Política
C�cero Valentim � condenado a um ano

MAIKEL MARQUES Repórter Arapiraca - O juiz eleitoral João Luiz Azevedo Lessa acolheu parecer do promotor eleitoral Valter Omena e condenou a um ano de detenção o ex-deputado e ex-vereador José Cícero Valentim dos Santos. O político é acusado de distribuir terrenos clandestinos em Arapiraca em troca de votos que segundo os autos do processo teriam beneficiado, na eleição de 2002, o deputado estadual Gervásio Raimundo (PTB) e o suplente de deputado federal Jurandir Bóia (PDT). A sentença do magistrado responsável pela 22ª Zona Eleitoral data do dia 18 de agosto, mas só chegou ao conhecimento da imprensa ontem à tarde, quando o condenado compareceu ao cartório eleitoral para participar da audiência em que tomou ciência da pena alternativa, pelo fato de ser réu primário. Valentim ficará em liberdade sob duas condições: não pode se ausentar de Arapiraca por mais de 15 dias e, durante os próximos três anos, terá que se apresentar uma vez por mês ao juiz eleitoral. TELEFone da Câmara As denúncias de troca de terrenos por votos contra o ex-vereador Cícero Valentim vieram à tona no fim de 2001, quando a Gazeta publicou reportagem sobre um fato inusitado e audacioso: o então vereador, que era vice-presidente da Câmara Municipal de Arapiraca, utilizava o telefone da Câmara para fechar negócios através de sua imobiliária, a Nosso Lar, empresa naquele momento sem registro no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Na campanha de 2002, Valentim protagonizou mais um escândalo político. Segundo inquérito da Polícia Federal enviado ao Ministério Público (MP) de Arapiraca, Valentim criou mais um loteamento clandestino e repassou centenas de lotes a eleitores que prometessem votar nos então candidatos Jurandir Bóia (hoje suplente de deputado federal pelo PDT) e Gervásio Raimundo, deputado estadual (PTB). ### Juiz diz que político usou de má-fé contra eleitores pobres Os mais de 500 lotes foram doados em 2002 aos eleitores mediante assinatura de Cícero Valentim do compromisso de compra e venda. Três anos depois, os beneficiados continuam sem a posse dos imóveis porque não podem registrá-los. Em sua decisão, o juiz João Luiz de Azevedo Lessa afirma que Valentim sabia da comercialização clandestina. O réu utilizou de má-fé e muita esperteza para embair [enganar] as pessoas pobres, escreve o juiz João Luiz de Azevedo Lessa na sentença que condena o ex-vereador. Os depoimentos de Laelson Soares e Josefa Alves ambos vítimas do golpe eleitoral aplicado pelo político arapiraquense foram decisivos para sustentar a decisão do magistrado. As denúncias contra Cícero Valentim que construiu sua base eleitoral através da criação de loteamentos clandestinos contribuíram para que ele não conseguisse a reeleição no pleito de 2004. Cícero Valentim foi suplente de deputado estadual e chegou a exercer o mandato, na licença do titular. Ele já havia sido denunciado anteriormente por trocar votos por bicicletas sem selim ou por panelas de pressão sem tampa os acessórios só eram entregues depois da eleição. |MM