira, aliado de JHC, ao seu lado pelo menos até o próximo ano para evitar "rachas" na Câmara dos Deputados.
Por isso, a estratégia emedebista é testar logo nomes do partido como os dos deputados estaduais José Wanderley Neto (MDB) e Alexandre Ayres (MDB), bem como de Rafael Brito (MDB) como possíveis adversários de JHC. A tese sustentada é a de que, nas duas últimas eleições municipais, o partido chegou ao segundo turno. A última delas com Alfredo Gaspar, quando era do lado de cá. E, duas eleições atrás, com Cícero Almeida.
O PSD de Rui, que também já derrotou JHC no passado, não definiu se ele estará à disposição dessa "tarefa". É uma decisão que terá de ser negociada com a legenda. Na CMM, os vereadores do partido já subiram o tom em relação à gestão municipal.
Palmeira, por sua vez, tem feito o que manda o script e sendo um atuante secretário estadual de Infraestrutura. E, como já sabe que nas gestões petistas programas como o "Minha casa, Minha vida" dão visibilidade e popularidade, trabalha por fora para se fortalecer também para as majoritárias de 2026.
Mesmo assim, nada que uma boa conversa com a amarração de acordos ´possa mudar os planos em "nome do grupo"..