O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, procurou interlocutores do governo do Brasil pedindo que o Planalto e o Itamaraty intercedam para acalmar a situação na fronteira entre Venezuela e Guiana, para que a crise não escape do controle.
A Casa Branca está receosa com a tensão na América do Sul em razão da disputa pelo território de Essequibo, segundo informações do portal UOL. Porém tem ciência que, neste momento, não pode tampouco tem condições de “manejar” a crise.
O governo Biden considera que seria demasiado complexo existir mais um local de tensão territorial no mundo, depois da guerra na Ucrânia e a situação em Gaza. Um conflito militar na América do Sul seria “desastroso”. Para Washington, o Brasil seria um ator mais “adequado” para agir no sentido de evitar uma escalada militar.
Nas conversas, os americanos consideram que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva estaria numa posição privilegiada para promover esse diálogo.
Os contatos entre os governos americano e brasileiro estão ocorrendo “de forma constante” nos últimos dias, segundo informaram fontes do alto escalão no Executivo.
A pressão se daria em duas frentes simultâneas:
Venezuela: um alerta claro para Maduro que, se o presidente venezuelano prosseguir com esses planos de anexação de Essequibo, não haverá qualquer chance de retirada das sanções internacionais que asfixiam sua economia e que todo o avanço nas negociações com a oposição seria interrompido;
Guiana - um recado que o país pode contar com a simpatia diplomática, militar e política dos EUA. Mas isto não significa que o governo local deve endurecer seu discurso ou se sentir empoderado, refutando qualquer tipo de diálogo com a Venezuela.
O governo ofereceu Brasília para sediar conversas entre os dois lados. Diplomatas aguardam ainda para saber de que forma as propostas foram recebidas, tanto pelo governo de Caracas quanto por Georgetown, a capital da Guiana.
DECRETOS
Em uma nova escalada no conflito com a Guiana, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou na sexta-feira (8) seis decretos para incorporar Essequibo e transformar o território guianense em um estado venezuelano.
A iniciativa ocorre no dia seguinte ao anúncio de que os Estados Unidos realizariam exercícios militares na Guiana, inclusive em Essequibo, o que a Venezuela interpretou como uma “provocação”.
✅ Pela primeira vez, Maduro deu um horizonte para os planos serem levados adiante: “2030, ou mais”, “para cumprir o mandato do povo que votou pelo sim”. Foi uma referência ao plebiscito realizado no último domingo, com participação de metade dos eleitores da Venezuela, em que a anexação de Essequibo foi aprovada.
Essequibo, uma região maior que a Inglaterra e o estado do Ceará, está atualmente sob controle da Guiana, mas a Venezuela reivindica o território como seu.