Política
Ministro do STJ critica o Congresso

| ODILON RIOS Repórter As denúncias de corrupção no Congresso Nacional têm deixado pelo menos uma impressão no ministro alagoano do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Humberto Gomes de Barros: entre alguns parlamentares se espalhou a broca, praga que destrói lavouras de café, mas ela tem trazido reações de indignação no povo brasileiro, só que em uma estrutura ainda viciada, na visão do ministro. A mudança tem que ser cultural. A própria evolução, a distância da ditadura, o ambiente de democracia está começando a curar. Tem quadros ali que são bichados, deu broca. Não tem mais jeito, ressaltou. Ele criticou ainda as emendas constitucionais. Fala-se em alterar a Constituição para aumentar prazos. Acho isso muito mau. Estamos viciados em não ter a Constituição como algo sólido, algo permanente. Se a Constituição nos incomoda, mexemos nela. O ministro alagoano está em Alagoas para o lançamento do seu livro As Pernas da Cobra, na Academia Alagoana de Letras, Centro da capital, hoje às 20 horas. O evento trará ao Estado outros ministros do STJ. Gomes de Barros está no STJ há 14 anos. Ele observa que a imprensa tem evitado que a pizza esquente. Mas critica a relação entre o Poder Executivo e Legislativo; este último, para o ministro, um meio poder, lembrando a eleição do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Veja-se agora, nestas eleições, o presidente da República faz, deixa o Congresso funcionar, trava o funcionamento, bastando emitir uma medida provisória. E quando não ele vai e influencia, dá ordens nos deputados. Isso me parece extremamente anormal e com isso temos sofrido. O ministro também criticou a Justiça, chamando-a de lenta. Mas os membros do Judiciário não seriam os culpados deste processo, e sim a lei. Para conseguir uma indenização por uma batida de automóvel, a vítima é obrigada, na maioria das vezes, a ir três vezes ao juiz para conseguir três sentenças, apontou. Nos Estados Unidos, basta uma sentença e o juiz determina que se pague. Se não pagar, é desobediência, e além disso o bem dele é penhorado, detalhou.