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Construtoras denunciam favorecimento

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BLEINE OLIVEIRA Repórter Um grupo de construtoras alagoanas reclama de suposto favorecimento da superintendência regional da Caixa Econômica Federal a uma imobiliária de Maceió, para venda em projetos financiados por meio do Programa Imóvel na Planta (PIP). Criado há cerca de dois anos, o PIP tem reserva de R$ 7,7 bilhões para projetos em área urbana e dotados de infra-estrutura básica. Segundo a denúncia, o esquema favoreceria à imobiliária Soares Nobre, de propriedade de Emanoel Soares Nobre, funcionário da Caixa Econômica e irmão do atual superintendente da instituição, Edmilson Soares Nobre. Os construtores, que preferem não ter seus nomes revelados de imediato, mas assumem inteira responsabilidade sobre a denúncia, reclamam que qualquer projeto para ser aprovado dependeria de um acordo com a Soares Nobre. Essa imobiliária teria exclusividade na comercialização dos imóveis construídos com recursos da Caixa. As construtoras que contratarem outras imobiliárias para suas vendas, seriam obrigadas a pagar comissão à Soares Nobre. Os recursos para o PIP, provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), bem como do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e dos próprios beneficiários, destinam-se a imóveis ainda na planta ou já em fase de construção, diretamente a pessoas físicas. A Imobiliária Soares Nobre está comercializando apartamentos nos edifícios Maison de Provence, na Ponta Verde, Residencial Jardim Alagoas, no Farol, e Ilhas do Caribe, em Mangabeiras. Os três são da construtora Contrato Engenharia, que recebeu recursos do Programa Imóvel na Planta. CONTRA-ATAQUE Funcionário da Caixa há quase duas décadas, Emanoel Soares Nobre reagiu à acusação de que estaria se favorecendo do emprego, e do fato de ser irmão do superintendente, para obrigar construtoras a contratarem a imobiliária de sua família. “Nem que eu quisesse isso seria possível”, afirmou ele Além de negar a denúncia, Emanoel disse também que a maioria das construtoras e imobiliárias está despreparada para vender imóveis financiados. “Todo mundo sabe que, pelo passado do Sistema Financeiro de Habitação, o comprador se retrai quando se fala em imóvel financiado”, afirma. Ele se sustenta na própria experiência para contestar a acusação, alegando que há quase 20 anos atua no ramo imobiliário e especificamente com financiamentos da Caixa. “Muito antes de meu irmão assumir a superintendência nossa empresa já estava no ramo”, afirma Emanoel Soares Nobre. Competição Na avaliação dele, muitos construtores e corretores não se preocuparam em buscar alternativas enquanto o mercado viveu fases de recessão. Daí as dificuldades que enfrentam hoje quando surgem alternativas de vendas. “Fomos buscar em São Paulo a experiência de como vender o imóvel na planta. Temos facilidade em comercializar porque damos total assistência a nossos clientes e somos procurados por construtores que sabem de nossa experiência e capacidade”, declara Emanoel. Mas lembra que “não é fácil atuar nessa área, principalmente para quem se acostumou com a venda direta”. Ele ressalta que não tem influência na Caixa para definir se essa ou aquela construtora terá projeto aprovado. Por isso diz não entender de onde e por que essa denúncia surgiu. Entretanto, reage à acusação afirmando que o mercado imobiliário é exigente e competitivo, e nele “quem não tem competência, não se firma”. Concluindo, Emanoel Soares Nobre lembra que a única entidade que tem venda assegurada de imóveis da Caixa Econômica é o Sindicato dos Corretores de Imóveis. “Os demais têm que se capacitar e ter a confiança das construtoras”, completa. ### Instituição financeira nega acusações O superintendente Edmilson Soares Nobre não recebeu a reportagem, enviando em seu lugar a gerente de Mercado em exercício, Aparecida Machado. Ela refutou a acusação, assegurando que as negociações entre a Caixa e seus parceiros se baseiam em critérios e regras legalmente constituídas. “Essa denúncia é absolutamente inverídica. Não há meios para que alguém interfira na liberação dos recursos. Qualquer construtora pode se habilitar a receber recursos”, disse a gerente. Tanto que, ressalta Aparecida, a própria Caixa procura construtoras e demais agentes capacitados para oferecer programas de financiamento. A busca inclui empresas já cadastradas na instituição, bem como aquelas que estão na lista de associadas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). “Nos interessa movimentar a indústria da construção civil”, disse a gerente da Caixa. Segundo ela, o último convite da instituição ao mercado imobiliário foi encaminhado a 40 construtoras e menos da metade procurou a Caixa para se informar sobre as regras do financiamento. Os convites foram encaminhados também a diversas imobiliárias, mas apenas cinco buscaram informações sobre os projetos. “Oferecemos treinamento a corretores, seja de imobiliária ou autônomo, para que saibam como oferecer nossas linhas de crédito”, acrescenta Aparecida. As que atenderam ao convite e foram treinadas são a Márcio Raposo Imóveis, Nilo Zampieri, Imobili, Comlar e Soares Nobre. A Caixa recebeu também inúmeros corretores autônomos. A gerente explica ainda que, após esse primeiro contato, a Caixa constatou que nem todos os corretores estão capacitados a vender imóveis na planta. Tanto que das cinco que compareceram apenas a Márcio Raposo, com edifícios construídos pela B. Santos, e a Soares Nobre, com imóveis da Contrato, se habilitaram. Nos demais casos, o processo não evoluiu. Para a gerente de Mercado, “seria uma estupidez limitar as vendas a uma única imobiliária”. Aparecida assegura que a meta da Caixa é ter 40 construtoras cadastradas e com projetos aprovados, pois o volume de recursos disponíveis é alto. “Precisamos de quem venda”, acrescenta. Sobre a participação da Soares Nobre e o fato de a imobiliária pertencer a um funcionário da instituição, que tem parentesco com o superintendente, a gerente fez poucos comentários. Mas garantiu que não há qualquer interferência de Emanoel Soares Nobre ou favorecimento a sua empresa. Aparecida fez um desafio a corretores de imóveis. “Qualquer um que esteja disposto a vender, procure as construtoras, ofereça suas propostas, e veja se há favorecimento”, completou. |BL

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