Política
Dire��o assume Casal sob investiga��o

| ODILON RIOS Repórter Depois da polêmica em torno do suposto roubo dos tubos da adutora de Belo Monte-Jacaré dos Homens e da queda da diretoria da Companhia de Abastecimento dÁgua e Saneamento de Alagoas (Casal), que encaminhou documento ao Ministério Público Estadual solicitando investigação e acabou exonerada por isso a nova direção da estatal assumiu ontem à tarde, sem a presença do novo presidente, Jorge Briseno. Segundo o secretário de Administração, Valter Oliveira, Briseno estava na Europa e hoje ele vai ocupar o cargo na Casal. Porém, por volta das 16 horas, ele apareceu na reunião e assinou o termo de posse. Segundo a assessoria da empresa, Briseno vai se inteirar da situação para conversar com a imprensa. A reunião e posse da nova diretoria aconteceram durante reunião do Conselho Administrativo da empresa. A imprensa não pôde acompanhar a cerimônia. O ex-presidente da Casal, Marcos Carnaúba, não foi localizado pela reportagem no prédio-sede da companhia, no Centro, onde ocorreu a posse. Além de Carnaúba, a mudança na Casal também atingiu diretor financeiro da companhia, Dgerson Vieira Rocha, e o diretor administrativo, Vorney Mendes. O engenheiro civil José Maurício assume a diretoria administrativa e o ex-diretor do Laboratório Farmacêutico de Alagoas (Lifal), Carlos Chagas, será o diretor-financeiro, no lugar de Dgerson. Todos foram exonerados por ordem do governador Ronaldo Lessa (PDT). Oliveira reiterou ontem que o governo determinou a apuração sobre o suposto roubo da tubulação no sertão, mas evitou apontar culpados. Quem vai dizer da legalidade ou não é o Ministério Público. Não posso duvidar da palavra de nenhuma pessoa, explicou. Para o ex-presidente da companhia e atual secretário de Infra-Estrutura, Fernando Souza, a venda dos tubos da adutora foi uma operação legal; já o também ex-presidente da Casal, Marcos Carnaúba, garante que a venda foi ilegal. O clima de confusão não era diferente nos corredores da companhia, ontem pela manhã, conforme constatou a Gazeta. O clima na Casal era de apreensão e os funcionários pouco ou nada falavam sobre as trocas na cúpula da companhia. O comentário mais comum era a suposta extinção da empresa, mas o governo garante que a companhia será saneada e terá uma administração em conjunto com o Sindicato dos Urbanitários, que representa os trabalhadores da estatal. O que mais chama a atenção são os números da companhia: um prejuízo de R$ 692.791.508, processos judiciais cíveis, trabalhistas e tributários que totalizam R$ 171.393.517. A companhia só atende 77 dos 102 municípios. ### Assessoria do MPE apura suposto roubo O procurador-chefe do Ministério Público Estadual (MPE), Coaracy Fonseca, estava despachando ontem na sede do MPE, depois de retornar de uma viagem a Minas Gerais, onde participou de um congresso. Ele disse que a representação movida pelo ex-presidente da Casal, Marcos Carnaúba, está sendo analisada pela assessoria jurídica do MPE para depois se decidir o encaminhamento a ser dado para a documentação. Feita após sindicância, a representação acabou gerando a queda do presidente Marcos Carnaúba e mudanças na direção da companhia. Uma história, duas versões Com duas versões diferentes sobre o sumiço dos tubos de ferro fundido, de 450mm de espessura e sua substituição por tubos de 100mm, com quatorze quilômetros, na representação enviada ao MPE, estão contidos nomes de funcionários da empresa que supostamente participaram do também suposto roubo dos tubos na adutora Belo Monte-Jacaré dos Homens. Segundo o ex-presidente da Companhia, Marcos Carnaúba, a decisão de venda das tubulações, feita em março passado, aconteceu sem o conhecimento da Assembléia Geral dos Acionistas da Casal. O presidente da Casal na época e atual secretário de Infra-Estrutura, Fernando Souza, nega a versão. Segundo declarou no dia 8, os tubos da adutora foram leiloados porque parte deles estava inservível. Nas investigações, estão de fora um dossiê que acusaria o antigo gestor da companhia, Fernando Souza, de fazer supostos gastos excessivos na Casal, em diárias ou estadias em hotéis caros. Gastos que, segundo o Sindicato dos Urbanitários, responsável pelo documento, aconteceram sem nenhuma preocupação com a ética e a boa gestão do dinheiro público.|OR ### Paulão condena demissão de Carnaúba PETRÔNIO VIANA Repórter O deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), declarou ontem considerar injustas as demissões do ex-presidente da Companhia de Abastecimento dÁgua e Saneamento de Alagoas (Casal), Marcos Carnaúba, e do diretor-financeiro da estatal, Dgerson Vieira Rocha, pelo governador Ronaldo Lessa. As demissões teriam sido provocadas pelas possíveis irregularidades na venda de tubulações da adutora Belo Monte-Jacaré dos Homens. O deputado já foi presidente do Sindicato dos Urbanitários, que congrega os funcionários da Chesf, Casal e Ceal. Há um sentimento de fazer mudanças constantes na direção da Casal como se fosse a solução. A partir do momento em que Marcos Carnaúba recebeu as informações, tomou o procedimento correto para não prevaricar como gestor público: solicitou a abertura de procedimento administrativo no Ministério Público Estadual, avalia Paulão. O deputado faz questão de ressaltar que o substituto de Carnaúba, Jorge Briseno, é uma pessoa também muito séria, mas que a mudança não será a solução para os problemas da Casal. Briseno foi vice de Paulão no Sindicato dos Urbanitários. Na avaliação do deputado, o maior problema da estatal diz respeito à ausência de investimentos públicos. Nesse sentido, Paulão critica a atuação de governos anteriores e da atual bancada federal de Alagoas. Os governantes pouco investiram e sempre usaram a Casal como instrumento em troca de votos. Na minha visão, faltou também uma ação mais articulada, com mais responsabilidade, da bancada federal, que não jogou recursos para melhorar a situação hídrica do Estado, reclama. O deputado se diz preocupado ainda com a possibilidade de criação de uma empresa municipal de fornecimento de água em Maceió. O prefeito Cícero Almeida [PTB], com o apoio do deputado federal João Lyra [PTB], está querendo criar uma empresa de água municipal, preparar essa empresa e privatizá-la. Eu considero isso um crime. Se for criada essa empresa municipal de água, que é idéia do João Lyra, será a pá de cal que faltava para a falência da Casal, observa. Paulão não acredita que o caso da adutora Belo Monte-Jacaré dos Homens esteja sendo usada em uma ação política para prejudicar o governo estadual, como afirmou o ex-presidente da Casal, Fernando Souza.