Política
Quintella j� admite depor, escolhendo data e lugar

ODILON RIOS LUIZA BARREIROS Repórteres A decisão do secretário-executivo de Educação, Maurício Quintella Lessa, de não atender ao convite feito pela Polícia Federal (PF) para prestar esclarecimentos nas investigações da Operação Gabiru, vem sendo considerada um erro político até por aliados. Fontes ligadas ao governo, ouvidas ontem pela Gazeta, admitiram que ao deixar de atender ao convite, alegando ter direito a prerrogativas do cargo de deputado federal, Quintella deu uma espécie de tiro no pé. Quem não deve não teme, avaliou ontem um secretário de Estado. Tanto é assim, que o próprio governador Ronaldo Lessa (PDT), ao receber o ofício da PF pedindo que ele apresentasse o secretário de Educação na tarde de ontem, encaminhou um novo ofício a Maurício Quintella comunicando data, hora e local do depoimento. A iniciativa de Lessa teve como base entendimentos da Procuradoria Geral do Estado e da Secretaria do Gabinete Civil, que opinaram que, por estar licenciado do cargo de deputado federal para ocupar o cargo de secretário de Educação, Quintella não poderia fazer uso das prerrogativas do cargo para deixar de depor. Ontem pela manhã, o advogado Fábio Ferrário, contratado por Maurício Quintella, protocolou um requerimento na PF, no qual justificou a impossibilidade de Quintella depor, por causa do foro privilegiado, e sugeriu que o presidente do inquérito marcasse data e a hora do depoimento. Ferrário também se reuniu com o superintendente da PF de Alagoas, Rogério Cota, para tratar do assunto. O delegado deverá ligar para o secretário ou para mim, disse Ferrário, que não adiantou a data ou o local sugeridos por Quintella, dizendo preferir esperar o pronunciamento do presidente do inquérito. O depoimento pode acontecer até na sede da Polícia Federal, admitiu o advogado. O convite feito pela PF para depor, tem como objetivo esclarecer informações de possíveis irregularidades em licitações realizadas no órgão para a compra de merenda escolar, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Quintella teria sido citado em grampos telefônicas dos indiciados no inquérito, obtidas com autorização da Justiça. Na entrevista coletiva na segunda-feira, Maurício Quintella disse acreditar ter sido convocado pela PF por causa da contratação da empresa Torres e Queiroz Ltda (também conhecida como Suevit), que ganhou a licitação para a aquisição de merenda escolar para as escolas da rede estadual. A Suevit pertence ao ex-prefeito Rafael Torres, preso na carceragem da PF, acusado de liderar o esquema de fraude em licitação. A Suevit direcionava licitações e viabilizava notas frias para justificar despesas públicas que não existiam. O secretário utilizou como argumento, para não depor na PF, que era deputado federal, apesar de estar licenciado do cargo. Eu não sou secretário, estou secretário, afirmou à imprensa, sempre lembrando que era deputado federal. Segundo o advogado Fábio Ferrário, vai existir a manutenção do trato cavalheiresco, segundo o qual o secretário vai depor marcando data e local, mas, ao mesmo tempo, entrando em acordo com o presidente do inquérito, o delegado federal Andrei Augusto Passos. Ele [Quintella] quer que a coisa seja conduzida da maneira correta. Ele não é investigado. A Polícia Federal não tem poderes para investigá-lo, disse Ferrário, completando que o secretário não se nega a prestar esclarecimentos à PF, mas pede que o ofício que convoca Quintella seja diretamente enviado e ele e não ao governador Ronaldo Lessa.