Política
Homossexuais pedem sa�da de Zezito

| ODILON RIOS Repórter Entidades representativas dos homossexuais pediram ontem a exoneração do secretário de Defesa das Minorias, Zezito de Araújo. Elas acusam o secretário de privilegiar entidades negras na secretaria e deixar de lado as reivindicações de gays, lésbicas e transgêneros. O movimento está descontente, insatisfeito com a atuação do secretário e pedimos a substituição do secretário, que não tem atendido o movimento homossexual, disse o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros, Marcelo Nascimento. O movimento já fez uma constatação: políticas públicas para homossexuais não são prioridades para o governo Lessa, acusou Nascimento. De acordo com ele, a secretaria tem um único projeto, chamado Alagoas Sem Homofobia, que ainda não está em funcionamento. Os representantes pediram audiência com o governador Ronaldo Lessa (PDT), mas não foram recebidos. Zezito Araújo, que foi à reunião, foi informado do pedido de exoneração através da Gazeta. Declarando-se surpreso, revelou que a secretaria tem um orçamento mensal de R$ 13 mil. Temos tido grandes dificuldade neste sentido. O orçamento da secretaria é de R$ 13 mil. É pouquíssimo. Ele lembrou que a secretaria não está voltada apenas para os homossexuais, mas para todos os setores chamados de minorias. Um dos membros do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, José Roberto Camargo, que esteve ontem em Alagoas, demonstrou irritação quando foi informado que o orçamento da Secretaria de Defesa das Minorias é de R$ 13 mil. Isso é uma brincadeira. É fingir que existe. Por mais que se esforce, é só para dizer que tem. Existem casos semelhantes no Brasil: criam-se secretarias que não têm orçamento, reclamou. Falando da secretaria, Camargo afirmou que ela está um pouco desestruturada. Faltam recursos humanos, capacitação de pessoal. Isso o governo pode fazer, analisou Camargo. O órgão é ligado ao Ministério da Justiça e Camargo passou ontem por um vexame no Palácio Floriano Peixoto (ver matéria abaixo). O vice-governador Luis Abílio (PSB) disse que a saída de Zezito Araújo não foi cogitada, mas reconhecia que o orçamento da pasta é pequeno. Não temos dinheiro, disse. A Gazeta apurou que, além do orçamento considerado baixo, a secretaria está sem papel para fotocópia, falta papel higiênico e um único carro e motorista atendem a todas as minorias do Estado. Camargo veio a Alagoas para acompanhar o processo do ex-vereador de Coqueiro Seco Renildo José dos Santos, morto em 1992. Renildo foi castrado, torturado, decapitado e incendiado. Até hoje, o caso não chegou ao Tribunal do Júri. José Roberto Camargo veio conversar com o Judiciário e o Ministério Público Estadual. Ações na Justiça são difíceis de ser executadas. Parece que o cidadão negro ou homossexual é de segunda categoria, acusou. ### Vexame e protesto dentro do Palácio O clima deveria ser de tranqüilidade, mas, ontem pela manhã, no Palácio Floriano Peixoto, o governo enfrentou vexame e protesto, quando o governador Ronaldo Lessa (PDT) se recusou a receber as entidades representativas de homossexuais. A justificativa oferecida foi de que Lessa participava de uma reunião. A Gazeta apurou que o governador almoçava com os prefeitos de de São Miguel dos Campos (Rosiane Santos), Jaramataia (João Pinheiro), Branquinha (Dadado) e Coité do Nóia (Terezinha Barbosa). O assunto: sua eleição ao Senado e uma aproximação com os chefes de Executivo municipais. O vice -governador Luis Abílio (PSB) estava em outro local, não informado. As entidades que representam os homossexuais reclamaram: Vamos nos retirar. É desrespeitoso. Nem o governador nem o vice vem nos atender, disse o presidente da Associação Brasileira e Gays, Lésbicas e Transgênicos, Marcelo Nascimento. A reunião estava prevista para as 11 horas da manhã. Ao meio-dia, a única movimentação que se via era a do secretário de Defesa das Minorias, Zezito de Araújo, visivelmente constrangido após ser pedida sua demissão. Batucada na mesa Um dos membros do Conselho Nacional de Combate à Discriminação, José Roberto Camargo, afirmou que, se não fosse recebido pelo governador ou pelo vice, denunciaria o fato em relatório e o enviaria ao Ministério da Justiça. O Conselho é ligado ao Ministério. Outra membro, Yone Lundgren, aparentava revolta: Isso é uma falta de respeito. Estamos aqui há uma hora. Os movimentos gritavam e batiam na mesa de reuniões do Palácio: Lessa, cadê você? /Eu vim aqui só pra te ver. Alguns chegaram a ameaçar acampar no Palácio Já a secretária de Articulação, Fátima Borges, tentando contornar a situação, chamou outro secretário, o de Governo, Pedro Alves. Ele anunciou o encontro dos representantes de homossexuais com Abílio, às 16 horas. Com atraso de 20 minutos, o vice pediu desculpas três vezes e culpou o ruído de comunicação na agenda do governo. Os pontos de pauta discutidos, com o compromisso de serem cumpridos pelo governo estadual, foram: implementação do Programa Alagoas Sem Homofobia, um Centro de Atendimento a Grupos Vulneráveis, a criação da Coordenação de Livre Expressão Sexual e do Conselho Estadual de Combate à Discriminação. |OR