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Política Maceió, 15 de novembro de 2023
Pessoas correndo/praticando esporte no entorno da Lagoa da Anta, localizado na Av. Álvaro Otacílio, 5500 - Jatiúca, Maceió - AL, Brasil
Foto:@Ailton Cruz

FREQUENTADORES DE ECOSSISTEMA TEMEM CONSTRUÇÃO DE ESPIGÕES

Pessoas que costumam passear no entorno da Lagoa da Anta revelam insatisfação com venda de hotel para empreendimento imobiliário

Por Da Redação | Edição do dia 18/11/2023 - Matéria atualizada em 18/11/2023 às 04h00

A agonia de moradores, turistas e desportistas que desfrutam a praia da Jatiúca, em especial próximo à Lagoa do Anta, só cresce. Desde o anúncio da venda do Hotel Jatiúca, o local passou a ser ainda mais visitado.

O projeto, que prevê cinco “espigões” de concreto no local onde hoje fica o Hotel Jatiúca, tem provocado indignação e preocupação. Entre os frequentadores, reina a incerteza sobre o futuro da região e que tipo de impacto o novo empreendimento pode causar na localidade.

À Gazeta, frequentadores manifestaram insatisfações. Um deles é o representante comercial Fabiano Bulhões, que aproveitava o dia de sol do feriado da Proclamação da República e não escondeu a decepção com a divulgação de que área pode desaparecer.

“É um prejuízo para a cidade, para o turismo e para as pessoas que moram aqui. Para aquelas que praticam exercício aqui, matinais ou em qualquer horário, a lagoa é um atrativo”, observou Bulhões.

Morador do Recife, ele diz temer que os impactos das obras venham a interferir diretamente nos aspectos ambientais que marcaram a região durante anos. “E acredito que realmente essa construção pode impactar o visual aqui, que é um ponto turístico e um exemplo ambiental excelente para todos”, completou Bulhões.

Sua esposa, a bancária Laís Nunes, chegou a fazer um apelo para que algo seja feito para conter a ocupação imobiliária no local. Acostumada a conviver com a realidade da capital pernambucana, que diz ser rica em parques e áreas de convivência, ela sugeriu uma reavaliação do projeto.

“É muito complicado isso. É melhor que se reavalie para que mantenha o bem-estar da população”, acrescentou Laís.

CONVIVÊNCIA

A Lagoa da Anta, com sua paisagem integrada ao hotel, tornou-se uma das mais importantes áreas de convivência da orla da Jatiúca. Seja pela tranquilidade, seja pelo equilíbrio da natureza, o local foi projetado cuidadosamente pela equipe do paisagista Roberto Burle Marx.

Caminhando pelo entorno da lagoa para aproveitar o dia de sol, a funcionária pública Gisele Carvalho revelou que tem uma relação afetiva com a área desde que nasceu, quando ainda frequentava com seus pais.

“Essa lagoa está aqui desde que me entendo por gente. Tenho 32 anos e acredito que temos de preservar esta bela paisagem, pois já não há muitas como ela”, observou a servidora.

Segundo Gisele, é fundamental que seja encontrada uma forma de assegurar a continuidade do paisagismo local porque ele já está completamente integrado à cidade.

“Ainda mais depois que conseguimos concluir a obra, que garante o passeio pela orla. É tão bonito caminhar por aqui. Por que tirar? Até que ponto vale a pena?”, indagou Gisele.

‘VAI TIRAR O QUE TEMOS DE BONIto’

A aposentada Lourdes Souto, que frequenta o local, defendeu que a Lagoa da Anta não só se mantenha, como seja melhorada.

Em geral, ela costuma passear e se exercitar em suas caminhadas no período da manhã. Por isso, acredita que é possível melhorar o que já existe.

“Quero que a lagoa continue no local dela. Mas que seja feita alguma coisa para que ela fique ainda mais bonita. Seja pela limpeza ou outra coisa. Mas tirá-la, de jeito nenhum. De jeito nenhum mesmo”, defendeu Lourdes.

Sua colega de caminhada, Dislene Silva, que também é aposentada, é a favor de que se invista mais no visual e na limpeza. Para ela, o passeio na região é um ganho permanente para que possa frequentar aquele ponto da praia.

“Se quiser vender, como já vendeu, tudo bem. Mas que a lagoa continue como está. Limpá-la diariamente e uma arrumação”, sugeriu.

Traumatizada com o desastre ambiental provocado pela Braskem, ela não escondeu temer pelo pior.
“Se for fazer prédio aqui, o visual não vai ficar como está. A praia não vai ser mais assim. Vai tirar tudo de bonito que temos, que é a praia. Vai ser como a Braskem, que acabou com tudo”, previu Dislene.

A preocupação com a destruição que pode ser produzida na área ecologicamente intacta por décadas foi reforçada pelo químico Gerônimo Malta. “Isso é um absurdo porque é uma área de preservação. Uma área de Marinha, toda ela. Então, colocar aqui várias torres de 20 ou 30 andares, como isso vai ficar? Aqui é a Lagoa da Anta e não pode acabar. As autoridades têm que ficar de olho”, concluiu Malta.

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