Política
Partidos apressam bases para 2006

| ODILON RIOS Repórter Os partidos políticos alagoanos apressam as bases no interior e na capital para a entrega, até o dia 14, da lista dos seus novos prefeitos, vereadores, deputados e filiados sem mandato. Eles poderão ou não concorrer às próximas eleições, mas terão um papel fundamental: atrairão eleitores para as chapas para deputado estadual e federal e, eventualmente, ao governo estadual. O PDT não fechou os números, mas enfrenta dois desafios: o primeiro é reverter a sentença que tornou seu principal membro, o governador Ronaldo Lessa, inelegível por três anos, por suposto abuso de poder político. Não se sabe se a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vai influir na entrada de mais membros no PDT. O segundo é a situação do presidente estadual da legenda, Geraldo Sampaio, ou seja, se fica ou sai da presidência da legenda. Neste caso, tudo pode ser resolvido esta semana, com a posição da Executiva Nacional. Segundo apuração da Gazeta, o prazo para a continuação de Sampaio na presidência ?caducou? e o PDT, com outros diretórios, deverá, até esta semana, analisar a substituição do presidente. Para o topo do partido, um nome já estaria acertado: o do governador. A Executiva Nacional silencia sobre a substituição. A história, porém, teria uma outra versão. Lessa estaria pressionando a Executiva Nacional porque tanto Sampaio quanto Lessa divergem quanto aos novos ?missionários? do PDT . Confusão como essa aconteceu há duas semanas, quando um prefeito do interior alagoano havia sido chamado por Sampaio para o PDT. Lessa reclamou, mas o chefe do Legislativo municipal de um dos principais colégios eleitorais do interior estava no PMDB. Aparentemente, o caso foi resolvido com um jantar entre Lessa e Sampaio. ### Em Guaxuma, o quartel-general de Lyra O quartel-general das empresas do deputado federal João Lyra (PTB), na Praia de Guaxuma, no norte de Maceió, virou o novo point de prefeitos e vereadores de todo o Estado, pelo menos para aqueles que caminham na direção política do deputado. No lugar, existe uma área específica chamada ?área política?, decidindo as estratégias políticas e de marketing de Lyra. Tudo é bem organizado, cada um tem função definida e tudo tem que passar pela decisão final do deputado. Funcionários do PTB revezam os horários. Pela manhã, reuniões em Guaxuma; à tarde, no PTB. A disciplina tem rendido, pelo menos nos números. O partido tem vinte prefeitos, doze vice-prefeitos, 120 vereadores, 3.500 filiados e 35 prefeitos votariam no deputado federal para o governo alagoano. Porém, a campanha de Lyra ainda não decidiu pelo nome do vice-presidente da Câmara dos Deputados, José Thomaz Nonô (PFL) para o Senado. A maior dúvida do PTB é uma possível aproximação, pelo menos nos bastidores, entre Lessa e Lyra, descartando Nonô para o Senado. PFL Até sexta-feira passada, o PFL não tinha um levantamento sobre os novos filiados de Nonô, mas uma reunião no mesmo dia representou o início de uma campanha mais agressiva na capital, por intermédio da vice-prefeita Lourdinha Lyra, e no interior, com deputados coordenados por Antônio Albuquerque, este tentando recuperar o prestígio perdido após a ascensão política do atual presidente da Assembléia, deputado Celso Luiz (PMN). Nos bastidores, Albuquerque rivalizará com Celso na criação de um chapão. PP e PT Apesar de o PP e o PT estarem envolvidos no suposto escândalo do mensalão, os horizontes dos partidos em Alagoas apontam para direções diferentes. O PT, próximo ao governo estadual; o PP, ao governo municipal. O PP faz parte da base de João Lyra e apoia o deputado para o governo. Seu presidente é o deputado federal Benedito de Lira. O PP tem cinco prefeitos e 74 vereadores em Alagoas. Não se sabe se negocia para a entrada de novos membros. O PT tem dois prefeitos e cinco vices. Vereadores são 23, além de 6.300 filiados em todo o Estado. Em novembro faz um ciclo de palestras para discutir as conjunturas nacional e estadual. Estuda uma possível aliança com o PMDB ou o PSB, excluindo o PDT. Motivo óbvio: ambos estão de lados opostos no contexto nacional. Porém, no mesmo governo pedetista alagoano, os petistas têm duas secretarias (Direitos Humanos e Emprego e Renda) e um órgão de administração indireta, a Fapeal. |OR ### Celso Luiz tem mais de 20 prefeitos Nas contas do PMN, partido do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Celso Luiz, estão mais de vinte prefeitos, ainda não revelados, mas que podem dar suporte ao projeto de Celso, que é sentar na cadeira de governador no Palácio Floriano Peixoto. Segundo o ex-presidente do partido, Ildo Rafael, ?Celso é candidato, independentemente da circunstância?. O recado é claro: com ou sem o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB). Nos bastidores, porém, prevalece a conjuntura política: se Renan sair candidato, Celso pode ser o escolhido para a cadeira de vice; se o deputado federal João Lyra (PTB) mantiver o propósito de ser governador alagoano, o vice poderá ser Celso. As negociações acontecem freneticamente, sem, no entanto, ?rachar? com as orientações do governador Ronaldo Lessa (PDT). Ainda sem números fechados, o PMN tem a perspectiva de conseguir 100 vereadores até o dia 14 de outubro e 5.000 filiados. PSB E PPS O PSB alagoano, depois de perder quase todos os seus membros, como Lessa e o vice-governador Luiz Abílio, ainda faz as suas contas. Também não tem números definitivos, nem arrisca palpites. Porém, flertes entre PPS e PSB, antes ferrenhos rivais, começaram a acontecer. A presidente estadual do PSB, Kátia Born, nega, mas um dirigente do PPS confirma. O PPS tem definidos cinco prefeitos, nenhum vice, mas faz planos de ter 20 candidatos à Assembléia Legislativa. Para federal, o deputado Rogério Teófilo e o secretário municipal de Educação, Regis Cavalcante. Para o governo estadual, conversa com o deputado João Lyra (PTB), com a senadora Heloísa Helena (P-SOL) e o ex-inimigo, o governador. Para tratar com o governador, espera apenas um chamado de Lessa. Esta situação praticamente antecede um congresso nacional do PPS, que será ano que vem, e vai tratar de uma possível aliança entre PPS e PDT nacionalmente. Os dois partidos, aliás, ensaiaram uma fusão nacional no ano passado. |OR ### PSDB depende de Renan; PMDB parado O PMDB alagoano ainda vive clima de indefinição sobre uma possível (ou não) candidatura do presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros, ao governo estadual. Fato é que Renan, ao contrário do que se pode pensar, acompanha a movimentação da sede alagoana, além de acumular a presidência estadual do PMDB, mas a legenda anda parada, pelo menos nas negociações para o ingresso de novos membros. O partido tem 17 prefeitos, e os números sobre vereadores ou filiados estão sendo levantados. Vai aguardar até o dia 14 de outubro para as últimas definições. Renan pode ser candidato a vice-presidente da República, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar das críticas dirigidas ao governo federal ? e não ao presidente ? sobre a burocracia no Congresso. Se ainda não definiu seu destino político, em Alagoas, pelo menos, a vaga de vice é objeto de disputa entre PMN e PSDB. O placar da guerra é desconhecido. PSDB Entre os tucanos, são doze prefeitos, treze vices, 115 vereadores e doze mil filiados, destaque para a capital (2.300 na sigla) e Arapiraca (1.000). Segundo o secretário regional do PSDB, Claudionor Araújo, o partido trabalha com duas opções: a primeira, ocupar a cadeira de vice em uma chapa com o PMDB; a segunda, lançar candidatos próprios ao governo. Dois estão no páreo. A ex-prefeita de Arapiraca, Célia Rocha, ensaia candidatura ao Senado. Sobre o PDT, diz Claudionor: ?Desta água não beberei?. E o PT? ?A única certeza é que não vamos fazer aliança com o PT?. P-SOL O PSOL trouxe semana passada a possibilidade, cada vez mais próxima, porém nebulosa, de comandar a candidatura da senadora Heloísa Helena à Presidência da República. Nas pesquisas encomendadas pelo Ibope, a senadora tem 10% a 12%. Se disputar a presidência, Heloísa pode aumentar a bancada federal e nos estados, dos ?psolistas?. Porém, em Alagoas, PPS e PDT discretamente tentam uma aproximação política com Heloísa. De acordo com o presidente estadual do P-SOL, Mário Agra, o campo de alianças ainda não é definido, mas ele descarta PTB e PFL, exatamente as siglas ligadas ao PPS no município. OR
