Política
PF indicia mais um e conclui inqu�rito

| LUIZA BARREIROS Repórter O ex-secretário de Obras da Prefeitura de Feliz Deserto e atual engenheiro da Prefeitura de Penedo, Moacir Beltrão Araújo, 43, foi indiciado ontem pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura o desvio de R$ 3,6 milhões da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Ele é acusado de ter feito o contato com oito empresas que na época eram fornecedoras da Prefeitura de Feliz Deserto para que estas emprestassem suas contas bancárias para que o dinheiro desviado das contas da Sesau fosse depositado. Segundo a PF, para as contas das empresas arregimentadas por Beltrão foram desviados R$ 615 mil. Em depoimento prestado ontem à PF, ele admitiu ter feito o contato com as empresas e disse que agiu atendendo a um pedido feito por um dos filhos de Eduardo Martins Menezes, ex-chefe da contabilidade da Secretaria de Saúde, apontado como líder do esquema. Eduardo Menezes Filho é casado com Jeane Valério de Menezes. Na época do desvio, Jeane ocupava o cargo de secretária de Ação Social da Prefeitura de Feliz Deserto, e o marido, um cargo na Secretaria de Finanças do mesmo município. Daí a convivência diária de Moacir com os demais envolvidos, explicou o delegado André Costa, presidente do inquérito. Moacir Beltrão disse à PF que Eduardo Filho pediu que ele conseguisse as contas bancárias de dez empresas, para que ele recebesse através delas o dinheiro de uma herança. ### Beltrão admite ter recebido R$ 10 mil Segundo o delegado federal André Costa, Moacir Beltrão disse que conseguiu apenas oito das dez empresas. O acerto feito com Eduardo Filho era de que 5% do valor depositado nas contas seria dividido entre o próprio Eduardo, Moacir e o sócio da empresa que emprestou a conta, contou o delegado. Em 26 de outubro do ano passado, quando o Ministério Público Estadual descobriu o esquema de desvio, Moacir Beltrão depôs, admitiu participação e tomou a iniciativa de depositar numa conta aberta em favor da 3ª Vara da Fazenda Estadual onde tramita a ação civil contra os acusados os R$ 10 mil que disse ter lucrado com o esquema. Apesar disso, ele não fica livre do indiciamento e de responder por crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Entre os sócios das oito empresas, apenas um admitiu a existência do acordo. Eles disseram, no entanto, que em alguns casos, Moacir Beltrão prometia que o empréstimo da conta garantiria a prestação de serviços à Prefeitura de Feliz Deserto. Segundo o delegado, os donos das empresas Nascenge, Mercator, Ação Contruções, Inácio Teodoro, JC&B, ES Lisboa, Barros e Bezerra e J. Geraldo Embarcações não serão indiciados, porque não teriam sido encontrados indícios de que eles soubessem que o dinheiro era produto de crime. Depois de depositados nas contas das empresas, os recursos da Saúde foram transferidos eletronicamente para a conta de Jeane Valério de Menezes, esposa de Eduardo Menezes Filho e nora do principal operador do esquema, o ex-chefe de Contabilidade da Sesau, Eduardo Martins Menezes. JUSTIÇA O indiciamento de Moacir Beltrão de Araújo foi o último antes da conclusão do inquérito e remessa dos autos para a Justiça Federal, o que deve acontecer até a próxima sexta-feira. Outras oito pessoas foram indiciadas: Eduardo Martins Menezes, a mulher dele, Maria Auxiliadora Sobral Menezes, a ex-mulher, Maria Lúcia de Siqueira Silva, os filhos João Amaral Menezes Neto, Eduardo Menezes Filho e Bruno Sobral Menezes, e as noras Kimberly Lins Mendonça e Jeane Valério de Menezes. Segundo a investigação da PF, Menezes desviava recursos federais do Ministério da Saúde destinados à compra de medicamentos para as contas de seus parentes e empresas. O dinheiro era transferido com o uso de documentos apresentados por Menezes nos dois bancos, com assinaturas falsificadas do secretário-adjunto da Saúde, Jorge Villas Boas, e do diretor-administrativo Antônio Guedes, autorizando as transações bancárias. O processo de investigação do caso começou em julho de 2004, a partir de uma denúncia do então secretário da Saúde, Álvaro Machado, de um desfalque estimado, inicialmente, em R$ 500 mil. Com as investigações, chegou-se aos valores de R$ 3,6 milhões, sendo R$ 2,5 milhões desviados do Banco do Brasil e R$ 1,1 milhão da Caixa Econômica. À PF, Eduardo Menezes negou as acusações e disse ser vítima de um maníaco, que teria feito as transferências dos recursos para as contas de seus familiares.|LB