Política
TC pede � PF dados sobre indiciamento

LUIZA BARREIROS Repórter O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TC/AL), conselheiro Edival Gaia, encaminhou ontem ofício à Polícia Federal (PF), solicitando informações sobre os fatos que levaram ao indiciamento do procurador-chefe do órgão, José Correia Torres, no inquérito que apura desvio de recursos federais destinados à merenda escolar nas prefeituras alagoanas. Torres foi ouvido pela PF no último dia 1º e indiciado sob a acusação de corrupção passiva, advocacia administrativa e formação de quadrilha. O ofício foi dirigido ao delegado federal Andrei Passos. O objetivo é obter subsídios para tomar medidas administrativas em relação ao servidor comissionado no órgão. José Torres é primo do empresário e ex-prefeito Rafael Torres, considerado o líder do esquema de desvio de recursos públicos federais. A voz de José Torres foi identificada em uma escuta telefônica obtida com autorização da Justiça, na qual Rafael Torres pedia sua ajuda para interceder no julgamento de um relatório de fiscalização da prefeitura de Matriz do Camaragibe. Na mesma ligação, Rafael Torres fala sobre a entrega de R$ 40 mil ao primo. Para a PF, o dinheiro prometido seria uma propina. Mas na versão do advogado de José Torres, Marcos Uchôa, houve uma má interpretação dos fatos tratados no telefonema. Segundo ele, como José Torres havia sido tesoureiro da campanha do candidato a prefeito de Rio Largo Mário Torres, ele vinha recolhendo com a família recursos necessários para saldar dívidas da eleição. Rafael se comprometeu em dar R$ 40 mil em duas parcelas de R$ 20 mil, explicou. Sobre o pedido para interceder no relatório da fiscalização em Matriz, o advogado disse que a gravação obtida pela PF captou a resposta negativa de sua cliente. O Rafael tratou de dois assuntos no mesmo telefonema e a maior prova de que o dinheiro de campanha não teve ligação com o pedido feito por ele é que o relatório da autoria foi concluído, apontando diversas irregularidades ocorridas em Matriz, observou o advogado. José Torres havia pedido férias, mas na próxima semana deverá colocar seu cargo à disposição da presidência do Tribunal de Contas.