Bill Gates, fundador da Microsoft, publicou texto na terça-feira (12) no qual elogia a importância e o alcance social do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele afirmou que o restante do mundo poderia aprender com o Brasil.
Implantado pelo então presidente Collor, há 33 anos, o SUS é o único sistema de saúde pública do mundo que atende mais de 200 milhões de pessoas – 80% delas dependem, exclusivamente, dos serviços públicos, com princípios de integralidade, igualdade e universalidade.
“Em cerca de três décadas, o Brasil reduziu a mortalidade materna em quase 60%, reduziu a mortalidade infantil de menores de cinco anos em 75% – ultrapassando em muito as tendências globais – e aumentou a esperança de vida em quase uma década. Nenhuma dessas conquistas foi acidental. Em vez disso, são o resultado de investimentos de longo prazo que o Brasil fez no seu sistema de saúde primário, com os quais outros países podem aprender e imitar”, escreveu no artigo “Lições de salvamento de vidas do Brasil”.
No texto, Bill Gates ressalta que é “um grande fã do Brasil há algum tempo” e relembra a primeira vez que esteve no País, em 1995, quando a Microsoft ainda estava desenvolvendo as suas operações aqui para lançar o home banking.
“Algumas das minhas viagens favoritas em família foram à Amazônia, cujo rio, bacia e floresta tropical surgem frequentemente durante conversas sobre alterações climáticas. Mas só quando comecei a trabalhar na saúde pública é que comecei a apreciar o quão impressionante é o histórico do país nessa área – e o quanto o resto do mundo poderia aprender com ele”, relembrou Gates.
AGENTES COMUNITÁRIOS
Os elogios feitos pelo americano se estendem principalmente ao programa de agentes comunitários de saúde, que são profissionais que atuam especialmente em áreas remotas. O empresário lembra que mais de 286 mil agentes atendem a quase dois terços da população – cerca de 160 milhões de pessoas, oferecendo orientações sobre saúde e higiene, defendendo cuidados preventivos e acompanhando consultas médicas.
“Atuam como porta de entrada para o maior sistema de saúde público gratuito e universal do mundo, e seu impacto tem sido transformador. Eles são creditados por reduzirem ainda mais a mortalidade infantil e por levarem a cobertura vacinal a níveis quase universais”, diz Gates.
REDUÇÃO DA POBREZA
O bilionário também elogia o programa Bolsa Família e o seu papel na redução da pobreza no País. “Pude aprender sobre essas iniciativas através da parceria da Fundação Gates com o Ministério da Saúde do Brasil – que se concentrou no combate à malária, melhorando a produção de vacinas, aproveitando a capacidade intelectual local para abordar questões de saúde globais e documentando o impacto dos programas sociais e de saúde por meio das ciências de dados. E fiquei realmente impressionado”, disse ele.
Sem se esquecer das crises financeiras que levaram a cortes nas despesas com cuidados de saúde, o bilionário destaca que “o sistema de saúde do Brasil não precisa ser perfeito para servir como prova do que acontece quando um país investe estrategicamente no cuidado dos mais vulneráveis: os retornos são muitas vezes de longo alcance e mudam vidas”, expressou Bill Gates.