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Sob suspeita, Caixa fala em colaborar com investiga��es

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CARLA SERQUEIRA Repórter Após receber a notícia da instauração de inquérito pela Polícia Federal, a Caixa Econômica resolveu se pronunciar, em nota oficial, sobre o susposto esquema de favorecimento no qual estaria envolvida, tendo como principal beneficiário Emanuel Soares, irmão do superintendente regional, Edmilson Soares, também funcionário do banco e dono da imobiliária Soares Nobre. Na nota, o assessor de comunicação da Caixa Econômica, Pedro Paes, informa que conferiu a veracidade da existência do inquérito com o próprio superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Carlos Rogério Ferreira Cota. “A Caixa não havia sido comunicada sobre qualquer inquérito instaurado contra a empresa”, diz, no documento. Em seguida, o banco se coloca à disposição das investigações, oferecendo, inclusive, documentos para apreciação. “Informada por Ferreira Cota sobre a abertura do inquérito, a equipe da Caixa se coloca imediatamente à disposição da Polícia Federal para quaisquer esclarecimentos e entrega de documentação que sejam necessários”. Transparência Na mesma nota, a Caixa Econômica fala de transparência e de obrigação social, afirmando que a postura de colaborar com a Polícia Federal faz parte da “política de transparência da empresa”, e espera, com isso, “que, o mais rapidamente possível, toda a verdade seja comprovada. Essa é nossa obrigação, como empresa do governo federal, frente a toda a sociedade brasileira”, finaliza a redação do documento, o assessor Pedro Paes. A abertura de inquérito pela Polícia Federal foi anunciada no início da tarde de ontem, em entrevista coletiva, pelo assessor da PF, Fábio Franciolly. Segundo ele, a polícia, numa investigação prévia, teria achado indícios que fundamentam as denúncias e por isso decidiu pela abertura de inquérito policial. Denúncia A denúncia foi feita por empresários da construção civil à Gazeta na última sexta-feira, dia 3 e a matéria, publicada no domingo, dia 5. Os empresários preferiram resguardar suas identidades, mas afirmaram que assumem inteiramente a responsabilidade pelas informações passadas. Segundo eles, a imobiliária Soares Nobre teria exclusividade na comercialização de imóveis construídos com recursos do Programa Imóvel na Planta (PIP), que dispõe de R$ 7,7 bilhões para investimentos. A Gazeta apurou que, antes mesmo dos empresários denunciarem o suposto esquema, o escritório da Caixa Econômica em Alagoas já vinha sendo investigado por uma equipe de auditores de outros estados. ### Denúncias surpreendem a Ademi O presidente da Associação dos Empresários do Mercado Imobiliário (Ademi), Felipe Cavalcante, se mostrou surpreso com as denúncias que envolvem a regional alagoana da Caixa Econômica Federal num susposto esquema de favorecimento à imobiliária Soares Nobre na execução do Programa Imóvel na Planta (PIP). Segundo as denúncias, a empresa que estaria sendo beneficiada é de Emanuel Soares Nobre, irmão do superintendente da Caixa em Alagoas, Edmilson Soares. “Não vejo indícios contra ele [Edmilson Soares]. A Caixa tem buscado, inclusive, atrair novas imobiliárias para o programa”, acredita ele. Felipe Cavalcante informou que a Ademi possui cerca de 60 empresas associadas, entre construtoras e imobiliárias. Ele afirma nunca ter visto qualquer sinalização de favorecimento por parte da superintendência da Caixa Econômica Federal no Estado. “Encaro como uma fatalidade”, observou, classificando as denúncias publicadas na Gazeta, no último domingo, dia 5. Cavalcante afirma ser testemunha do trabalho que a empresa Soares Nobre vem fazendo na capital. “É uma empresa antiga no mercado. Antes mesmo do irmão de Emanuel Soares assumir a Superintendência da Caixa, ela [a empresa] já atuava em Maceió e nunca a vi metida em falcatruas”, observou. Mas o presidente da Ademi não se posiciona contra os denunciantes. “As pessoas que denunciaram devem ter informações que nós não temos”, ponderou, ressaltando a importância do PIP. “É um programa que é bom para todo mundo, da construtora aos clientes. É bom deixar claro que o programa não tem nada a ver com isso; as denúncias giram em torno apenas do superintendente e da empresa Soares Nobre”. Os recursos para o PIP, provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), bem como do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e dos próprios beneficiários, destinam-se a imóveis ainda na planta ou já em fase de construção, atendendo diretamente a pessoas físicas. O superintendente da Caixa Econômica Federal, regional Alagoas, Edmilson Soares, disse, em matéria publicada pela Gazeta domingo, que “mesmo que quissesse”, o favorecimento à empresa do irmão seria impossível. A Gazeta está acompanhando o caso desde que recebeu as denúncias, na última sexta-feira, dia 3. Interesses A Ademi é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em Maceió, no ano de 1981. A sua finalidade é congregar e defender os legítimos interesses das empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas, além de estimular toda e qualquer ação voltada para a qualidade intrínseca dos empreendimentos. O presidente da entidade, Felipe Cavalcante, quando questionado sobre a existência de rivalidades entre as empresas que formam o mercado imobiliário de Alagoas, é enfático, explicando desconhecer esta postura entre construtoras ou imobiliárias alagoanas. “Quem deveria responder esta pergunta são as empresas que denunciaram. Eu não acredito nisso”, disse Cavalcante. No entanto, o empresário Márcio Rapôso Imóveis confirmou as suspeitas, que, segundo ele, alimentam comentários no setor há pelo menos seis meses. “Cerca de 90% dos empreendimentos comercializados pela Soares Nobre são financiados pela Caixa; e 100% de todos os empreendimentos financiados pelo PIP vão para a mesma imobiliária”, destaca ele. |CS ### Conselho desconhece acusações As denúncias feitas por empresários do setor da construção civil, de favorecimento, por parte da Caixa Econômica Federal, à imobiliária Soares Nobre, na comercialização de prédios construídos com recursos do Programa de Imóvel na Planta (PIP), ainda não chegaram, oficialmente, ao Conselho Regional dos Corretores Imobiliários (Creci). Ontem, o empresário Manoel Santana, presidente da entidade, disse que teve conhecimento das denúncias por meio da imprensa (matéria publicada na Gazeta do último domingo), lamentou o fato, e afirmou que o Conselho só discutirá uma posição se a denúncia for formalizada. “Não temos elementos para qualquer ação. Se alguém oferecer denúncia, aí vamos proceder os encaminhamentos para assegurar os direitos dos corretores”, garantiu ele. Enquanto empresário do setor, Santana disse desconhecer fatos que indiquem o favorecimento denunciado pelos colegas, e destacou a “seriedade do superintendente da Caixa, Edmilson Nobre”, irmão do proprietário da imobiliária apontada como beneficiária do esquema, e também funcionário da Caixa, Emanuel Soares Nobre. “Para nós foi surpresa essa notícia. Recebemos com muita tristeza. Não temos conhecimento desse favorecimento, e nunca tivemos motivos para duvidar da seriedade do pessoal da Soares Nobre. Quanto ao superintendente da Caixa, sempre manteve a boa relação com o mercado imobiliário, e tenho ele como uma pessoa que sempre procurou atrair investimentos para Alagoas”, disse Manoel Santana. Segundo denúncia feita por um grupo de construtores, a Soares Nobre teria exclusividade na comercialização dos imóveis construídos com recursos da Caixa. Ainda segundo a denúncia, as construtoras que contratarem outras imobiliárias para suas vendas, seriam obrigadas a pagar comissão à Soares Nobre. Os imóveis comercializados pela imobiliária Soares Nobre são os edifícios Maison de Provence, localizado no bairro nobre da Ponta Verde, o Residencial Jardim Alagoas, situado no Farol, e o Ilhas do Caribe, em Mangabeiras. Os três são da construtora Contrato Engenharia, que recebeu recursos do Programa Imóvel na Planta. Sem fundamento Ontem pela manhã antes de a Polícia Federal anunciar a abertura de inquérito para investigar as denúncias feitas contra a Caixa em Alagoas, a Gazeta também tentou, mais uma vez, conversar com o superintendente da instituição, Edmilson Nobre, e com a auditoria, que anunciou, no início da semana, a investigação das denúncias. O assessor de comunicação da Caixa, Pedro Paes, informou que há uma determinação jurídica para que ele não dê declarações, e que toda informação sobre o caso seja dada pela assessoria de comunicação. Pedro Paes disse não ter idéia de quando a auditoria concluirá os trabalhos, e afirmou que, para a Caixa, o assunto está encerrado. “É uma denúncia infundada, improcedente, feita na base do ouvi dizer. Ninguém apresentou documentos, não há denúncia formalizada em lugar nenhum, e, sobre o que foi dito, já demos os devidos esclarecimentos por meio da gerência de habitação. Para nós é assunto encerrado, mas estamos à disposição de quem quer que seja, para dirimir qualquer dúvida”, concluiu ele. FA

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