Pela primeira vez, o drama vivido pelos moradores de cinco bairros atingidos pelo afundamento do solo causado pela mineração da Braskem em Maceió foi levado, ontem, à instância mais alta de poder no País.
Durante uma reunião tensa que durou quase três horas, com divergências entre os grupos políticos do prefeito JHC e do Governador Paulo Dantas, o Presidente Lula pediu moderação da classe política de Alagoas e ofereceu o governo federal para ser o intermediador de uma solução para o desastre.
A reunião ocorreu no gabinete de Lula. Todos os participantes puderam expor seus pontos de vista. Estavam também presentes o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), os ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Casa Civil, Rui Costa, além dos senadores Renan Calheiros (MDB), Rodrigo Cunha (Podemos) e Fernando Farias (MDB); e os deputados Paulão (PT), Isnaldo Bulhões (MDB) e Rafael Brito (MDB).
Segundo Rui Costa, o governador e o prefeito da capital alagoana aceitaram a proposta de trégua .
“Saímos da reunião com um pacto: todos se comprometeram a deixar eventuais disputas políticas – que lá [no estado] é muito suave, muito tênue - e colocar o interesse da população em primeiro lugar”, disse Costa a jornalistas após o encontro.
Ele afirmou que, com a decisão conjunta, os diversos entes públicos poderão “incrementar um conjunto de reuniões, buscando solucionar a situação”, cobrando da empresa responsável pela área “uma solução técnica imediata”.
“Isso não significa que ninguém [governo estadual ou municipal] abrirá mão das iniciativas jurídicas ou das medidas legais que cada um achou pertinente [em determinado momento]”, frisou o ministro.
O encontro também tratou de auxílio emergencial de R$ 2,6 mil por família a 6 mil pescadores e da construção de 2,6 mil unidades habitacionais pelo Minha Casa, Minha Vida nas faixas dois e três.
REIVINDICAÇÕES
Após a reunião, o Governador Paulo Dantas concedeu entrevista ao lado do ministro Renan Filho e do deputado Paulão (PT). Ele ressaltou que todas as reivindicações apresentadas ao governo federal foram elaboradas com a participação das vítimas, representantes da Prefeitura de Maceió e prefeitos da região metropolitana da capital alagoana.
“Solicitei ao Presidente para que intermediasse um pacto para que sejam indenizadas as vítimas, os municípios metropolitanos e Governo do Estado. O presidente Lula se comprometeu a estudar o caso e conversar com seus ministros para que ajam em busca de um maior acordo consensual para buscar a reparação e a indenização das vítimas”, destacou.
UNIÃO
O prefeito JHC também defendeu um entendimento entre o município, o Estado de Alagoas e o governo federal para o enfrentamento do problema causado pela Braskem.
“É hora de união por Maceió. Na reunião com o presidente Lula, defendi um pacto do município com os governos federal e estadual. Temos que cobrar da Braskem, cuidar das pessoas e investir em habitação”, escreveu JHC em suas redes sociais.