Política
Guabiru pode atingir 50 prefeituras

| PETRÔNIO VIANA Repórter As investigações realizadas pela Polícia Federal (PF) dentro da Operação Guabiru, deflagrada em Alagoas no dia 17 de maio, com a prisão de 31 acusados de desvio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para compra de merenda escolar no interior do Estado, resultaram no indiciamento de 54 pessoas, entre prefeitos, ex-prefeitos, secretários municipais e empresários. O prazo estabelecido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, em Recife, para apresentação da defesa dos acusados às denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) terminou ontem. A próxima etapa do inquérito principal da Guabiru é a análise dessas respostas pelo relator do processo, desembargador federal Marcelo Navarro, cujo voto será levado ao pleno do TRF que vai decidir se aceita ou não as denúncias feitas contra os envolvidos. Caso as denúncias sejam acolhidas, os acusados passarão a responder a processo criminal. Entretanto, as investigações da Guabiru não estão concluídas. É o que revela o superintndente em exercício da PF em Alagoas, delegado federal Arivaldo Menezes Marques. Nos últimos dias de investigação da Guabiru, em junho, a PF informou que o volume de dados recolhidos apontava para o envolvimento de quase 50 municípios no esquema de corrupção. De acordo com o delegado, os inquéritos filhotes da Guabiru continuam em andamento. São mais de 40 inquéritos onde, na maioria dos casos, cada prefeitura investigado responde a dois ou mais inquéritos. São inquéritos que seriam inconvenientes de serem tocados durante as investigações da Guabiru, disse. O delegado não quis fornecer números precisos sobre as investigações, mas contou que cerca de 50 agentes federais estão envolvidos e que dois delegados federais estão à frente dos trabalhos. Sobre os métodos que estão sendo utilizados nessa fase das investigações, Marques disse que a maior parte do trabalho está sendo feita com a análise dos documentos apreendidos, produção de provas e elaboração de laudos técnicos. Não estamos utilizando escutas telefônicas porque as gravações feitas antes são suficientes, explicou. O delegado disse ainda que não descarta a possibilidade de novos depoimentos, inclusive de pessoas que foram indiciadas ou prestaram esclareccimentos na primeira fase da operação. Segundo Arivaldo Marques, a PF continua recebendo denúncias sobre desvio de recursos federais, principalmente de prefeitos que desconfiam de irregularidades em administrações anteriores. O foco das investigações continua sendo a merenda escolar, mas existem denúncias de emprego irregular e desvio de verba federais de toda ordem, contou. O delegado preferiu não revelar se todas as prefeituras que foram investigadas nessa fase negociaram com as empresas de Rafael Torres, acusado de ser o líder da organização criminosa. Não existe prazo para a conclusão dos inquéritos.