Política
Cavalcante fica 30 dias em Pernambuco

LUIZA BARREIROS Repórter O governo de Alagoas conseguiu, num acordo de última hora, que o Estado de Pernambuco aceitasse receber o ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante em um de seus presídios. O acordo que foi conduzido pelos órgãos de segurança, mas ao final teve o aval do Poder Judiciário dos dois estados prevê a permanência do líder da gangue fardada no Presídio Professor Barreto Campelo, por apenas 30 dias. Cavalcante estava no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, em São Paulo considerado o mais rígido e seguro do País há 148 dias. Sua transferência de Alagoas foi solicitada pelo Tribunal de Justiça, depois que uma investigação do Judiciário concluiu que, mesmo preso, Cavalcante continuaria a comandar o crime organizado e que ele estaria planejando matar juízes que o condenaram. Cavalcante também é acusado de ter planejado o assassinato de Ebson Vasconcelos, o Eto, principal testemunha contra ele no processo do assassinato do tributarista Silvio Vianna, pelo qual foi condenado a 19 anos de prisão. Roteiro Cavalcante deixou o presídio em Presidente Bernardes por volta das 5 horas da manhã de ontem, escoltado sob forte esquema montado pela Polícia Militar local. Às 6h10, ele embarcou em um avião de carreira no aeroporto da cidade de Presidente Prudente com destino a São Paulo, fazendo escala em Marília. Cavalcante estava algemado, e ao descer do camburão da polícia para entrar no avião, tentou esconder o rosto com um blusão de frio. Já dentro da aeronave, ele foi filmado e fotografado mostrando o rosto sem o bigode que sempre foi sua marca registrada. No Presídio de Presidente Bernardes, onde ele foi mantido sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), ele foi barbeado e teve os cabelos cortados curtos. A informação inicial dada pela assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo era de que ele viria direto para Alagoas. No início da tarde, no entanto, foi confirmado que o ex-oficial havia sido levado para Pernambuco, onde desembarcou no Aeroporto de Guararapes, às 15h30. Um dia antes, o juiz da 1ª Vara de Execuções Penais do Recife, Adeildo Nunes, havia negado o pedido de transferência ou permuta feito pela Justiça de Alagoas. Segundo o secretário Executivo de Ressocialização de Pernambuco, Josberto Rocha, seu Estado apenas atendeu a um pedido feito pelo governo de Alagoas para que o preso ficasse temporariamente no sistema prisional. É normal os estados se darem esse tipo de apoio, explicou. Ele disse ainda que ficou acertado com a Secretaria de Defesa Social de Alagoas que ele faria a comunicação do acordo ao juiz de Pernambuco e que a Secretaria de Alagoas entraria em contato com o juiz Ivan Brito, substituto da Vara de Execuções Penais de Maceió. Segundo o juiz Ivan Brito, o próprio juiz Adeildo Nunes encaminhou ofício para Maceió, comunicando que havia reconsiderado sua decisão anterior e permitido que Cavalcante ficasse por 30 dias em Pernambuco, só que no presídio Aníbal Bruno. ### Ex-militar é tratado como preso comum Se no presídio paulista de Presidente Bernardes, o ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante ficava em cela isolada, sem contato com outros presos e com restrições a visitas e aos meios de comunicação, no presídio pernambucano de Barreto Campelo ele terá tratamento de preso comum. A informação foi dada pelo secretário Executivo de Ressocialização de Pernambuco, Josberto Rocha. Segundo ele, até ontem não havia nenhuma orientação a respeito da manutenção do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), ao qual Cavalcante vinha sendo submetido desde fevereiro. Eu mandei botar ele lá no Barreto Campelo como um preso comum. Se tiver algum tratamento especial, caberá ao diretor do presídio, disse. Isso significa que Cavalcante dividirá cela com outros presos e não terá nenhuma regalia em relação à população carcerária de mais de 1.300 pessoas. Além de estar acima da capacidade de 1.100 presos, o presídio localizado na Ilha de Itamaracá, a 47 km de Recife tem deficiência na segurança interna (com cerca de sete agentes por plantão). No último dia 26 de junho, uma rebelião deixou o prédio sem água e energia e causou a morte de dois agentes e feriu gravemente outros cinco. Especial O advogado Cláudio Vieira disse ontem que dará entrada hoje em um pedido para que seu cliente tenha direito a prisão especial. Ele tem curso superior e sentenças que ainda não transitaram em julgado, justificou. LB