Neste 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra -A Fundação Palmares [órgão do Ministério da Cultura] reabre o processo de tombamento da Serra como “Patrimônio Mundial da Humanidade”. O processo [que ficou quatro anos parado] classifica a área do Quilombo dos Palmares [no topo de Serra] como “a terra da liberdade”. A serra já foi tombada como Patrimônio de Alagoas. Em 1985, o Ministério da Cultura também tombou como Patrimônio da Cultura e da História do Brasil, em seguida foi reconhecida como patrimônio do Mercosul e das Américas. A informação foi revelada pelo professor-doutor Zezito Araújo, vice-presidente da Academia Alagoana de Educação (Acale) e um dos integrantes na formatação do processo de tombamento e reconhecimento da Serra pelo Ministério da Cultura.
Depois de ter sido aniquilado em 1694 pelas tropas portuguesas, totalmente dizimada em 20 novembro de 1695 após prisão e a morte do último líder Zumbi dos Palmares, o Quilombo enfrentou e venceu o preconceito e a discriminação histórica. Porém, nos últimos quatro anos foi ignorado pelo ministério da Cultura. Agora, os órgãos federais voltam a cultuar os 100 anos de resistência de Palmares (1595-1695), afirma a coordenadora do Movimento Anajô e do programa “Vamos Subir a Serra!”, jornalista Valdice Gomes, ao anunciar a retomada e a peregrinação para Serra sem a perseguição federal.
Os governos contemporâneos de Alagoas e as entidades do Movimento Negro reconhecem a Serra da Barriga, o Quilombos dos Palmares e Zumbi como marco da resistência da população negra que chegou escravizada no Brasil, destaca o professor-doutor Zezito Araújo. “A serra é patrimônio do povo negro, do Brasil e das Américas”.
A Fundação Palmares, com novo comando no Ministério da Cultura, encontrou apoio político para reabrir o processo de reconhecimento daquele “solo alagoano sagrado” em União dos Palmares, que vai reconhecer como Patrimônio da Humanidade, revelou Zezito.
TOMBAMENTO
O Quilombo dos Palmares e a história da serra passaram a ser reescrita depois de 1980, quando um grupo de lideranças negras como Abdias Nascimento, Joel Rufino, Lélia Gonzalez, Dulce Pereira, professores e militantes alagoanos como Zezito Araújo, Wanda Menezes, Fátima Viana, entre outros, começaram a mobilização e a formatação do processo para o tombamento da serra pelo Ministério da Cultura. Em 1985, o então ministro da Cultura Aluísio Pimenta, no topo da serra, assinou o decreto de tombamento do novo Patrimônio da Cultura Brasileira.
A Secretaria de Estado da Educação adotou o livro do professor Zezito “Quilombos dos Palmares - Negociação e conflito” com o viés do movimento negro. Alagoas está adotando livros com a releitura de União dos Palmares. Os professores dos ensinos básico e médio de literatura, de sociologia, de história, de química, matemática, fazem novas pesquisas com os alunos para entender a organização dos quilombos e especial o de Palmares.
A proposta dos professores e pesquisadores negros é inserir no currículo escolar, em todos os níveis, a temática “Quilombo dos Palmares”, para fortalecer a identidade cultural da população negra. A nova secretária de Estado de Educação, Roseana Vasconcelos, também abraçou a proposta.